Reformas opõem estudantes e governo no Irã
da BBC, em Londres
Estudantes iranianos acusam o presidente Mahmoud Ahmadinejad de forçar uma "segunda revolução cultural" nas universidades do país, com muitos professores se aposentando compulsoriamente e estudantes politicamente ativos sendo ameaçados de expulsão.
A exemplo do que ocorreu depois da revolução de 1979, quando o aiatolá Khomeini transformou o Irã de monarquia autocrática pró-Ocidente a república teocrática islâmica, o governo está tentando reforçar os valores reilgiosos nas instituições laicas do país, dizem os estudantes.
A insatisfação estudantil explodiu com um desafio sem precedentes a Ahmadinejad, durante uma visita presidencial à Universidade Amir Kabir, em Teerã, no dia 12 de dezembro.
Fotos tiradas por celular mostravam estudantes enfurecidos cantando slogans contra o presidente, taxando-o de facista e acusando-o de ser uma marionete dos políticos linha-dura.
Em tom de zombaria, os estudantes seguravam retratos de Ahmadinejad de cabeça para baixo. Em seguida, os retratos eram incendiados.
No dia anterior à visita do presidente, a universidade vivia um tumulto, com estudantes gritando: "Morte ao ditador".
A televisão iraniana mostrou apenas poucos segundos das manifestações. Mais tarde, Ahmadinejad afirmou que os protestos mostram que a liberdade de expressão no Irã é maior hoje que nos seus tempos de estudante, quando o país ainda vivia sob o comando do xá Reza Pahlevi.
Oposição
Quando Ahmadinejad assumiu o poder, em junho de 2005, as universidades iranianas passavam por um período de tranqüilidade.
Mas tentativas oficiais de evitar que os estudantes se envolvessem em política acabou criando antagonismos.
"Eles (o governo) aumentaram a pressão para assustar os estudantes", afirma o ativista Ali Nikoo Nesbati.
"Fizeram isso para enviar uma mensagem de que se você quer ser ativo politicamente, terá problemas no futuro", disse.
No último ano, de acordo com os ativistas, 181 estudantes receberam cartas alertando-os a não se envolverem em política, enquanto 47 publicações e 28 organizações de estudantes foram fechadas.
"Eles me ameaçaram, dizendo que se eu falasse com a imprensa a situação poderia piorar", contou Mehdi Aminzadeh, cuja militância acabou lhe rendendo a prisão, processos contra ele na Justiça e a proibição de fazer o mestrado em ciências políticas.
"Se nos mantivermos em silêncio é mais fácil para eles fazer o mesmo com outras pessoas", disse.
'Três estrelas'
Mehdi é no Irã o que se chama, perversamente, de estudante três estrelas - alguém que tem três marcas negativas por ativismo político. É o suficiente para justificar a expulsão da universidade.
"Não estamos trabalhando contra o sistema aqui. A constituição nos deu este direito à educação", disse o estudante Mohammad Gharib Sajadi, que também foi expulso.
Para o vencedor do Prêmio Nobel da Paz e advogado do setor de direitos humanos, Shirin Ebadi, " a liberdade de expressão está sendo restrita mais do que nunca no Irã".
"Eles pensam que os estudantes devem apenas ir para as aulas, ler os livros e voltar para casa, sem se envolver em questões sociais e políticas da sociedade. Isso é pedir demais!", diz Ebadi.
O presidente Ahmadinejad nega que seu governo esteja intimidando os estudantes, e afirma que criou uma atmosfera aberta nas universidades.
"Os ouvidos do governo estão abertos para ouvir (os estudantes)", disse o presidente, referindo-se a exigências dos estudantes durante uma entrevista coletiva.
Professores
Foi o presidente quem indicou, pela primeira vez desde a revolução de 1979, um clérigo para chefiar a Universidade de Teerã, a de maior prestígio do país e também a mais politizada.
Ahmadinejad disse que o novo reitor, o aiatolá Amid-Zanjani, será simpático aos estudantes, andando com eles e fazendo visitas aos seus alojamentos.
Mas, na primeira vez que Amid-Zanjani entrou no prédio, os estudantes protestaram, e derrubaram o turbante do reitor - um sinal de extremo desrespeito para um clérigo.
"Se eu não estivesse bem protegido, teria sido sufocado, e havia a possibilidade de um crime, como assassinato, ter acontecido", disse ele, depois do incidente.
O novo reitor forçou 45 professores a pedirem a aposentadoria, alegando que eles já tinham ultrapassado a idade de trabalho - apesar de os funcionários serem mais jovens do que ele.
Amid-Zanjani alegou que a maioria dos docentes aposentados não tinha nível para atingir o status de professor titular na Universidade.
O estudante e ativista Abdullah Momeni afirmou que as demissões se assemelham a "um processo de limpeza para se livrar dos intelectuais que são seculares e oponentes do governo".
