A fala sobre 'corpos empilhados' que abala governo de Boris Johnson
Diferentes acusações contra o primeiro-ministro britânico Boris Johnson fizeram o tempo fechar nesta semana em Downing Street, sede do governo, em Londres. As denúncias vão desde suspeitas sobre pagamento irregular de reformas na residência oficial a declarações polêmicas que Johnson teria feito sobre a pandemia.
Segundo fontes, o primeiro-ministro teria dito que preferia ver "corpos empilhados" do que implementar um terceiro lockdown para conter as infecções por covid-19 no Reino Unido.
Ele negou veementemente ter dito isso, classificando os relatos como "lixo total".
As declarações vazadas foram publicadas inicialmente pelo jornal Daily Mail, mas depois confirmadas também pela BBC, por meio de mais fontes que estavam presentes na conversa.
A fala teria ocorrido no final de outubro de 2020, numa reunião fechada, num momento em que o Reino Unido havia acabado de anunciar um segundo lockdown. Meses depois, em janeiro, o governo britânico iniciou um terceiro período de confinamento.
Parlamentares de oposição criticaram fortemente Johnson pela suposta declaração. A parlamentar do Partido Trabalhista Rachel Reeves disse que a fala é de "revirar o estômago" e exigiu que o primeiro-ministro pedisse desculpas.
Mas o governo britânico reagiu negando que a declaração fosse verdadeira.
Reforma da residência oficial
Mas a denúncia que parece estar agitando mais a oposição foi feita por Dominic Cummings, ex-assessor de Johnson. Segundo ele, o primeiro-ministro planejou que doadores ligados ao Partido Conservador "pagassem secretamente" por uma reforma na residência oficial.
Em texto publicado na internet, Cummings classificou a conduta de Johnson no episódio como "antiética, estúpida, possivelmente ilegal e quase certamente violadora das regras sobre a divulgação adequada de doações para políticos, se as coisas tiverem caminhado da forma que ele (Johnson) havia planejado".
Na segunda-feira (26), falando a repórteres, o primeiro-ministro afirmou que "qualquer declaração" da sua parte sobre o caso seria feita no "devido tempo". Já seu porta-voz garantiu que os custos de reforma do apartamento "foram pagos pelo primeiro-ministro pessoalmente", e que ele cumpriu todos os códigos de conduta e regras eleitorais.
Espera-se que, em breve, Downing Street mostre detalhadamente como as obras foram pagas.
Johnson e sua noiva, Carrie Symonds, fizeram obras no apartamento, uma das residências oficiais do governo britânico, logo depois que ele se tornou primeiro-ministro, em julho de 2019.
Embora políticos possam receber doações, eles devem declará-las, para que o público tenha acesso a informações sobre quem doou e como isto pode ter influenciado nas decisões.
Falando ao programa da BBC Breakfast, o parlamentar trabalhista (de oposição) Jonathan Ashworth declarou: "Nós realmente precisamos saber quem concedeu o empréstimo, quem deu o dinheiro, porque precisamos saber com quem... o primeiro-ministro está em dívida."
Bullying no governo
Outra crise para Johnson vem do Judiciário: a Suprema Corte decidiu se debruçar sobre uma decisão do primeiro-ministro no ano passado de manter no cargo a secretária do Interior, Priti Patel, após ela ser acusada de bullying contra sua equipe.
Na ocasião, Johnson avaliou que Patel não violou códigos de conduta dentro do governo.
Um comunicado de Downing Street após a reunião de gabinete ontem afirmou que foram discutidos vários tópicos, como o envio o de apoio à Índia no enfrentamento ao coronavírus e questões envolvendo a Irlanda do Norte.
Mas não houve nenhuma menção às crises enfrentadas por Johnson - em vez disso, em nome do governo, a nota fez um alerta sobre a covid-19, afirmando que o Reino Unido "ainda não estava fora de perigo, pois as variantes continuam a representar uma ameaça".
O texto acrescentou: "O primeiro-ministro disse que embora o caminho à frente pareça promissor, ainda haverá desafios e este governo continuará a tomar decisões difíceis onde for necessário para proteger vidas e meios de subsistência".
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