Chernobyl: incêndio se aproxima de reator da usina nuclear abandonada
As chamas, que queimam há vários dias, também ameaçam a instalação de armazenagem dos resíduos nucleares mais perigosos
Incêndios florestais que ocorrem há vários dias no norte da Ucrânia estão agora a poucos quilômetros da usina nuclear abandonada de Chernobyl, dizem fontes.
O operador de turismo Yaroslav Emelianenko afirmou que as chamas atingiram a cidade abandonada de Pripyat, que costumava servir à usina.
O fogo, segundo ele, está a cerca de 2 quilômetros do local onde estão armazenados os resíduos mais perigosos da usina.
O Greenpeace disse que o fogo era muito maior do que apontavam as autoridades.
Um representante do braço russo da ONG, em entrevista à agência Reuters, disse que o maior incêndio atingia uma área de 34 mil hectares, enquanto um segundo, a apenas um quilômetro da antiga usina, cobria uma área de 12 mil hectares.
A usina nuclear de Chernobyl e a cidade de Pripyat estão abandonadas desde 1986, quando o reator número 4 da usina explodiu.
Emelianenko também disse que se o fogo atingir Pripyat seria um desastre econômico, já que as visitas guiadas são fonte de receita considerável para a região.
Em 2018, mais de 70 mil pessoas visitaram a cidade. No ano passado esses números foram ainda maiores, graças ao sucesso da série da HBO sobre o desastre.
Corta-fogos ao redor da usina
A polícia afirmou que o incêndio começou no dia 4 de abril, depois que um homem colocou fogo na grama seca perto da zona de exclusão. Desde então, as chamas têm se aproximado cada vez da antiga usina.
Mais de 300 bombeiros com dezenas de equipamentos especiais estão trabalhando para combater o fogo no local, enquanto seis helicópteros e aviões estão tentando apagar o incêndio do alto.
Kateryna Pavlova, presidente da agência que gerencia a zona de exclusão da usina, disse à Associated Press que "não é possível afirmar que o fogo esteja controlado".
"Trabalhamos a noite inteira, cavando corta-fogos ao redor da usina para protegê-la do fogo", ela disse.
No dia 5 de abril, Yegor Firsov, diretor do serviço estatal de inspeção ecológica da Ucrânia, disse em um post no Facebook que os níveis de radiação na área aumentaram acima do normal.
Oficiais do governo, mais tarde, negaram a afirmação, argumentando que os níveis radioativos na área estavam "dentro dos limites normais". Depois disso Firsov também voltou atrás em sua afirmação.
Agora, a fumaça do incêndio está se movendo em direção à capital, Kiev.
A explosão de Chernobyl criou uma nuvem radioativa que passou por grande parte da Europa, sendo a área ao redor da usina a que foi mais afetada.
É proibido que pessoas morem a menos de 30 km da usina.
Apesar do desastre, Chernobyl continuou a gerar energia até que o último reator operacional foi finalmente fechado, nos anos 2000.
Viktor Sushko, vice-diretor-geral do Centro Nacional de Pesquisa Médica de Radiação, descreve o desastre de Chernobyl como o "maior desastre gerado pelo homem da história da humanidade".
O órgão estima que cerca de 5 milhões de cidadãos da antiga União Soviética, incluindo 3 milhões na Ucrânia, tenham sido afetados pelo desastre de Chernobyl. Na Bielorrússia, outras 800 mil pessoas também foram atingidas pela radiação.
Atualmente, o governo ucraniano paga pensões a 36.525 viúvas de homens que são considerados vítimas do acidente.
Em janeiro de 2018, 1,8 milhão de pessoas na Ucrânia, incluindo 377.589 crianças, tinham o status de vítimas do desastre, segundo Sushko.
Houve um rápido aumento no número de pessoas com deficiência entre esta população, passando de 40.106 em 1995 para 107.115 em 2018.
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