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'Quero abraçar meu filho pela última vez', diz mãe de brasileiro que morreu atropelado durante tiroteio em Londres

Guilherme Messias de Sousa, 23, morreu no domingo (30); brasileiro era entregador de delivery em Londres - Arquivo pessoal
Guilherme Messias de Sousa, 23, morreu no domingo (30); brasileiro era entregador de delivery em Londres Imagem: Arquivo pessoal

Luis Barrucho

Da BBC News Brasil, em Londres

02/11/2022 10h13Atualizada em 02/11/2022 10h17

O último desejo de Rosângela Messias de Sousa, de 46 anos, é poder dar um abraço em seu filho, Guilherme Messias de Sousa, de 23 anos, que morreu ao ser atropelado no último domingo (30) durante uma perseguição seguida de um tiroteio em Brixton, no sul de Londres (Reino Unido). Guilherme era entregador de delivery.

"Preciso do corpo do meu filho. Preciso abraçá-lo pela última vez", diz ela em entrevista à BBC.

"Estou muito arrasada. Meu coração está sangrando por saber que meu filho morreu trabalhando. Um filho maravilhoso, educado, que foi para Londres para trabalhar", acrescenta.

A família busca agora meios de conseguir o translado do corpo de Guilherme, para velá-lo e enterrá-lo em sua cidade natal, e conta com a mobilização de amigos do jovem.

Natural de Petrolina de Goiás (GO), Guilherme morava em Londres há dois anos. Minutos antes de terminar seu turno, ele foi derrubado de sua moto e morreu após ser atropelado por um carro em fuga. Segundo a polícia, o veículo estava envolvido em uma perseguição com outro, como parte de uma disputa entre gangues.

Após o acidente, um homem teria saltado do carro e fugido do local enquanto era perseguido por um atirador do segundo veículo.

O homem em fuga, um rapper na casa dos 20 anos, foi morto a tiros por outro que o perseguia.

A polícia ainda busca o paradeiro do atirador, que continua foragido.

Segundo Rosângela, Guilherme adorava morar em Londres e seu sonho era poder ganhar dinheiro para ter uma vida melhor e também ajudar a sua família.

"Ele era um menino respeitador, trabalhador, alegre, sorridente. Nunca poderia imaginar que isso aconteceria em uma cidade como Londres, do primeiro mundo. Não tenho nem palavras para dizer o quanto estou sofrendo".

Segundo Rosângela, mãe e filho se falavam todo dia. No domingo, eles conversaram pela manhã, mas Guilherme estava trabalhando e a comunicação foi interrompida pela qualidade da ligação.

"Fazia muito vento e eu não conseguia escutá-lo direito. Ele estava trabalhando. Disse a ele que nos falaríamos mais tarde, pois era perigoso ele falar enquanto dirigia".

Nesta segunda-feira (31), a Prefeitura de Petrolina de Goiás emitiu uma nota de pesar à morte do jovem.

"Nos solidarizamos com a família e pedimos a Deus que conforte parentes e amigos neste momento de dor", escreveu.

Tiroteios

Apesar de serem menos frequentes do que nas grandes cidades brasileiras, outros incidentes com vítimas foram registrados em Londres em 2022, três deles em julho num período de apenas seis dias.

De acordo com a Metropolitan Police, em 2021 ocorreram 134 homicídios causados por arma de fogo na cidade de Londres.

Entre 31 de outubro de 2021 e 19 de julho não houve nenhuma fatalidade causada por armas de fogo na capital britânica, segundo a Metropolitan Police.