De #BoycottBrazil a Amazônia no G-7: reação internacional à política ambiental de Bolsonaro
Política ambiental do governo de Jair Bolsonaro pode ameaçar acordo do Mercosul com a União Europeia e até exportação de carne brasileira.
A reação de líderes políticos internacionais às queimadas na Amazônia revela que a política ambiental brasileira pode pôr em risco o acordo comercial entre Mercosul e União Europeia e até a exportação de carne brasileira.
O tom das críticas subiu nesta sexta-feira quando o presidente da França, Emmanuel Macron, acusou o presidente Jair Bolsonaro de mentir sobre compromissos ambientais assumidos durante o encontro do G20 em Osaka, no Japão. Por causa disso, o líder francês disse que se opõe ao acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul.
O governo da Finlândia, que hoje ocupa a presidência rotativa da União Europeia, pediu que o bloco avalie "urgentemente" a suspensão da importação de carne bovina brasileira como resposta à destruição na Amazônia.
Antes disso, o presidente Macron já tinha usado o Twitter para declarar que a situação da Amazônia representa uma "crise internacional" e defender que o tema seja discutido durante a cúpula do G7, nos dias 24 e 25 de agosto em Biarritz, sudoeste francês. O tuíte foi endossado pelo primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau.
Bolsonaro, por sua vez, respondeu que os comentários de Macron têm "tom sensacionalista" e foram uma tentativa de conseguir "ganhos políticos pessoais".
O primeiro-ministro da Irlanda, Leo Varadkar, também declarou que votará contra o acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul se o Brasil não respeitar seus "compromissos ambientais". Em um comunicado, ele declarou preocupação com os níveis recordes de incêndios na Floresta Amazônica.
Outros líderes europeus, como a chanceler alemã, Angela Merkel, e o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, também defenderam medidas internacionais para combater o problema no Brasil.
Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) mostram um aumento de 83% no número de incêndios florestais no Brasil entre 1º de janeiro e 19 de agosto de 2019, na comparação com igual período de 2018.
A devastação na Amazônia é uma "perda irreparável", segundo Jerônimo Sansevero, professor do Departamento de Ciências Ambientais do Instituto de Florestas da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ). "Nunca tivemos uma perda tão alta nas últimas três décadas", afirmou ele, que é especialista em recuperação ambiental.
'Situação urgente'
A primeira-ministra da Alemanha, Angela Merkel, também disse, por meio de um porta-voz, que os incêndios na Amazônia são uma situação urgente que deve ser debatida no encontro do G7.
O primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, declarou profunda preocupação com o aumento das queimadas na Amazônia e com os impactos desses incêndios. Um porta-voz do governo afirmou que Johnson defende uma "ação internacional" para proteger as florestas tropicais do mundo.
O primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, foi mais um líder do G7 a apoiar a necessidade de discutir a situação em âmbito internacional. Em resposta a Macron no Twitter, disse estar "totalmente de acordo" com o francês.
"Nós trabalhamos muito para proteger o meio ambiente no G7 no ano passado em Charlevoix, e precisamos que isso continue neste fim de semana. Precisamos agir pela Amazônia e atuar por nosso planeta ? nossos filhos e netos precisam de nós", escreveu Trudeau.
Além de França, Alemanha e Canadá, também participam do G7 Itália, Japão, Reino Unido e Estados Unidos.
#BoycottBrazil
Depois de a hashtag #PrayForAmazonas ter sido um dos assuntos mais comentados no Twitter em todo o mundo na quarta-feira (21), usuários da rede social usam a hashtag #BoycottBrazil para defender o boicote a produtos brasileiros.
As mensagens denunciam os incêndios na Amazônia, mencionam que a floresta é "o pulmão do mundo", criticam o governo brasileiro e dizem que a única solução é boicotar produtos brasileiros.
Já a hashtag #ActForTheAmazon tem sido também por políticos, como nas mensagens do francês Emmanuel Macron e do primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau.
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