Lucas Mendes: Papai Noel e os bandidos
da BBC, em Londres
Não, esta coluna não é sobre os assaltantes de Brasília e os 91%. É sobre o prefeito Cory Booker e os bandidos de Newark, um dos sovacos do mundo.
Do outro lado do rio Hudson, a maior cidade de Nova Jersey é uma das mais pobres e violentas dos Estados Unidos. Antes do dia de Natal, vai contabilizar mais um homicídio e quebrar seu próprio recorde, conquistado em 1995, quando 101 pessoas foram assassinadas. Per capita, tem três vezes mais homicídios do que Nova York.
Em geral são crimes de gangues e traficantes em conjuntos residenciais decadentes infestados de armas e drogas, mas entre as vítimas há dezenas de inocentes sem conexões criminosas.
Aqui entra nosso personagem, Cory Booker. Ele se formou em Direito em Yale e, logo depois, há dez anos, se elegeu vereador em Newark. Em vez de morar nos bairros mais seguros da cidade, como os outros políticos, Booker acampou no mais violento e empobrecido dos conjuntos habitacionais de Newark.
Com exceção de prédios e das ruas, há pouca diferença entre uma favela do Rio e um destes conjuntos residenciais operados pelo Estado.
A barraca de Booker amanhecia cheia de cocô e lixo dos bandidos, mas o prefeito, vexado, foi obrigado a mandar a polícia proteger Booker. As câmeras e os repórteres foram junto. Em pouco tempo, o jovem vereador se tornou figura nacional e tema de um documentário indicado para o Oscar.
Booker saiu da barraca para um trailer e passou a morar noutras favelas, sempre atraindo a proteção policial. A chegada dele atrapalhava não só o comércio das drogas como chamava atenção para a miséria e a sujeira reinantes. A prefeitura era obrigada a agir.
Booker alugou um apartamento no 16º andar do pior prédio da cidade, o Brick Towers, onde, com freqüência, não havia água, aquecimento nem elevador.
Ele pagava US$ 575 por mês, mas a maioria dos 300 apartamentos estavam abandonados. As ameaças de morte se tornaram rotineiras para o vereador.
Eleito prefeito este ano, com um salário anual de US$ 140 mil e 4 mil funcionários à disposição, Cory Booker continuou morando nas perigosas torres até ser expulso porque o prédio foi fechado para renovação.
Para tristeza dos pais e parentes que gostam de visitá-lo, Booker mudou-se para outra favela infestada de bandidos, mas a chegada dele é mais festejada pelos moradores do que a do Papai Noel.
Os bandidos somem, o crime diminui e os imóveis se valorizam. Nestes primeiros seis meses de mandato, adotou várias medidas de segurança semelhantes às de Nova York e houve grande redução em todos os tipos de crimes, inclusive homicídios.
Quando Booker tomou posse já herdou um número alto, e o recorde infame de 102 mortes até o Natal será inevitável. Mas neste Papai Noel eu acredito.
Do outro lado do rio Hudson, a maior cidade de Nova Jersey é uma das mais pobres e violentas dos Estados Unidos. Antes do dia de Natal, vai contabilizar mais um homicídio e quebrar seu próprio recorde, conquistado em 1995, quando 101 pessoas foram assassinadas. Per capita, tem três vezes mais homicídios do que Nova York.
Em geral são crimes de gangues e traficantes em conjuntos residenciais decadentes infestados de armas e drogas, mas entre as vítimas há dezenas de inocentes sem conexões criminosas.
Aqui entra nosso personagem, Cory Booker. Ele se formou em Direito em Yale e, logo depois, há dez anos, se elegeu vereador em Newark. Em vez de morar nos bairros mais seguros da cidade, como os outros políticos, Booker acampou no mais violento e empobrecido dos conjuntos habitacionais de Newark.
Com exceção de prédios e das ruas, há pouca diferença entre uma favela do Rio e um destes conjuntos residenciais operados pelo Estado.
A barraca de Booker amanhecia cheia de cocô e lixo dos bandidos, mas o prefeito, vexado, foi obrigado a mandar a polícia proteger Booker. As câmeras e os repórteres foram junto. Em pouco tempo, o jovem vereador se tornou figura nacional e tema de um documentário indicado para o Oscar.
Booker saiu da barraca para um trailer e passou a morar noutras favelas, sempre atraindo a proteção policial. A chegada dele atrapalhava não só o comércio das drogas como chamava atenção para a miséria e a sujeira reinantes. A prefeitura era obrigada a agir.
Booker alugou um apartamento no 16º andar do pior prédio da cidade, o Brick Towers, onde, com freqüência, não havia água, aquecimento nem elevador.
Ele pagava US$ 575 por mês, mas a maioria dos 300 apartamentos estavam abandonados. As ameaças de morte se tornaram rotineiras para o vereador.
Eleito prefeito este ano, com um salário anual de US$ 140 mil e 4 mil funcionários à disposição, Cory Booker continuou morando nas perigosas torres até ser expulso porque o prédio foi fechado para renovação.
Para tristeza dos pais e parentes que gostam de visitá-lo, Booker mudou-se para outra favela infestada de bandidos, mas a chegada dele é mais festejada pelos moradores do que a do Papai Noel.
Os bandidos somem, o crime diminui e os imóveis se valorizam. Nestes primeiros seis meses de mandato, adotou várias medidas de segurança semelhantes às de Nova York e houve grande redução em todos os tipos de crimes, inclusive homicídios.
Quando Booker tomou posse já herdou um número alto, e o recorde infame de 102 mortes até o Natal será inevitável. Mas neste Papai Noel eu acredito.