Após ajudar a interromper Brexit, brasileiro diz ter recebido ameaças
O cabeleireiro brasileiro Deir dos Santos, um dos autores do processo contra o governo britânico no caso do Brexit, disse ter recebido ameaças de morte depois de a Alta Corte do Reino Unido ter decidido na quinta-feira (3) que o país não poderá iniciar o processo de saída da União Europeia sem aprovação do Parlamento.
Deir, que é cidadão britânico, nasceu no Rio de Janeiro e, segundo seus representantes, não está falando com a imprensa por causa das intimidações.
O advogado David Greene, que o representa na ação, disse à BBC Brasil que, apesar de "perturbadoras", as ameaças não serão registradas oficialmente porque seu cliente resolveu ignorá-las.
"Toda a questão do Brexit despertou reações incandescentes e muitas pessoas têm sentimentos muito fortes em relação à isso", explicou Greene, cuja firma, a Edwin Coe, assumiu a ação sem cobrar taxas legais de Deir.
"No entanto, isso não significa que pessoas exercendo seu direito democrático devem ser sujeitas a abuso e ameaças."
Por causa das reações inflamadas, muito pouca informação sobre Deir foi divulgada - seu advogado não quis detalhar de que parte do Rio de Janeiro o brasileiro vem, há quanto tempo está no Reino Unido ou como conseguiu a cidadania britânica.
O pouco que se sabe sobre o cabeleireiro é que ele votou a favor do Brexit, algo citado por Green na quinta-feira quando leu, no lado de fora da Alta Corte, um pronunciamento do brasileiro.
"De fato eu votei a favor do Brexit no plebiscito, pela simples razão de que eu queria que o poder fosse devolvido da Europa para o Parlamento britânico", afirmou Deir no comunicado.
"Mas eu não achei que foi certo o governo ter ignorado o Parlamento e ter tentado tirar meus direitos legais. Então, quatro dias após o plebiscito, dei início a esse processo. E estou grato à corte pelo resultado que tivemos. Esta é uma vitória para a democracia parlamentar."
Inimigos
Mesmo tendo votado pela saída da União Europeia, Deir fez inimigos entre seus partidários.
Ele foi criticado nas redes sociais e mesmo na mídia britânica - o colunista Richard Littlejohn, do jornal "Daily Mail", conhecido por sua posição pró-Brexit, publicou um artigo dizendo que a decisão judicial foi uma "vitória dos inimigos da democracia" e que o "Brexit não pode ser atrapalhado por um cabeleireiro brasileiro".
Mas também sobraram farpas para Gina Miller, dona de uma firma de investimentos de Londres que, ao contrário de Deir, manifestou-se publicamente sobre a ação contra o Brexit desde o início da tramitação, em julho.
Nascida na Guiana e criada no Reino Unido, Miller não hesitou em se tornar o símbolo da movimentação judicial, que agrupou as ações do brasileiro e de um grupo de britânicos que conseguiu um financiamento pela internet.
Três firmas de advocacia de Londres, incluindo a Edwin Coe, aceitaram cuidar do caso.
Em entrevista à Rádio 4 da BBC, Miller disse que a decisão de entrar na Justiça não é uma tentativa de reverter o resultado do plebiscito de junho, em quase 52% dos britânicos apoiaram a saída da UE.
"Somos pró-Brexit agora (após o resultado), mas o que estamos dizendo (na ação judicial) é que não podemos falar em soberania do Parlamento britânico e o mesmo tempo ignorá-lo em um momento que precisamos analisar o processo de saída", afirmou ela.
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