Wall Street vê 'sinal ruim' na política fiscal
da BBC, em Londres
O aumento do salário mínimo para R$ 380 e o reajuste da tabela do Imposto de Renda dificultam ainda mais o controle das contas públicas e ameaçam o esforço do governo de aumentar a sua capacidade de investir, segundo economistas de Wall Street ouvidos pela BBC Brasil.
"Quando o mercado esperava cortes e uma atitude mais responsável do ponto de vista fiscal, vimos o contrário", afirmou o economista responsável pela área de América Latina no banco de investimentos Dresdner Kleinwort Wasserstein, Nuno Camara.
Para Camara, o acordo entre governo e sindicatos é uma "sinalização muito ruim" para o segundo mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva porque mostra que "a opinião (do Ministério) da Fazenda não tem prevalecido".
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, defendia um reajuste dos atuais R$ 350 para R$ 367.
Somados, o aumento do mínimo e o reajuste da tabela do IR deverão custar R$ 1,1 bilhão aos cofres públicos.
Menos investimentos
O economista para a América Latina do banco Goldman Sachs, Alberto Ramos, diz que na prática as medidas significam que a despesa corrente continua aumentando e que será mais dificil encontrar espaço no orçamento de 2007 para aumentar investimentos.
Segundo Ramos, a falta de investimentos não só impede um crescimento mais robusto da economia, como compromete a médio prazo o controle da inflação e, por extensão, o ganho de poder aquisitivo obtido com o aumento do mínimo.
"Se você não investe e aumenta a renda, acaba tendo um crescimento da demanda sem que haja um crescimento da oferta. Isso gera inflação, que corrói o mímimo", explica Alberto Ramos.
Para o economista, a "perda fiscal não programada" restringe ainda mais as opções do governo na elaboração de um pacote de medidas para aumentar a sua capacidade de investir e estimular o crescimento, cuja divulgação estava prevista para esta quinta-feira e foi adiada para 2007. "A ginástica vai ter que vai ser maior", disse Ramos.
Já Maria Cristina Cacciamali, professora de Economia do Trabalho da Faculdade de Economia e Administração da USP, destaca o impacto "direto e positivo" que o aumento do mínimo teria na desigualdade na distribuição de renda.
"O primeiro efeito seria sobre o aumento do consumo dos grupos menos favorecidos em termos de renda e o segundo aspecto seria sobre a diminuição do leque salarial no longo e médio prazo", disse Cacciamali, em entrevista à Agência Brasil.
Mesmo antes do acordo, economistas ouvidos pela BBC Brasil mostravam-se preocupados com o impacto fiscal do pacote de medidas estudado pelo governo.
Na expectativa de que o pacote de estímulo à economia fosse anunciado nesta quinta-feira, o diretor do Centro Brasileiro de Infra-Estrutura, Adriano Pires, temia que o governo ficasse "desesperado para liberar investimento" e adotasse medidas que "contaminassem a estabilidade econômica".
"Quando o mercado esperava cortes e uma atitude mais responsável do ponto de vista fiscal, vimos o contrário", afirmou o economista responsável pela área de América Latina no banco de investimentos Dresdner Kleinwort Wasserstein, Nuno Camara.
Para Camara, o acordo entre governo e sindicatos é uma "sinalização muito ruim" para o segundo mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva porque mostra que "a opinião (do Ministério) da Fazenda não tem prevalecido".
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, defendia um reajuste dos atuais R$ 350 para R$ 367.
Somados, o aumento do mínimo e o reajuste da tabela do IR deverão custar R$ 1,1 bilhão aos cofres públicos.
Menos investimentos
O economista para a América Latina do banco Goldman Sachs, Alberto Ramos, diz que na prática as medidas significam que a despesa corrente continua aumentando e que será mais dificil encontrar espaço no orçamento de 2007 para aumentar investimentos.
Segundo Ramos, a falta de investimentos não só impede um crescimento mais robusto da economia, como compromete a médio prazo o controle da inflação e, por extensão, o ganho de poder aquisitivo obtido com o aumento do mínimo.
"Se você não investe e aumenta a renda, acaba tendo um crescimento da demanda sem que haja um crescimento da oferta. Isso gera inflação, que corrói o mímimo", explica Alberto Ramos.
Para o economista, a "perda fiscal não programada" restringe ainda mais as opções do governo na elaboração de um pacote de medidas para aumentar a sua capacidade de investir e estimular o crescimento, cuja divulgação estava prevista para esta quinta-feira e foi adiada para 2007. "A ginástica vai ter que vai ser maior", disse Ramos.
Já Maria Cristina Cacciamali, professora de Economia do Trabalho da Faculdade de Economia e Administração da USP, destaca o impacto "direto e positivo" que o aumento do mínimo teria na desigualdade na distribuição de renda.
"O primeiro efeito seria sobre o aumento do consumo dos grupos menos favorecidos em termos de renda e o segundo aspecto seria sobre a diminuição do leque salarial no longo e médio prazo", disse Cacciamali, em entrevista à Agência Brasil.
Mesmo antes do acordo, economistas ouvidos pela BBC Brasil mostravam-se preocupados com o impacto fiscal do pacote de medidas estudado pelo governo.
Na expectativa de que o pacote de estímulo à economia fosse anunciado nesta quinta-feira, o diretor do Centro Brasileiro de Infra-Estrutura, Adriano Pires, temia que o governo ficasse "desesperado para liberar investimento" e adotasse medidas que "contaminassem a estabilidade econômica".