Como é a vida em Raqqa, o último bastião do Estado Islâmico na Síria
Imagens feitas com uma câmera escondida e obtidas pela BBC revelam um raro registro do cotidiano de Raqqa, o último bastião do grupo autodeclarado Estado Islâmico na Síria.
Na terça-feira (6), rebeldes das Forças Democráticas Sírias, com o apoio dos Estados Unidos, lançaram uma ofensiva para retomá-la.
A batalha pelo controle da cidade deve ser longa e sangrenta, e pode se tornar um divisor de águas na luta contra os extremistas.
Raqqa foi uma das primeiras cidades a serem capturadas pelo EI e abrigou alguns dos mais proeminentes líderes do grupo.
Dois dos extremistas acusados de terem realizado o ataque contra uma casa noturna em Paris em 2015, que matou dezenas de pessoas, viveram ali.
A BBC conversou com ativistas turcos que gravaram o vídeo.
"Somos o Alrar al-Furat e qualquer um que se opõe ao EI em Raqqa é parte de nós, de um jeito ou de outro", diz um deles.
"Grafites de protestos nos muros mostram que o EI não é bem-vindo na cidade", acrescenta.
Eles contam que tentam revelar "ao mundo o que acontece em Raqqa".
"Essa é a maior dificuldade para nós, pois o EI monitora tudo e todos e faz todo o possível para impedir a comunicação com o exterior", afirma.
"Nossa rede de informantes está sempre correndo perigo", completa.
As imagens mostram sacos de areia enfileirados nas ruas e coberturas montadas para impedir a visão dos aviões da coalizão.
"Raqqa está sob alerta constante. O clima é de guerra, de preparação para a luta nas ruas", conta o ativista.
Moradores carregam seus pertences e se preparam para deixar a cidade. Em meio ao conflito, dezenas de milhares já abandonaram suas casas.
"A população civil acaba sofrendo mais. Vivem sob bombardeio e as crianças estão fragilizadas emocionalmente. É uma cidade da morte; todos podemos morrer a qualquer instante", conclui.
Mais de 400 mil pessoas já morreram vítimas da guerra civil na Síria, iniciada em 2011.
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