Segundo ele, a "purificação" começou depois que o presidente Ahmadinejad expressou seu desejo de remover o pensamento liberal e secular das universidades.
A exemplo do que ocorreu depois da revolução de 1979, quando o aiatolá Khomeini transformou o Irã de monarquia autocrática pró-Ocidente a república teocrática islâmica, o governo está tentando reforçar os valores reilgiosos nas instituições laicas do país, dizem os estudantes.
A insatisfação estudantil explodiu com um desafio sem precedentes a Ahmadinejad, durante uma visita presidencial à Universidade Amir Kabir, em Teerã, no dia 12 de dezembro.
Fotos tiradas por celular mostravam estudantes enfurecidos cantando slogans contra o presidente, taxando-o de facista e acusando-o de ser uma marionete dos políticos linha-dura.
Em tom de zombaria, os estudantes seguravam retratos de Ahmadinejad de cabeça para baixo. Em seguida, os retratos eram incendiados.
No dia anterior à visita do presidente, a universidade vivia um tumulto, com estudantes gritando: "Morte ao ditador".
A televisão iraniana mostrou apenas poucos segundos das manifestações. Mais tarde, Ahmadinejad afirmou que os protestos mostram que a liberdade de expressão no Irã é maior hoje que nos seus tempos de estudante, quando o país ainda vivia sob o comando do xá Reza Pahlevi.
Oposição
Quando Ahmadinejad assumiu o poder, em junho de 2005, as universidades iranianas passavam por um período de tranqüilidade.
Mas tentativas oficiais de evitar que os estudantes se envolvessem em política acabou criando antagonismos.
"Eles (o governo) aumentaram a pressão para assustar os estudantes", afirma o ativista Ali Nikoo Nesbati.
"Fizeram isso para enviar uma mensagem de que se você quer ser ativo politicamente, terá problemas no futuro", disse.
No último ano, de acordo com os ativistas, 181 estudantes receberam cartas alertando-os a não se envolverem em política, enquanto 47 publicações e 28 organizações de estudantes foram fechadas.
"Eles me ameaçaram, dizendo que se eu falasse com a imprensa a situação poderia piorar", contou Mehdi Aminzadeh, cuja militância acabou lhe rendendo a prisão, processos contra ele na Justiça e a proibição de fazer o mestrado em ciências políticas.
"Se nos mantivermos em silêncio é mais fácil para eles fazer o mesmo com outras pessoas", disse.
'Três estrelas'
Mehdi é no Irã o que se chama, perversamente, de estudante três estrelas - alguém que tem três marcas negativas por ativismo político. É o suficiente para justificar a expulsão da universidade.
"Não estamos trabalhando contra o sistema aqui. A constituição nos deu este direito à educação", disse o estudante Mohammad Gharib Sajadi, que também foi expulso.
Para o vencedor do Prêmio Nobel da Paz e advogado do setor de direitos humanos, Shirin Ebadi, " a liberdade de expressão está sendo restrita mais do que nunca no Irã".
"Eles pensam que os estudantes devem apenas ir para as aulas, ler os livros e voltar para casa, sem se envolver em questões sociais e políticas da sociedade. Isso é pedir demais!", diz Ebadi.
O presidente Ahmadinejad nega que seu governo esteja intimidando os estudantes, e afirma que criou uma atmosfera aberta nas universidades.
"Os ouvidos do governo estão abertos para ouvir (os estudantes)", disse o presidente, referindo-se a exigências dos estudantes durante uma entrevista coletiva.
Professores
Foi o presidente quem indicou, pela primeira vez desde a revolução de 1979, um clérigo para chefiar a Universidade de Teerã, a de maior prestígio do país e também a mais politizada.
Ahmadinejad disse que o novo reitor, o aiatolá Amid-Zanjani, será simpático aos estudantes, andando com eles e fazendo visitas aos seus alojamentos.
Mas, na primeira vez que Amid-Zanjani entrou no prédio, os estudantes protestaram, e derrubaram o turbante do reitor - um sinal de extremo desrespeito para um clérigo.
"Se eu não estivesse bem protegido, teria sido sufocado, e havia a possibilidade de um crime, como assassinato, ter acontecido", disse ele, depois do incidente.
O novo reitor forçou 45 professores a pedirem a aposentadoria, alegando que eles já tinham ultrapassado a idade de trabalho - apesar de os funcionários serem mais jovens do que ele.
Amid-Zanjani alegou que a maioria dos docentes aposentados não tinha nível para atingir o status de professor titular na Universidade.
O estudante e ativista Abdullah Momeni afirmou que as demissões se assemelham a "um processo de limpeza para se livrar dos intelectuais que são seculares e oponentes do governo".
Segundo ele, a "purificação" começou depois que o presidente Ahmadinejad expressou seu desejo de remover o pensamento liberal e secular das universidades.