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Eleições nos EUA: a economia americana melhorou? A resposta em 6 gráficos

O presidente dos EUA, Donald Trump - Reuters
O presidente dos EUA, Donald Trump Imagem: Reuters

Equipe Reality Check - BBC News

27/09/2020 08h34

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, diz que construiu a melhor situação da economia dos Estados Unidos de todos os tempos antes do coronavírus. Ele afirma que houve um crescimento econômico histórico, baixo desemprego em nível recorde e retirada de milhões de americanos da pobreza - e diz que fará tudo de novo se for reeleito.

Diante dessa alegação, a equipe de checagem de fatos da BBC (Reality Check) foi verificar o que revelam as estatísticas. O veredito: é verdade que a economia estava indo bem antes da pandemia (continuando uma tendência que começou durante o governo de Barack Obama), mas já houve períodos em que se mostrou ainda mais forte.

Agora, a economia dos Estados Unidos foi atingida pela maior contração já registrada e pela maior taxa de desemprego em mais de 80 anos.

Entenda a situação da economia dos Estados Unidos em seis gráficos:

EUA desde 2009 - BBC - BBC
Gráfico mostra crescimento econômico dos EUA desde 2009
Imagem: BBC

Durante seus primeiros três anos na Presidência Trump, houve um crescimento econômico médio anual de 2,5%.

Nos últimos três anos da administração do antecessor dele, Barack Obama, os EUA viram um nível semelhante de crescimento (2,3%), junto com uma taxa significativamente maior (5,5%) em meados de 2014.

No entanto, o surto de coronavírus no início deste ano desencadeou a contração mais acentuada desde o início dos registros.

No segundo trimestre de 2020 (abril, maio e junho), a economia dos EUA contraiu mais de 30%. Isso é mais de três vezes maior que a queda de 10% registrada em 1958.

1950 - BBC - BBC
Gráfico mostra crescimento econômico dos EUA desde 1950
Imagem: BBC

Se olharmos para as taxas de crescimento tão antigas quanto permite a série histórica, fica claro que houve períodos frequentes em que o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) foi significativamente maior que o registrado sob o presidente Trump.

No início da década de 1950, por exemplo, a taxa de crescimento anualizada do PIB superava 10%.

Gráfico ações - BBC - BBC
Gráfico mostra crescimento e instabilidade no mercado de ações
Imagem: BBC

Trump frequentemente destaca o valor crescente dos mercados financeiros dos EUA como uma medida de sucesso ? em particular o Índice Dow Jones.

Este é uma medida do desempenho de 30 grandes empresas listadas nas bolsas de valores dos EUA e atingiu recordes históricos no início deste ano.

Em seguida, quebrou quando os mercados reagiram à pandemia de coronavírus, eliminando todos os ganhos obtidos desde que Trump assumiu o cargo.

Mas os mercados financeiros têm sido notavelmente resilientes e agora se recuperaram em grande parte a níveis anteriores à pandemia.

desemprego nos EUA - BBC - BBC
Gráfico mostra taxa de desemprego nos EUA
Imagem: BBC

Antes da pandemia, Trump afirmava ter entregado a menor taxa de desemprego em meio século.

Isso é verdade. Em fevereiro deste ano, a taxa era de 3,5%, a menor em mais de 50 anos.

No entanto, é verdade que o governo Obama adicionou mais empregos à economia, comparando-se períodos semelhantes.

Sob Trump, nos três anos anteriores à pandemia, foram registrados 6,4 milhões de empregos adicionais. Nos últimos três anos de Obama, foram criados 7 milhões de empregos.

Como em muitas partes do mundo, as medidas de confinamento devido ao coronavírus levaram muito rapidamente a níveis crescentes de desemprego nos Estados Unidos.

A taxa saltou para 14,7% em abril, o maior nível desde a Grande Depressão dos anos 1930.

O Departamento do Trabalho dos EUA diz que mais de 20 milhões de pessoas perderam seus empregos, eliminando em único mês o equivalente a uma década de ganhos de empregos.

Desde o pico em abril, a taxa de desemprego caiu significativamente para 8,4% em agosto.

salários nos EUA - BBC - BBC
Gráfico mostra variação de salários nos EUA
Imagem: BBC

Os salários em valores reais (ajustados pela inflação) cresceram durante os primeiros três anos de Trump na Presidência, continuando uma tendência de aumento constante que começou durante o primeiro dos dois mandatos de Obama.

Esse crescimento atingiu 2,1% ao ano em fevereiro de 2019, antes da pandemia.

Essa taxa é inferior aos aumentos reais de salários de até 2,4% que Obama viu em 2015.

O rápido aumento na média salarial visto no início do confinamento devido ao coronavírus é explicado, em grande parte, como consequência da perda de empregos dos americanos de renda mais baixa a uma taxa desproporcional. Com os assalariados mais baixos sem empregos, os dados do salário médio por hora tiveram uma forte tendência de alta.

Desde então, os salários médios começaram a cair, à medida que as restrições econômicas diminuíram.

desemprego nos EUA - BBC - BBC
Gráfico mostra taxa de desemprego nos EUA
Imagem: BBC

Trump afirmou em 2019 que havia realizado "a maior redução da pobreza sob qualquer presidente da história".

Em 2019, cerca de 4,2 milhões de pessoas a menos viviam na pobreza nos EUA em comparação com o ano anterior, segundo dados oficiais.

Trata-se de uma queda significativa, mas não é a maior redução da história do país.

O Departamento do Censo dos EUA publica os dados de pobreza desde o final dos anos 1950. A maior queda em um único ano foi em 1966, durante o governo do então presidente Lyndon B Johnson, quando quase 4,7 milhões de pessoas foram retiradas da pobreza.

A crise financeira de 2007 e 2008 e a subsequente desaceleração econômica trouxeram aumentos acentuados da pobreza, que só começou a diminuir a partir de 2015, durante o governo Obama, com uma economia em crescimento e níveis de emprego crescentes.

A força contínua da economia sob Trump (pelo menos até a pandemia) foi acompanhada por uma queda contínua na taxa de pobreza.

Essa visão geral do país, no entanto, mascara grandes variações entre regiões e grupos étnicos nos Estados Unidos.

Em 2019, enquanto 10,5% da população era definida como "vivendo na pobreza", a taxa para americanos negros era de 18,8% e para americanos brancos (não hispânicos) era de 7,3%.

Os números de 2020 ainda não estão disponíveis, mas a expectativa é que as estatísticas mostrem um aumento acentuado da pobreza como resultado da pandemia.