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Rússia não tem motivos de ajudar direita na Itália, diz jornal

02/03/2018 07h45

ROMA, 2 MAR (ANSA) - A Rússia pode não ter interferido nas eleições legislativas da Itália para beneficiar a extrema direita conforme denunciado ontem (1) pelo jornal espanhol "El País", porque os partidos que podem vencer o pleito são vistos de uma maneira positiva por Moscou, defendeu um artigo publicado no "New York Times" nesta sexta-feira (2).   

De acordo com a publicação, a Itália já é hoje um dos países mais "pró-russos" da Europa, tendo em vista que qualquer sanção contra o governo de Vladimir Putin no que diz respeito à conquista de terras na Ucrânia podem prejudicar os parceiros comerciais italianos.   

Ainda de acordo com o "NYT", Putin se baseia em sua longa amizade com o ex-primeiro-ministro Silvio Berlusconi, do partido Força Itália (FI), enquanto o eurodeputado da Liga Norte, Matteo Salvini, repetidamente já disse que "admira" o líder russo por ser um "homem de governo que defende os interesses de seu povo".   

Até mesmo uma possível vitória do Movimento 5 Estrelas pode ser positiva para o Kremlin, principalmente, pelo ceticismo em relação à zona do euro do partido e as diversas críticas realizadas contra a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e a União Europeia (UE) sobre a questão ucraniana.   

No entanto, para o jornal norte-americano, uma possível vitória da maior legenda política da Itália, o partido Democrático, liderado pelo ex-premier Matteo Renzi seria uma "boa opção".   

Inclusive, antes de renunciar ao cargo depois do referendo, Renzi denunciou a interferência russa, mas teve cuidado para expor o caso antes da votação política. Segundo o diretor do Laboratório de Pesquisa Forense Digital no Conselho do Atlântico em Washington, Maksymilian Czuperski, até o momento "ninguém viu nada de concreto para sugerir uma interferência russa na Itália".   

Czuperski está monitorando as eleições italianas, que acontecem no próximo domingo (4) para ver se há alguma manipulação ou interferência online. "Eles não precisam necessariamente fazer", acrescentou. Ontem (1), a três dias das eleições, o "El País" acusou mais uma vez os russos de tentarem fortalecer grupos eurocéticos na União Europeia favorecendo os partidos de extrema direita da Itália. De acordo com o jornal, nos últimos meses foram realizadas "campanhas de desinformação sobre a situação migratória na Itália, com o objetivo de impulsionar partidos radicais" em vista do pleito desta semana. (ANSA)
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