Mortes por chuvas em 2022 já superam ano passado inteiro
Dados da Confederação Nacional dos Municípios incluem 91 mortes nas recentes chuvas em Recife.
O número de mortos em desastres causados por excesso de chuva no Brasil teve um aumento expressivo neste ano.
Nos primeiros 5 meses de 2022, 457 pessoas morreram em desastres causados pelo excesso de chuva no Brasil, segundo levantamento da Confederação Nacional de Municípios (CNM) com base nos dados das defesas civis municipais. Atualizado em 31 de maio, o número inclui 100 das 106 mortes ocorridas no desastre em Recife na última semana.
O total de 457 óbitos representa um aumento de 57% em relação a 2021, quando o número de mortos pela chuva no ano todo foi de 290 pessoas.
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Desde 2019 o número de mortes pela chuva já vinha crescendo em relação aos anos anteriores. Foram 297 mortos em 2019 e 216 em 2020. Como comparação, entre 2014 e 2018 morreram menos de 100 pessoas por ano por causa da chuva (veja gráfico abaixo).
Em um relatório sobre os danos causados pelo excesso de chuvas, a entidade aponta que, apesar dos desastres terem sido desencadeados pelo alto volume de precipitação, muitos dos problemas - incluindo mortes evitáveis - são resultado da falta de políticas públicas.
"Os diversos desastres ocorridos, a despeito de sua natureza, como chuvas torrenciais e consequentes deslizamentos de terra e inundações, escondem muitas vezes a ausência de políticas públicas de habitação, saneamento básico e infraestrutura eficazes e deixam claro a precariedade da articulação de políticas de prevenção de desastres pelos entes federados", afirma a entidade em um relatório publicado em abril.
Além das mortes, pelo menos 7,8 milhões de pessoas foram afetadas pelas chuvas, tendo que deixar suas casas de forma permanente ou temporária.
Estados mais afetados
O maior desastre em número de óbitos de 2022 aconteceu em fevereiro em Petrópolis, no Rio de Janeiro, quando 233 pessoas morreram devido a deslizamentos e alagamentos causados pela chuva.
Na época, a BBC questionou o governo do Estado sobre relatos de moradores da área afetada de que eles não tinham outro lugar para ir. O governo de Claudio Castro afirmou que a falta de habitação é um problema que vem desde 2011 e que a construção de moradias depende da liberação de terrenos pela prefeitura de Petrópolis.
O Rio de Janeiro teve outro desastre em abril, quando as chuvas causaram deslizamentos que deixaram 20 mortos (11 mortos em Angra dos Reis, 7 em Paraty e 1 em Mesquita).
Os estados do nordeste também foram fortemente afetados. Somente em Recife (PE), pelo menos 91 pessoas morreram na última semana. Outras 26 pessoas morreram na Bahia no início do ano.
A região nordeste também teve 1,2 milhão de pessoas afetadas pelas chuvas e pelo menos R$ 3 milhões em prejuízo nos últimos 6 meses, com danos à pecuária, à agricultura, à indústria, ao comércio, aos sistemas de geração energia, de abastecimento de água, de esgoto, de limpeza, de segurança pública, de controle de pragas, de transportes e de telecomunicações.
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