Empresários bolivianos rejeitam adesão ao Mercosul
da BBC, em Londres
Empresários do leste da Bolívia desaprovaram a notícia de que o presidente boliviano, Evo Morales, pedirá formalmente a incorporação do país ao Mercosul, assumindo status igual ao de Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai e Venezuela no bloco.
Segundo eles, as regras do Mercosul e da Comunidade Andina de Nações (CAN) – blocos que a Bolívia hoje integra – são incompatíveis.
O gerente-geral da Câmara Agropecuária do Oriente (CAO), Edilberto Osinaga, disse à BBC que os países membros do Mercosul, sobretudo o Brasil, produzem o mesmo que a Bolívia.
O leste boliviano é a principal área agroexportadora do país, e, mais que um mercado adicional para seus produtos, os empresários enxergam o bloco do Cone Sul como uma competição para a qual não estão preparados.
O anúncio do pedido mudança de status foi feito na terça-feira pelo ministro do Exterior boliviano, David Choquehuanca, que está em visita oficial a Brasília.
Diferentemente do que fez a Venezuela, entretanto, a Bolívia não pretende abandonar a CAN depois de se transformar em membro pleno do Mercosul.
Soja
Segundo dados do Instituto Nacional de Estatísticas boliviano, em 2006 a Bolívia registrou com os países do Mercosul um saldo comercial positivo de US$ 785 milhões (cerca de R$ 1,7 bilhão).
No entanto, este número inclui as vendas de gás, o principal produto de exportação da Bolívia.
Os principais mercados do gás boliviano são o Brasil e a Argentina, mas é preciso levar em conta que estes estão consolidados graças a acordos bilaterais e empresariais, à margem do bloco comercial.
Subtraindo-se o gás, as importações bolivianas para o Mercosul superaram em mais de 3,5 vezes as exportações em 2006: as vendas totalizaram US$ 242 milhões (cerca de R$ 520 milhões), contra US$ 855 milhões comprados, resultando em um saldo negativo de US$ 613 milhões na balança comercial.
Empresários bolivianos disseram que uma possível concorrência com o Brasil poderia se dar no caso da soja, que encabeça a lista de exportações não tradicionais do país.
Edilberto Osinaga, da CAO, afirmou que, diferente do Brasil, a Bolívia não tem uma infra-estrutura para desenvolver sua agroindústria.
Para ele, a Bolívia ainda precisa se preparar "para não competir em condições desiguais".
Mercosul x CAN
A vice-ministra de Relações Econômicas e Comércio Exterior da Bolívia, María Luisa Ramos, que viajou ao Brasil para negociar a entrada da Bolívia no Mercosul no ano que vem, disse à BBC que o governo está dando impulso à entrada no Mercosul, mas sem deixar a CAN.
Ramos disse que o governo boliviano pretende "dar lugar a uma discussão ampla" dentro da Comunidade Sulamericana de Nações para conseguir uma maior integração entre os dois blocos.
Mas o gerente-geral do Instituto Boliviano de Comércio Exterior (IBCE), Gary Rodríguez, considera que não é possível pertencer a dois blocos ao mesmo tempo, pois as normas tarifárias são diferenciadas.
Segundo ele, que qualificou de "ação funesta" a decisão do governo de se integrar ao bloco, o comércio da Bolívia com o Mercosul é deficitário e representa apenas a quinta parte do que a CAN exporta.
Na terça-feira o IBCE emitiu uma nota à imprensa alertando que a entrada da Bolívia "levaria o país a perder sua condição de membro pleno da CAN, com sérias repercussões para as agro-exportações bolivianas, que são o bastião das vendas não tradicionais do país".
O documento afirma que, por esta incompatibilidade, a Venezuela teve que abandonar a CAN para se unir ao Mercosul.
A vice-ministra Maria Luísa Ramos reconheceu que as normas da CAN impedem a Bolívia de participar em outro bloco, mas "é preciso discutir para superar esta normativa".
O Mercosul é formado por Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai. Bolívia e Chile são países associados.
