Apoio à antecipação de eleições palestinas é paradoxo, diz jornal

da BBC, em Londres

O apoio de governos do Ocidente à convocação de eleições antecipadas para a Autoridade Palestina foi criticado em editorial do diário italiano Corriere della Sera desta segunda-feira.

No artigo intitulado “O Paradoxo Democrático”, o jornal afirma-se surpreso com o fato de países “democráticos” darem suporte ao anúncio feito pelo presidente palestino, Mahmoud Abbas, de querer antecipar as eleições para por um fim à de onda de violência nos territórios palestinos, marcada por confrontos entre membros do Fatah, partido de Abbas, e do Hamas, partido que venceu as eleições legislativas em janeiro e que governa a Autoridade Palestina.

O editorial do Corriere afirma que o uso de “meios anti-democráticos para se salvar o que resta de democracia” é um paradoxo, que vem se repetindo com uma “freqüência constrangedora”.

“A primeira manifestação macroscópica [desse paradoxo] ocorreu na Argélia, em 1991, quando um golpe interrompeu um processo eleitoral em que estavam triunfando os islâmicos anti-democráticos do FIS. Se suspendeu a democracia para se salvar a democracia. Se conhece um paradoxo mais destruidor para a consciência ocidental?”.

“A nova democracia favorece a anti-democracia: eis o paradoxo desesperador que o Ocidente não sabe enfrentar com a lucidez necessária”, diz o texto, classificando esse paradoxo como sendo “muito freqüente para não se transformar em um jogo perigoso”.

Ameaça à democracia na Rússia

No artigo “Ameaça da Direita”, publicado nesta segunda-feira, o diário de negócios moscovita Kommersant (tido como anti-Kremlin), comenta que a principal ameaça à política de "democracia administrável" do governo russo não seria "a oposição democrática mas a crescente onda de populismo nacionalista".

“Diminuir o campo de debate ‘permitido’, o desejo de ‘regulamentar’ esse debate com regras eleitorais e a incapacidade de exercer influência por meio dos partidos ‘permitidos’ fazem dessas manifestações políticas mais significantes”, diz o artigo do Kommersant, se referindo aos protestos contra o governo realizados no sábado.

“Ao contrário da oposição democrática, o populismo nacionalista não é dirigido contra as autoridades em si e pode não parecer perigoso, dando a impressão de ser ‘administrável’, se não útil. Contudo, o conflito que está se iniciando pode acabar sendo devastador para a ‘democracia administrável”, conclui.

Internacional campeão

A vitória do Internacional diante do Barcelona em Yokohama, no Campeonato Mundial da Fifa, neste domingo, mereceu atenção do jornal esportivo Gazzetta Dello Sport, de Milão.

“É uma grande lição de futebol e de vida, esta que chega de Yokohama. O Internacional de Porto Alegre, convidado (e nem mesmo de honra) no que deveria ser a apoteose do Barcelona, venceu de surpresa o Mundial de clubes, graças a uma partida taticamente perfeita e com uma coragem e determinação que fizeram diferença”, diz o texto.

“O Brasil é uma fábrica inesgotável de talentos e o duelo entre o jovem Alexandre Pato e o consagrado Carles Puyol é uma janela para o futuro”, afirma a Gazzetta. “O presente, no entanto, fala de um time que conseguiu se renovar meses depois do êxodo dos vencedores da Libertadores (Rafael Sóbis, Tinga, Bolívar, Wagner) e chegar ao teto do mundo graças à sua alma gaúcha”.

“Quem não se conteve mesmo foi o presidente do clube, que percorreu o campo com seus jogadores que erguiam a taça, que já tinha abraçado um a um, na apresentação do jogo, investindo-os da missão histórica (nos seus 97 anos, nunca o Internacional tinha chegado tão alto). Laporta [presidente do Barcelona] tinha se limitado a um aperto de mão com seus jogadores. Estilo Barça, está certo, mas a sensação de que o coração dos gaúchos batia mais forte já se tinha quando o jogo começou”, diz o jornal.


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