Ex-garota de programa relata pressão de Berlusconi
Uma das mulheres que participavam das noitadas nas mansões de Silvio Berlusconi relatou ter recebido pressões do ex-primeiro-ministro da Itália.
Barbara Guerra era frequentadora assídua do chamado "bunga-bunga", apelido dado pela imprensa italiana às festas de Berlusconi, e teria recebido mesada do ex-premiê para mentir em depoimentos à Justiça.
Há duas semanas, Guerra participou de uma audiência em um dos processos contra Berlusconi por corrupção de testemunhas e disse que sentia vontade de "rir" quando ouvia que as festas na casa do líder conservador eram "jantares elegantes".
"Um dia depois da minha presença no tribunal, recebi um telefonema de Berlusconi me convidando para ir a Arcore [cidade nos arredores de Milão onde ele reside]. Eu neguei o convite e disse que, se quisesse, ele poderia contatar meus advogados. Os tons não eram muito amigáveis", relatou Guerra ao chegar para uma nova audiência do processo em Milão nesta quarta-feira (20).
Tanto a ex-garota de programa quanto Berlusconi são réus nesse caso, que foi apelidado na Itália de "Ruby ter". "A conversa durou 10 minutos. Depois, na audiência com os magistrados, vou comentar sobre esse telefonema", acrescentou Guerra.
Ela alega nunca ter aceitado dinheiro de Berlusconi e que é uma "vítima". O processo é desdobramento do caso "Ruby", no qual o ex-premiê foi absolvido dos crimes de prostituição de menores e abuso de poder.
O nome "Ruby" faz referência à modelo ítalo-marroquina Karima el Mahroug, pivô do escândalo sexual que abalou a imagem de Berlusconi. Entre 2010 e 2014, ele teria gastado mais de 10 milhões de euros para manipular testemunhas em seus julgamentos, segundo o Ministério Público.
Além do processo em Milão, o ex-premiê é réu por corrupção de testemunhas em casos que correm paralelamente em Roma e Siena - nesta última, o julgamento já está perto da divulgação da sentença.
A defesa de Berlusconi vem tentando protelar esses processos com seguidas internações hospitalares, o que fez o Tribunal de Milão determinar, em setembro passado, a realização de uma perícia médica para avaliar as reais condições de saúde do ex-premiê.
Berlusconi, no entanto, se recusou a passar por uma análise independente e disse que o processo poderia continuar, mas sem sua presença.
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