Cadáver em loja, cão espancado e idoso expulso: matriz do Carrefour na França diz que problemas no Brasil são 'isolados'
A sede global do Grupo Carrefour, nos arredores de Paris, pediu desculpas na quinta-feira (20/08) pela maneira com que uma loja da rede no Recife lidou com a morte de um promotor de vendas em serviço.
À BBC News Brasil, um porta-voz do grupo disse que a empresa "errou" e que a forma com que o caso foi conduzido "não foi apropriado".
Em 14 de agosto, segundo informações preliminares, um funcionário de uma empresa terceirizada teve um infarto e morreu dentro da loja.
Para surpresa dos clientes, o corpo foi coberto por guarda-sóis e caixas de papelão e a loja continuou funcionando.
Esta não é a primeira vez que medidas tomadas pelo Carrefour no Brasil geram repúdio no país.
Há dois anos, um segurança da rede bateu em um cachorro até matá-lo na entrada de uma loja. No ano passado, um idoso de 75 anos foi expulso de uma loja "após ser confundido com um morador de rua".
"O Grupo Carrefour afirma que lamenta estes outros eventos que você menciona. Ainda assim, eles permanecem casos isolados", disse a rede à BBC News Brasil.
'Empresa errou'
Apesar de o fato ter acontecido há quase uma semana, as fotos tiradas por clientes mostrando o funcionário morto no supermercado viralizaram recentemente nas redes sociais.
O caso foi assunto na imprensa internacional, mas apenas a filial brasileira havia comentado até agora.
Em coro com o comentário feito pelo Carrefour Brasil na quarta-feira, a matriz francesa disse que seguiu todos os protocolos necessários assim que Moisés Santos começou a passar mal.
Após a morte, segundo a rede, autoridades disseram que o corpo deveria ser mantido onde estava.
"A empresa errou em não fechar a loja", reconheceu o porta-voz.
'Casos isolados'
Em dezembro de 2018, o Carrefour foi alvo de críticas em todo o país pela forma com que lidou com a presença de um cachorro sem dono na entrada de uma de suas lojas em Osasco, na Grande São Paulo.
Segundo testemunhas, às vésperas de uma visita de inspeção, o dono da loja teria orientado um funcionário a "se livrar" do cão. Ele então foi envenenado e agredido com o que parece ser uma barra de ferro.
As imagens do bicho ensanguentado também viralizaram.
Dois meses depois, em fevereiro de 2019, um homem de 75 anos foi expulso de um Carrefour em Anápolis (GO) após supostamente ter sido "confundido" com uma pessoa em situação de rua.
Com problemas de saúde, o idoso não podia usar sapatos fechados e calçava sandálias.
O segurança que o conduziu para fora da loja foi posteriormente demitido.
À reportagem, a sede do Carrefour disse que "lamenta" estes "casos isolados".
A matriz francesa também informou que tomou providências após os acontecimentos, "como treinamento reforçado para sensibilizar sobre a questão da discriminação, ou parcerias com ONGs".
"Assim, o Carrefour Brasil doou 14 mil quilos de alimentos ou apoiou 450 abrigos de cães e gatos por meio de uma parceria firmada com a Ampara Animal", informou o porta-voz.
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