O que significa a crítica de Kim Jong-un ao maior evento da Coreia do Norte
Como as conversas com os EUA pararam, o país se prepara para maior isolamento e tenta "endurecer mentalidade da população contra influências de fora".
O líder norte-coreano Kim Jong-un criticou abertamente um dos seus maiores espetáculos para a propaganda do país, os chamados Jogos de Massa.
De acordo com a mídia estatal, Kim "criticou seriamente" os jogos pelo seu "espírito errado de criação e atitude de trabalho irresponsável".
Ele já havia pedido no começo do ano uma nova abordagem para a propaganda oficial.
A Coreia do Norte é alvo de mais isolamento econômico e ideológico, depois que o diálogo com os Estados Unidos fracassou.
O que significa a crítica de Kim?
Os Jogos de Massa da Coreia do Norte são um evento enorme de propaganda com milhares de participantes, muitos deles crianças, com movimentos e coreografias em sincronia perfeita. Eles são planejados para celebrar o país e elevar o moral da população.
Após meses de preparação, os jogos desse ano começaram na segunda-feira.
Mas as críticas de Kim não são estranhas, diz a analista Minyoung Lee.
"Kim Jong-un tem criticado publicamente departamentos e trabalhos ruins", diz ela. Suas críticas vão de espetáculos públicos como os Jogos de Massa até coisas mais mudanas, como plantação de árvores mal feita.
O mais importante para entender a crítica de Kim é levar em conta o contexto dos últimos meses. Em março, Kim disse que o país precisava desenvolver sua propaganda de uma nova maneira.
Desde então, a mídia estatal aumentou a cobertura de seu trabalho de propaganda e alertou contra "um estilo de vida burgês", um fenômeno "não socialista", de acordo com Lee.
Pyongyang sob pressão?
A repentina pressão sobre a propaganda pode parecer uma surpresa, mas os esforços de Pyongyang fazem sentido quando se leva em conta que as conversas com os Estados Unidos falharam.
Quando negociações com a Coreia do Sul e Washington começaram, a máquina estatal de propaganda diminuiu sua crítica em relação aos dois inimigos tradicionais.
"O governo de Pyongyang pode se sentir inseguro em relação às ramificações da retórica mais leve contra a Coreia do Sul e os Estados Unidos na mente das pessoas", diz Lee.
Não se sabe se as conversas com os Estados Unidos serão retomadas em algum momento.
Agora que um alívio nas sanções econômicas parece ter ficado mais distante, o Norte deve preparar sua população para possíveis dificuldades econômicas prolongadas.
Isso significa "endurecer a mentalidade das pessoas contra influências de fora e promover unidade doméstica", diz Lee.
O retorno da irmã de Kim
A irmã de Kim, que não é vista publicamente há quase dois meses, compareceu aos jogos.
Nos últimos dois anos, a irmã Kim Yo-jong se tornou uma assessora próxima a seu irmão e foi parte da missão diplomática durante os dois encontros entre os EUA e a Coreia do Norte, em Cingapura e Hanói.
Ela já esteve sem aparecer em público antes, mas sua ausência recente foi ligada por alguns observadores à falha das negociações com os EUA.
Houve notícias na semana passada de que diversas autoridades norte-coreanas foram alvo de expurgo após o encontro em Hanói.
As notícias não são verificáveis, contudo. Analistas tentam interpretar fotos oficiais e padrões de alocação de lugares para entender quem pode ter caído ou sido excluído do governo.
A irmã Kim Yo-jong aparenta não mais fazer parte do Politburo, com fotos oficiais mostrando ela distante de Kim Jong-un, de acordo com Lee.
O fato de que ela tenha se sentado apenas duas cadeiras distante do irmão durante os Jogos de Massa é difícil de interpretar, já que há mais flexibilidade em arranjos de lugares para sentar durante performances como essa, diz Lee.
A mídia sul-coreana especulou na semana passada sobre dois outros diplomatas que teriam caído. Depois disso, um deles repareceu em fotos com Kim; o destino do outro ainda é um mistério.
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