Em briga com Macron, Turquia pede boicote de produtos franceses
O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, voltou a atacar hoje o seu homólogo francês, Emmanuel Macron e pediu que as nações islâmicas "não comprem mais produtos franceses".
"Os responsáveis políticos europeus devem parar a campanha de ódio feita por Macron. Na Europa, os muçulmanos estão sofrendo uma campanha de linchamento similar àquela dos judeus antes da Segunda Guerra Mundial", disse Erdogan reclamando que a "islamofobia" é como uma "peste nos países europeus".
"Faço apelo à chanceler [Angela] Merkel. Se vocês têm liberdade de religião, como que foram quase 100 ataques contra mesquitas? Vocês são os verdadeiros fascistas, são os herdeiros dos nazistas", acusou ainda.
A revolta da Turquia, assim como de outros países que possuem governos islâmicos, veio após um discurso de Macron em que o presidente defendeu a liberdade de expressão - em uma referência que esses políticos entenderam como uma liberação de quadrinhos que "ataquem" os islâmicos, como no caso do jornal satírico "Charlie Hebdo".
A fala do presidente francês ocorreu por conta de uma homenagem ao professor de história Samuel Paty, decapitado por um islamista no dia 16 de outubro, após ter debatido em sala de aula temas referentes à liberdade de expressão e mostrado charges que ridicularizavam Maomé.
No entanto, líderes europeus reagiram às acusações de Erdogan e apoiaram o chefe do Palácio do Eliseu.
"As palavras são difamatórias e absolutamente inaceitáveis", disse o porta-voz de Merkel, Steffen Seibert, em sua coletiva diária com os jornalistas.
"A União Europeia fixou um quadro de trabalho e um término, em dezembro, para a reflexão e a avaliação das ações da Turquia, antes de anunciar uma conclusão. Nessa rodada de trabalho, está também prevista a estrada positiva do diálogo e, no momento, essa permanece a rota mesmo com os comentários do presidente Recep Tayyip Erdogan sobre Emmanuel Macron, ligados às vinhetas de Maomé", disse o porta-voz do Serviço Europeu para Ação Externa, Peter Sano.
Já o porta-voz da Comissão Europeia, Eric Mamer, "uma coisa é a reação imediata de apoio" a Macron, e outra coisa é a "reflexão a longo prazo".
Moeda despenca
Além da briga com Macron, que vem se estendendo já há alguns meses, Erdogan tem causado outros focos de conflitos com membros da União Europeia, como no caso da disputa pela extração de combustíveis fósseis no Mediterrâneo Oriental com a Grécia e o Chipre, e também com a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).
Por conta das constantes tensões, a lira turca - a moeda oficial do país - bateu um recorde negativo nesta segunda-feira. A moeda superou as 8 liras turcas por US$ 1 e também chegou a 9,5 liras turcas por euro. Ainda, segundo especialistas, a queda leva também em conta a decisão do Banco Central de manter as taxas de juros invariáveis.
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