A CAN tem como membros a Bolívia, Colômbia, Equador e Peru.
Em 2006, a Venezuela abandonou o bloco andino para se integrar ao Mercosul.
Segundo eles, as regras do Mercosul e da Comunidade Andina de Nações (CAN) – blocos que a Bolívia hoje integra – são incompatíveis.
O gerente-geral da Câmara Agropecuária do Oriente (CAO), Edilberto Osinaga, disse à BBC que os países membros do Mercosul, sobretudo o Brasil, produzem o mesmo que a Bolívia.
O leste boliviano é a principal área agroexportadora do país, e, mais que um mercado adicional para seus produtos, os empresários enxergam o bloco do Cone Sul como uma competição para a qual não estão preparados.
O anúncio do pedido mudança de status foi feito na terça-feira pelo ministro do Exterior boliviano, David Choquehuanca, que está em visita oficial a Brasília.
Diferentemente do que fez a Venezuela, entretanto, a Bolívia não pretende abandonar a CAN depois de se transformar em membro pleno do Mercosul.
Soja
Segundo dados do Instituto Nacional de Estatísticas boliviano, em 2006 a Bolívia registrou com os países do Mercosul um saldo comercial positivo de US$ 785 milhões (cerca de R$ 1,7 bilhão).
No entanto, este número inclui as vendas de gás, o principal produto de exportação da Bolívia.
Os principais mercados do gás boliviano são o Brasil e a Argentina, mas é preciso levar em conta que estes estão consolidados graças a acordos bilaterais e empresariais, à margem do bloco comercial.
Subtraindo-se o gás, as importações bolivianas para o Mercosul superaram em mais de 3,5 vezes as exportações em 2006: as vendas totalizaram US$ 242 milhões (cerca de R$ 520 milhões), contra US$ 855 milhões comprados, resultando em um saldo negativo de US$ 613 milhões na balança comercial.
Empresários bolivianos disseram que uma possível concorrência com o Brasil poderia se dar no caso da soja, que encabeça a lista de exportações não tradicionais do país.
Edilberto Osinaga, da CAO, afirmou que, diferente do Brasil, a Bolívia não tem uma infra-estrutura para desenvolver sua agroindústria.
Para ele, a Bolívia ainda precisa se preparar "para não competir em condições desiguais".
Mercosul x CAN
A vice-ministra de Relações Econômicas e Comércio Exterior da Bolívia, María Luisa Ramos, que viajou ao Brasil para negociar a entrada da Bolívia no Mercosul no ano que vem, disse à BBC que o governo está dando impulso à entrada no Mercosul, mas sem deixar a CAN.
Ramos disse que o governo boliviano pretende "dar lugar a uma discussão ampla" dentro da Comunidade Sulamericana de Nações para conseguir uma maior integração entre os dois blocos.
Mas o gerente-geral do Instituto Boliviano de Comércio Exterior (IBCE), Gary Rodríguez, considera que não é possível pertencer a dois blocos ao mesmo tempo, pois as normas tarifárias são diferenciadas.
Segundo ele, que qualificou de "ação funesta" a decisão do governo de se integrar ao bloco, o comércio da Bolívia com o Mercosul é deficitário e representa apenas a quinta parte do que a CAN exporta.
Na terça-feira o IBCE emitiu uma nota à imprensa alertando que a entrada da Bolívia "levaria o país a perder sua condição de membro pleno da CAN, com sérias repercussões para as agro-exportações bolivianas, que são o bastião das vendas não tradicionais do país".
O documento afirma que, por esta incompatibilidade, a Venezuela teve que abandonar a CAN para se unir ao Mercosul.
A vice-ministra Maria Luísa Ramos reconheceu que as normas da CAN impedem a Bolívia de participar em outro bloco, mas "é preciso discutir para superar esta normativa".
O Mercosul é formado por Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai. Bolívia e Chile são países associados.
A CAN tem como membros a Bolívia, Colômbia, Equador e Peru.
Em 2006, a Venezuela abandonou o bloco andino para se integrar ao Mercosul.