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Ataque mata nove em escola de cidade sob ofensiva do governo na Síria

Manchas de sangue após ataque contra escola em Sarmin, província de Idlib, em 1º de janeiro; local abrigava desalojados da guerra - AFP via BBC
Manchas de sangue após ataque contra escola em Sarmin, província de Idlib, em 1º de janeiro; local abrigava desalojados da guerra Imagem: AFP via BBC

Da BBC

02/01/2020 12h38

Um ataque de artilharia de tropas do governo sírio matou nove pessoas ontem, entre elas cinco crianças, segundo socorristas, na cidade de Sarmin, na província de Idlib, a única região ainda em poder dos rebeldes.

Outras 16 pessoas ficaram feridas quando munições de fragmentação atingiram uma escola que abrigava pessoas desalojadas pela guerra, segundo os Capacetes Brancos, organização de defesa civil que atua na Síria.

O ataque ocorre em meio a uma ofensiva do governo contra Idlib, que é em grande parte controlada por uma coalizão de jihadistas e grupos armados islâmicos — entre eles o Hayat Tahrir al-Sham, anteriormente uma afiliada da Al-Qaeda conhecida como Frente Al-Nusrah.

Em 31 de dezembro, o presidente sírio, Bashar al-Assad, havia dito a uma delegação iraniana em Damasco que a batalha em Idlib visava "eliminar o terrorismo" na província, segundo a agência estatal Sana.

Idlib é a última grande região remanescente da Síria ainda sob o controle de rebeldes que se opõem a Assad.

A ONU afirma que as hostilidades têm tido consequências devastadoras para as cerca de 3 milhões de pessoas que vivem ali, sendo que 76% delas são mulheres e crianças.

A região chegou a estar sob cessar-fogo no ano passado, depois de uma ofensiva do governo em agosto ter deixado mais de mil mortos e 400 mil deslocados.

No entanto, enfrentamentos e bombardeios continuaram esporadicamente, até que, em 19 de dezembro, o conflito retomou com força no sul da província.

Por conta disso, cerca de 284 mil pessoas foram forçadas a deixar suas casas, a maioria delas no sul de Idlib, desde 1º de dezembro, segundo a ONU.

A cidade de Maarat al-Numan e seus arredores, 30 km ao sul de Sarmin, estão praticamente vazios, segundo relatos, já que muitas pessoas têm fugido com medo dos conflitos.

A maioria dos deslocados ruma ao norte, para a cidade de Idlib —onde edifícios públicos como escolas estão sendo usados como abrigo ? e para campos próximos à fronteira turca.

A ONU afirma que muitos deles necessitam ajuda humanitária urgente, incluindo aquecimento, roupas de frio e cobertores que os ajudem a suportar o inverno.

Na semana passada, a entidade Comitê Internacional de Resgate advertiu que muitas famílias estão sendo forçadas a acampar a céu aberto, enquanto médicos locais afirmam que os hospitais estão lotados.

Mais de 370 mil pessoas já foram mortas desde o início do levante popular contra Assad, em março de 2011, segundo a ONG Observatório Sírio para os Direitos Humanos, baseado em Londres. Em 2019, o grupo estimou em 11,2 mil as mortes no conflito.