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Como são feitas as operações de resgate no Mediterrâneo?

06/07/2017 19h02

SÃO PAULO, 06 JUL (ANSA) - Entre os dias 1º de janeiro e 6 de julho de 2017, 85.150 pessoas socorridas no mar Mediterrâneo Central desembarcaram em portos italianos, um crescimento de 14,42% em relação ao mesmo período do ano passado.   

Mas como são realizadas essas operações de resgate? Quem decide qual navio fará o salvamento? Veja abaixo como funciona o sistema "busca e socorro" ("SAR", na sigla em inglês) implantado pela Itália no trecho de água que a separa da Líbia.   

Centro de coordenação - As operações de socorro são guiadas pelo Centro de Coordenação de Resgate Marítimo (MRCC) da Guarda Costeira em Roma. A sala operacional fica na sede do Ministério de Infraestrutura e Transportes, na capital italiana, a mais de 900 km da Sicília, onde desembarca a maioria dos migrantes.   

É ali, uma vez recebido um alerta de barco em perigo, que se estabelece quem agirá. Em 2016, o MRCC de Roma coordenou 1.424 intervenções "SAR", alta de 52% em relação a 2015. No total, foram resgatadas 178.415 pessoas, sendo 46.796 por navios de ONGs, 36.084 pela Marinha Militar, 35.876 pela Guarda Costeira, 22.885 pela missão naval europeia no Mediterrâneo, 13.888 por embarcações mercantis e 13.616 pela Agência Europeia da Guarda de Fronteiras e Costeira (Frontex).   

Os 9.270 migrantes restantes foram salvos por navios ou barcos que não entram em nenhuma dessas categorias. O período mais delicado foi entre 28 e 31 de agosto, quando o MRCC romano coordenou 112 operações, nas quais foram socorridos 13.762 indivíduos.   

Iniciando uma operação de resgate - O pedido de socorro pode ser feito pelos próprios migrantes - caso tenham um telefone via satélite -, pelos navios empenhados no patrulhamento da costa da Líbia, por embarcações mercantis, de lazer ou de reboque em trânsito pela região e até mesmo por familiares de pessoas que viajam nos barcos em perigo.   

Em 2016, os navios de ONGs avistaram 30,3% dos barcos de migrantes que não tinham comunicação via satélite. Em geral, as pessoas que partem da Líbia já possuem os números das capitanias dos portos sicilianos, que, por sua vez, direcionam as chamadas para Roma.   

Recebido o aviso, a central coleta uma série de informações, valendo-se inclusive de intérpretes: a posição do barco ou do bote, seu estado (se está afundando, por exemplo), a situação sanitária a bordo e as condições climáticas e marinhas. Neste momento, é declarado um "evento SAR", e o MRCC pede para a unidade mais próxima se dirigir à zona da emergência.   

Frequentemente, esse papel cabe a navios mercantis, que são obrigados por tratados internacionais a responder a pedidos de socorro de maneira afirmativa.   

Permissão para atracar - Uma vez que os migrantes estão a bordo do navio de socorro, passa-se à segunda fase do resgate.   

Mulheres, homens e crianças recebem itens de primeira necessidade, inclusive cobertores térmicos e roupas secas.   

Muitas embarcações contam com equipes médicas, que fazem exames superficiais.   

Nos meios da Guarda Costeira e da Marinha Militar, é realizado também um controle de segurança para tentar identificar possíveis traficantes de seres humanos. Concluído o "evento SAR", a embarcação recebe da central operacional a indicação do porto onde atracar, mas essa escolha cabe ao Ministério do Interior, que tem a responsabilidade de distribuir os migrantes pelo território italiano. (ANSA)
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