Bolsonaro sinaliza visita à Itália no dia da comemoração da derrota nazista
O presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, sinalizou que pode visitar a Itália no próximo mês de maio, em uma entrevista a um programa de televisão italiano que foi ao ar na noite de ontem (15).
Interrogado pelo jornalista Bruno Vespa, do programa "Porta a Porta", da RAI, Bolsonaro falou sobre a prisão de Cesare Battisti e sobre a possibilidade de visitar a Itália, recordando que seus avós são originários de Lucca, na Toscana.
"Temos uma data importante: 8 de maio, Dia da Vitória", disse o presidente Bolsonaro, referindo-se à data em que se comemora a vitória dos aliados sobre a Alemanha nazista.
Na entrevista, Bolsonaro contou que conversou com membros do governo italiano, como o premiê Giuseppe Conte e o vice Matteo Salvini, e demonstrou seu interesse em participar das celebrações de 8 de maio. Ele também ressaltou que seria a primeira vez que visitaria Lucca.
"Ele será recebido com o respeito devido. Mas ressalto que as ideias políticas do presidente do Brasil não são as nossas", disse hoje (16) o prefeito de Lucca, Alessandro Tambellini, do opositor Partido Democrático (PD).
"A nossa dimensão política não deverá ser atenuada nem confundida com o fato de acolher um chefe de Estado do qual conhecemos ideias e posições políticas muito distante das nossas", pontuou o prefeito. Segundo Tambellini, até o momento ele não recebeu "nenhuma notícia do Ministério das Relações Exteriores" sobre a possível visita de Bolsonaro.
"Obviamente esperamos mais informações para conhecer o eventual programa de visita do presidente Bolsonaro na Itália", afirmou. "Bolsonaro é o chefe de Estado de um grande país da América Latina com o qual, historicamente, temos relações. Estamos prontos para respeitar o dever institucional em relação a um chefe de Estado cuja família tem origens em Lucca. Porém, quero ressaltar que as diferenças políticas existem entre os nossos governos", criticou.
Entrevista
A entrevista para a RAI foi a primeira de Bolsonaro a uma emissora estrangeira desde que tomou posse, em 1 de janeiro.
O programa foi veiculado um dia após Cesare Battisti voltar à Itália para cumprir sua pena. O italiano viveu anos no Brasil, onde conseguiu refúgio no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
No entanto, na Itália, ele é considerado terrorista e foi condenado à prisão perpétua por quatro assassinatos cometidos na década de 1970. "Estou muito feliz por poder colaborar com todos os cidadãos de bem da Itália e do Brasil para que Battisti pudesse sair daqui e pagar a sua pena", disse.
"Éramos favoráveis à extradição, mas, Infelizmente, o governo Lula decidiu mantê-lo aqui", ressaltou Bolsonaro na entrevista. O presidente brasileiro vive uma espécie de lua de mel com o vice-premiê italiano, Matteo Salvini, desde que foi eleito. Ele vinha prometendo entregar Battisti como "presente" ao italiano.
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