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Quem é Alina Kabaeva, suposta namorada de Putin na mira de sanções da Europa?

Putin e Alina Kabaeva fotografados em 2004 - Reuters
Putin e Alina Kabaeva fotografados em 2004 Imagem: Reuters

Thom Poole

Da BBC News

07/05/2022 11h36

A UE (União Europeia) está estudando a possibilidade de impor sanções contra Alina Kabaeva, uma política, diretora de um conglomerado de mídia pró-Kremlin, ex-ginasta olímpica e — de acordo com diversos boatos — namorada de Vladimir Putin e mãe de alguns de seus filhos. Fontes confirmaram à BBC que ela está na lista de indivíduos que serão em breve sancionados pela UE.

As sanções impostas pela UE e outros países visam punir pessoas próximas de Putin — oligarcas, políticos e outros funcionários que dizem ter se beneficiado de sua amizade com o presidente.

No mês passado, os EUA e o Reino Unido impuseram sanções às filhas de Putin — Maria Vorontsova, de 36 anos, e Katerina Tikhonova, de 35 anos. Elas são filhas de Putin com sua ex-mulher, Lyudmila.

Até agora, Kabaeva não foi alvo de sanções, apesar dos rumores. Mas ele deve ter pressentido que isso mudaria: uma petição online em março exigia que ela fosse expulsa de sua residência na Suíça.

De acordo com a AFP, ela será alvo de sua participação na divulgação da propaganda do Kremlin e por estar "intimamente associada" a Putin. O rascunho citado não a classifica como namorada de Putin, e a UE ainda não assinou oficialmente o documento.

O líder da Rússia sempre manteve sua vida privada longe dos holofotes da imprensa. Quando é perguntado sobre sua vida privada, ele tende a ignorar a pergunta.

No caso do suposto relacionamento com Kabaeva, no entanto, Putin negou explicitamente.

Alina Kabaeva nos Jogos Olímpicos de Atenas de 2004, onde ganhou o ouro - AFP - AFP
Alina Kabaeva nos Jogos Olímpicos de Atenas de 2004, onde ganhou o ouro
Imagem: AFP

Em 2008, o jornal Moskovsky Korrespondent informou que ele planejava se divorciar de sua esposa Lyudmila e se casar com Kabaeva. Ambos negaram a reportagem. Logo depois, as autoridades fecharam o jornal. Putin e Lyudmila anunciariam sua separação cinco anos depois desse incidente.

Naquele momento, Kabaeva estava em transição em sua carreira — se aposentando do esporte e ingressando na política.

No esporte, ela foi uma das melhores atletas de sua geração na ginástica rítmica, onde os competidores realizam rotinas com auxílio de equipamentos como fitas e bolas. A Rússia ganhou todas as medalhas de ouro olímpicas disputadas na categoria de 2000 a 2016.

Nascida em 1983, ela iniciou a ginástica rítmica aos quatro anos de idade. Sua treinadora, Irina Viner, disse: "Eu não podia acreditar nos meus olhos, quando a vi pela primeira vez. A menina tem a rara combinação de duas qualidades cruciais na ginástica rítmica —flexibilidade e agilidade".

Kabaeva ficou conhecida como "a mulher mais flexível da Rússia".

Ela fez sua estreia internacional em 1996 e venceu o Campeonato Europeu de 1998.

Nas Olimpíadas de Sydney 2000, um erro com o aro lhe custou caro (ela o deixou rolar do chão) e ela só conseguiu o bronze no evento geral. Quatro anos depois, em Atenas, ela foi melhor, levando para casa o ouro.

Kabaeva ingressou na política depois de se aposentar do esporte - Visual China Group - Visual China Group
Kabaeva ingressou na política depois de se aposentar do esporte
Imagem: Visual China Group

Na época de sua aposentadoria, ela havia conquistado 18 medalhas no Campeonato Mundial e 25 medalhas no Campeonato Europeu, além de seus prêmios olímpicos. Como outros atletas russos, ela não escapou do escândalo do doping, perdendo suas medalhas em um evento em 2001 após testar positivo para uma substância proibida.

Depois disso, ela ingressou na política, ocupando um assento na Câmara Baixa do parlamento da Rússia de 2007 a 2014 com o partido governante Rússia Unida.

Em 2014, ela se tornou presidente do National Media Group, que tem grandes participações em quase todos os principais meios de comunicação estatais russos.

Esses meios de comunicação têm divulgado sem parar uma agenda pró-Kremlin sobre a guerra na Ucrânia, acusando os ucranianos de bombardear suas próprias cidades e apresentar as tropas russas como libertadoras.

Sua posição a tornou uma mulher rica, com documentos vazados sugerindo que ela ganha cerca de US$ 12 milhões (R$ 60 milhões) por ano.

Não se sabe quando ela e Putin se conheceram. Há uma foto do casal em 2001, quando Putin concedeu a ela uma Ordem da Amizade — uma das maiores honrarias de Estado da Rússia.

Putin e Kabaeva em uma cerimônia em 2001 - AFP - AFP
Putin e Kabaeva em uma cerimônia em 2001
Imagem: AFP

Há boatos de que eles tiveram filhos, embora os relatos variem sobre quantos filhos foram.

Um jornal suíço informou que Kabaeva teve um menino em 2015 em uma clínica perto do Lago Lugano e outro menino no mesmo local em 2019. Mas o Sunday Times e o Wall Street Journal disseram que ela teve gêmeos em 2019 em Moscou, embora discordem sobre quantos filhos ela já teve.

O Kremlin nega tudo. Em 2015, o porta-voz de Putin disse que "as informações sobre o nascimento de um bebê de Vladimir Putin não correspondem à realidade".

Putin é tão fechado sobre sua vida privada — em público, ele nunca mencionou os nomes dos filhos que tem com Lyudmila, só citou que tem duas filhas adultas — que a especulação provavelmente continuará sem confirmação.

Kabaeva sempre esteve nos holofotes desde que surgiram relatos de seu relacionamento com Putin.

Ela foi capa da Vogue em 2011, usando um caro vestido dourado da marca de luxo Balmain. Ela também segurou a tocha nos Jogos Olímpicos de Inverno de 2014 em Sochi.

Mais recentemente, em abril, ela apareceu em um festival de ginástica juvenil em Moscou, depois de especulações de que ela estava se escondendo. Na ocasião, ela elogiou o esforço de guerra da Rússia. Alguns veículos notaram que ela usava uma aliança de casamento.

Desde o início da guerra na Ucrânia, tem havido pedidos para que ela seja alvo de sanções.

O Wall Street Journal sugeriu que os EUA estão relutantes em sancionar Kabaeva, por medo de que possa ser considerado "um golpe pessoal demais" para Putin, aumentando ainda mais as tensões.

Mas a medida não é totalmente descartada, no entanto. Quando perguntaram à Casa Branca em abril por que ela não estava na lista americana de sanções, o secretário de Imprensa respondeu: "ninguém está seguro".