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Milhares protestam na Índia pedindo proteção às mulheres após caso de estupro coletivo

Caixão com o corpo da estudante indiana que foi vítima de um estupro coletivo em Nova Déli deixa a funerária em Cingapura, onde ela ficou internada - Edgar Su/Reuters
Caixão com o corpo da estudante indiana que foi vítima de um estupro coletivo em Nova Déli deixa a funerária em Cingapura, onde ela ficou internada Imagem: Edgar Su/Reuters

29/12/2012 16h43

Milhares de pessoas participaram de manifestações pacíficas neste sábado (29) em diversas cidades da Índia para para exigir do governo maior proteção para mulheres.

Os protestos ocorrem após a morte de uma jovem que estava internada em um hospital após ser vítima de um estupro coletivo em um ônibus em Nova Déli.

A mulher, uma estudante de medicina de 23 anos que não foi identificada, morreu hoje em Cingapura. Ela estava internada desde 16 de dezembro, quando ocorreu o ataque.

Protestos, caminhadas e vigílias noturnas ocorreram em diversas localidades, entre elas Nova Déli, Calcutá, Mumbai e Bangalore.

Segundo o correspondente da BBC Sanjoy Majumder, as manifestações deixaram de se referir apenas ao caso da estudante, passando a questionar como país trata as mulheres de forma geral.

Em Nova Déli, mais de 4.000 pessoas se reuniram no observatório Jantar Mantar para se manifestar.

De acordo com Majumder, a área é uma das únicas onde é permitido protestar na cidade.

Na região central de Nova Déli, reuniões de mais de cinco pessoas foram proibidas. A medida foi uma reação das autoridades a uma onda de protestos de rua violentos - deflagrados pelo estupro coletivo da estudante.

A segurança também foi reforçada nas proximidades de prédios públicos e tropas de controle de multidões ficaram de prontidão na cidade.

Mesmo assim, milhares de manifestantes fizeram uma marcha silenciosa pela cidade.

Um dos manifestantes, Poonam Kaushik, atribuiu o ataque à "ineficiência do governo em garantir a segurança das mulheres em Nova Déli". Ele disse ainda que a morte da estudante deve gerar "ainda mais ódio".

Uma faixa levada por manifestantes dizia aos políticos: "não queremos suas condolências. Não queremos seus sentimentos falsos! Exigimos ação imediata por leis mais duras contra agressões sexuais".

Uma ministra do governo, Sheila Dikshit, descreveu o episódio como "um momento verhgonhoso" para o país. Ela tentou falar com os manifestantes, mas foi vaiada.

Também houve reações negativas na mídia local. Em um editorial, o jornal Times of India pediu mudanças amplas na sociedade e lembrou que a violência contra mulheres ocorre tanto nas ruas como em suas próprias casas.

Agressões

A equipe do Hospital Mount Elizabeth, em Cingapura, onde a jovem estava internada, disse que ela ''faleceu em paz'', neste sábado, tendo sua família a seu lado.

Seu quadro era extremamente delicado. Ela sofreu uma parada cardíaca, uma infecção no pulmão e no abdômen, além de dano cerebral.

Após ir ao cinema, a jovem havia pego um ônibus com um amigo para chegar à região de Dwarka, no sudoeste de Nova Déli.

Dentro do ônibus foi violentada durante uma hora por diversos homens. Depois, ela e o amigo foram espancados com barras de ferro e lançados para fora do ônibus nus e com o veículo em movimento.

Seis homens presos sob suspeita de participação no crime são agora acusados de homicídio.

Desde a agressão no ônibus, autoridades do país têm feito anúncios sobre medidas destinadas a tornar Nova Déli mais segura para mulheres.

Elas incluem a intensificação de patrulhas policiais durante a noite, inspeções em ônibus e a proibição de que esses veículos circulem com janelas pintadas ou cobertas por cortinas.

O governo disse ainda que publicará na internet os nomes, fotos e endereços de condenados por estupro.

As autoridades criaram ainda dois comitês. Um deles acelerará julgamentos de casos de violência sexual contra mulheres. O outro investigará as falhas que possibilitaram o estupro coletivo do dia 16.

A imposição da pena de prisão perpétua para estupradores chegou a ser proposta pelo governo, mas os manifestantes estão exigindo a pena capital.