Ligações perigosas (e caras)
da BBC, em Londres
Sino faz blim, sino faz blom e o bom velhinho (não me refiro a Oscar Niemeyer) se prepara para descer pelas chaminés do mundo e deixar em torno da árvore, nos sapatinhos e nas meias dependuradas diante da fogueira, presentes, presentinhos e presentões.
Ou seja, você, “seu” doutor, ou “dona” Maria, vão gastar uma nota entre si e a garotada. Para não falar do que vão ter que dar, mais às escondidas que Papai Noel, para a “outra” e/ou o “outro”.
É verdade, a ocasião não pode ser mais inoportuna mas, na minha eterna luta contra a passividade da burguesia, somada ao meu destemor diante dos preconceitos, vou, escrevo e berro: tem muita gente passando muita gente para trás!
É o caso extraconjugal! É o danado do affair extramarital. Em bom português dos dois lados do Atlântico: adultério!
Dizem que, em matéria de se passar o ou a parceira para trás nos gibis, nos almanaques e nos Livros Guinness de Recordes (aliás uma boa sugestão de presente. Para os filhos, para o “caso”).
Aqui no Reino Unido, onde não só se trai a fidelidade conjugal, como em todo mundo, mas também há uma gente que estuda os fatos e dados relativos à marotagem, mantendo simultaneamente uma saudável distância dos motéis e dos encontros clandestinos à tarde, ou mesmo pela manhã, como parece que é hábito em certas regiões mais atrasadas do país.
Esses estudiosos dos chifres (e como usá-los) publicaram agora mesmo, em pleno período natalino, números e cifras relativos à mais antiga das traições.
Foram divulgados na imprensa com a mesma discrição do sujeito que – olha só o lugar-comum – liga para casa dizendo que vai ter que ficar até mais tarde no escritório, para na sexta-feira sua senhora (elas, as traídas, são sempre “senhoras” e “esposas”, nunca “mulheres”. Mulher de verdade mesmo é a “outra”. E a Amélia, conforme prega, reza e ora o samba de Ataulfo Alves e Mário Lago), sua senhora, dizia eu, encontrar mancha de batom na camisa do maridinho e sair cantarolando (minha perdição é nosso cancioneiro) “Vingança”, de Lupiscínio Rodrigues.
Aos cifrões
Não sei quanto sai o adultério no Brasil. No meu tempo, era baratíssimo, de graça mesmo, eu diria. As melhores adúlteras não tinham, literalmente, preço.
Mas aqui e agora, nesta primeira década do século XXI, nestas ilhas, os peritos no assunto – peritos platônicos --, os tais estudiosos, garantem que um “caso” sai, no mínimo, por perto de 16 mil dólares por ano.
Estou traduzindo as cifras. O dinheiro é em libras, a não ser em caso de fim-de-semana pecaminoso em Nova York. Paro, diante do casal flagrado, a tentar esconder seus rostos, e me faço a pergunta óbvia: como é que os técnicos chegaram a essa conclusão?
Como é que podem afirmar que o vil metal dos pobres pecadores vai para, segundo eles, chocolate, flores e roupa de baixo? Ah, a tristeza desses chocolates! Ah, a melancolia dessas flores!
Quem é que ainda pratica o adultério e dá flores e chocolate? E a roupa de baixo, minha Nossa? Calcinhas, confere? São, ao menos, daquelas que se compra nas boas lojas dos maus bairros, feito o Soho, aqui em Londres, e que podem ser comidas com arroz e feijão, ou uma pizza Margherita? Quem são esses adúlteros?
Sou todo perguntas. Sou todo respostas também. Não valem o que o gato enterra, esses camaradas que confessam suas intimidades. Nem eles, nem as esposas, nem as “outras”. Uma gentinha das mais pobres e indignas de constituir matéria acadêmica.
Por fim, 11% dos entrevistados (só um imbecil entra nessa percentagem) garantiram que adoram passar um weekend pecaminoso com suas parceiras de safadezas certamente pouco imaginativas. Parece que os chocolates e o etc renderam.
