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Na Itália, mãe raspa cabelo de jovem que não queria usar véu

31/03/2017 14h54

BOLONHA, 31 MAR (ANSA) - Os serviços sociais de Bolonha e a Procuradoria para menores da cidade italiana tiraram a guarda de uma adolescente de 14 anos e suas duas irmãs da família nesta sexta-feira (31) após a escola denunciar que a mãe dela raspou a força o cabelo da jovem.   

Tudo começou nesta quinta-feira (30), quando a menina contou aos amigos e aos professores porque estava com os cabelos raspados.   

Segundo a jovem, a mãe passou a máquina no cabelo dela porque ela se negava a usar o véu islâmico enquanto estava longe dos pais. Após o relato dela, a diretoria da escola em Bolonha denunciou os pais delas à polícia e tanto ela, como as irmãs, foram afastadas do convívio da família.   

Ainda ontem, tanto o pai como a mãe foram notificados pela Justiça italiana por maus tratos e violência psicológica, já que ela afirmou que seus pais nunca a agrediram. Também as duas irmãs, que são mais velhas que a adolescente, relataram que os pais as proibiram de sair de casa desacompanhadas ou de ter contato com qualquer homem que não foi o pai.   

A família é proveniente de Bangladesh, mas há anos mora na Itália. A adolescente inclusive, segundo a escola, possui boas médias e sempre foi uma boa aluna.   

Para o coordenador da comunidade islâmica de Bolonha, Yassine Lafram, não há nada de religioso no ato cometido pela mãe da adolescente. "Para a tradição islâmica, qualquer forma de imposição torna o ato inválido", disse Lafram à ANSA.   

O coordenador informou que todas as "regras" do Islã, desde o jejum do Ramadã até fazer a peregrinação em Meca "entram por uma liberdade de escolha da pessoa, ninguém pode impor, religiosamente falando".   

"Aqui, nós estamos fora do religioso. É um fato que é enquadrado em um código cultural particular e errado. É preciso ajudar os familiares, incluindo a mãe dela, para entender o que há em fazer esse gesto. É muito fácil condená-la e massacrá-la na mídia", disse ainda Lafram ressaltando que "como pai, devo orientar meus filhos, mas não tenho o dever de obrigá-los".   

(ANSA)
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