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O que se sabe sobre ataque racista que matou 10 em supermercado nos EUA

Policiais isolam locam onde ataque racista a tiros deixou ao menos 10 mortos em Buffalo, Nova York - John Normile/Getty Images via AFP
Policiais isolam locam onde ataque racista a tiros deixou ao menos 10 mortos em Buffalo, Nova York Imagem: John Normile/Getty Images via AFP

15/05/2022 09h23Atualizada em 15/05/2022 13h37

Um homem branco de 18 anos matou 10 pessoas a tiros em um bairro negro do estado americano de Nova York, no que autoridades consideram ser um crime de ódio motivado por racismo.

O homem, identificado como Payton Gendron, foi preso no local — um supermercado na cidade de Buffalo.

O suspeito entrou na loja na tarde de sábado (14) antes de abrir fogo. Ele transmitiu ao vivo o ataque pelas redes sociais.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, condenou o que chamou de ato "abominável".

"Estamos investigando este incidente como um crime de ódio e um caso de extremismo violento com motivação racial", disse Stephen Belongia, do escritório do FBI (polícia federal americana) em Buffalo, acrescentando que há evidências de "animosidade racial".

A emissora americana CBS noticiou que o agressor gritou insultos raciais ao abrir fogo. Ele também aparentemente postou um manifesto online que incluía linguagem e ideias racistas.

Acredita-se que o suspeito tenha dirigido por cerca de 320 km para chegar à área predominantemente negra da cidade. Treze pessoas foram baleadas no total e a maioria das vítimas era negra, disse o comissário de polícia de Buffalo, Joseph Gramaglia.

"Ele saiu de seu veículo. Estava fortemente armado. Tinha equipamento tático. Tinha um capacete tático. Tinha uma câmera que estava transmitindo ao vivo o que estava fazendo", disse Gramaglia a jornalistas.

Segundo o comissário de polícia, o suspeito entregou sua arma e foi preso. Mais tarde, ele apareceu no tribunal acusado de assassinato em primeiro grau.

As três vítimas feridas — que trabalhavam no supermercado — não tiveram machucados graves.

Um policial aposentado que trabalhava como segurança tentou atirar no suspeito, mas acabou sendo morto, informou a polícia.

"Este é o pior pesadelo que qualquer comunidade pode enfrentar e estamos sofrendo", disse o prefeito de Buffalo, Byron Brown, a jornalistas. "Não podemos deixar essa pessoa odiosa dividir nossa comunidade ou nosso país".

Grady Lewis, que testemunhou o ataque do outro lado da rua, disse à imprensa local que viu o homem abrir fogo. "Eu vi o cara entrar, estilo militar, curvado, só atirando nas pessoas", disse ele.

Shonnell Harris, que estava trabalhando na loja durante o ataque, disse ao jornal local Buffalo News que ouviu mais de 70 tiros enquanto corria para escapar do prédio por uma porta dos fundos.

"A loja estava cheia. Era fim de semana", disse ela. "Foi um pesadelo."

Descrevendo as consequências do ataque, um policial disse ao Buffalo News: "É como entrar em um filme de terror, mas tudo é real. É como o Armageddon".

Na tarde de sábado, a governadora de Nova York, Kathy Hochul, disse que o suspeito era um "supremacista branco que se envolveu em um ato de terrorismo".

Esta foi "uma execução de estilo militar visando pessoas que simplesmente queriam comprar mantimentos em uma loja de bairro", disse ela enquanto visitava Buffalo.

Em um comunicado, o presidente dos EUA, Joe Biden, disse que ele e a primeira-dama estavam orando pelas vítimas e suas famílias.

"Um crime de ódio com motivação racial é abominável para o próprio tecido desta nação", disse ele. "Devemos fazer tudo ao nosso alcance para acabar com o terrorismo doméstico alimentado pelo ódio."

Os crimes de ódio nos EUA atingiram uma alta de 12 anos em 2020, com mais de 10 mil pessoas denunciando ofensas relacionadas à sua raça, gênero, sexualidade, religião ou deficiência. Naquele ano, crimes contra americanos asiáticos e negros em particular aumentaram, indicam números do FBI.

Mas, como a polícia não é obrigada a enviar dados de crimes de ódio ao FBI, os esses números podem estar subestimados.

O ataque a tiros de sábado em Buffalo é o pior incidente do tipo até agora nos EUA neste ano, e também inflamará ainda mais a já acalorada batalha política sobre o controle de armas nos EUA.

Cerca de 40 mil mortes por ano envolvem armas de fogo nos Estados Unidos, número que inclui suicídios.