Na minha época, as mulheres adúlteras é que davam presentes. Sim, não eram cuequinhas comestíveis, mas ocasionalmente um suéter de cashmere até que razoável.
Ou seja, você, “seu” doutor, ou “dona” Maria, vão gastar uma nota entre si e a garotada. Para não falar do que vão ter que dar, mais às escondidas que Papai Noel, para a “outra” e/ou o “outro”.
É verdade, a ocasião não pode ser mais inoportuna mas, na minha eterna luta contra a passividade da burguesia, somada ao meu destemor diante dos preconceitos, vou, escrevo e berro: tem muita gente passando muita gente para trás!
É o caso extraconjugal! É o danado do affair extramarital. Em bom português dos dois lados do Atlântico: adultério!
Dizem que, em matéria de se passar o ou a parceira para trás nos gibis, nos almanaques e nos Livros Guinness de Recordes (aliás uma boa sugestão de presente. Para os filhos, para o “caso”).
Aqui no Reino Unido, onde não só se trai a fidelidade conjugal, como em todo mundo, mas também há uma gente que estuda os fatos e dados relativos à marotagem, mantendo simultaneamente uma saudável distância dos motéis e dos encontros clandestinos à tarde, ou mesmo pela manhã, como parece que é hábito em certas regiões mais atrasadas do país.
Esses estudiosos dos chifres (e como usá-los) publicaram agora mesmo, em pleno período natalino, números e cifras relativos à mais antiga das traições.
Foram divulgados na imprensa com a mesma discrição do sujeito que – olha só o lugar-comum – liga para casa dizendo que vai ter que ficar até mais tarde no escritório, para na sexta-feira sua senhora (elas, as traídas, são sempre “senhoras” e “esposas”, nunca “mulheres”. Mulher de verdade mesmo é a “outra”. E a Amélia, conforme prega, reza e ora o samba de Ataulfo Alves e Mário Lago), sua senhora, dizia eu, encontrar mancha de batom na camisa do maridinho e sair cantarolando (minha perdição é nosso cancioneiro) “Vingança”, de Lupiscínio Rodrigues.
Aos cifrões
Não sei quanto sai o adultério no Brasil. No meu tempo, era baratíssimo, de graça mesmo, eu diria. As melhores adúlteras não tinham, literalmente, preço.
Mas aqui e agora, nesta primeira década do século XXI, nestas ilhas, os peritos no assunto – peritos platônicos --, os tais estudiosos, garantem que um “caso” sai, no mínimo, por perto de 16 mil dólares por ano.
Estou traduzindo as cifras. O dinheiro é em libras, a não ser em caso de fim-de-semana pecaminoso em Nova York. Paro, diante do casal flagrado, a tentar esconder seus rostos, e me faço a pergunta óbvia: como é que os técnicos chegaram a essa conclusão?
Como é que podem afirmar que o vil metal dos pobres pecadores vai para, segundo eles, chocolate, flores e roupa de baixo? Ah, a tristeza desses chocolates! Ah, a melancolia dessas flores!
Quem é que ainda pratica o adultério e dá flores e chocolate? E a roupa de baixo, minha Nossa? Calcinhas, confere? São, ao menos, daquelas que se compra nas boas lojas dos maus bairros, feito o Soho, aqui em Londres, e que podem ser comidas com arroz e feijão, ou uma pizza Margherita? Quem são esses adúlteros?
Sou todo perguntas. Sou todo respostas também. Não valem o que o gato enterra, esses camaradas que confessam suas intimidades. Nem eles, nem as esposas, nem as “outras”. Uma gentinha das mais pobres e indignas de constituir matéria acadêmica.
Por fim, 11% dos entrevistados (só um imbecil entra nessa percentagem) garantiram que adoram passar um weekend pecaminoso com suas parceiras de safadezas certamente pouco imaginativas. Parece que os chocolates e o etc renderam.
Na minha época, as mulheres adúlteras é que davam presentes. Sim, não eram cuequinhas comestíveis, mas ocasionalmente um suéter de cashmere até que razoável.