Presidente eleito do Equador cancela visita à Colômbia

da BBC, em Londres

O presidente eleito do Equador, Rafael Correa, anunciou a suspensão de uma visita à Colômbia, em protesto contra as pulverizações aéreas de herbicidas contra plantações de coca na fronteira entre os dois países.

"Com muita dor decidi suspender a visita à Bogotá", disse Correa na quinta-feira, no final de uma entrevista coletiva conjunta com seu colega, o venezuelano Hugo Chávez no Palácio de Miraflores em Caracas.

"Com profunda dor, pois na verdade isto nos custa muito, tivermos que anunciar ao chanceler da Colômbia que, enquanto continuarem nos bombardeando com glifosato na fronteira (...) eu não poderia estar em Bogotá."

Correa pediu que as pulverizações fossem suspensas durante o tempo de sua visita na Colômbia, na noite de quinta e durante o dia nesta sexta-feira. O
governo colombiano não aceitou o pedido.

O Equador, que afirma que o herbicida usado pela Colômbia pode representar um perigo à saúde da população local, recentemente chamou de volta seu embaixador em Bogotá por causa da operação na fronteira.

O governo colombiano diz que o grupo guerrilheiro FARC, as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, teria intencionalmente plantado coca na fronteira.

Correa disse que conversou com o presidente da Colômbia, Alvaro Uribe, que estaria considerando uma viagem ao Equador para discutir o assunto.

"Somos povos irmãos, os braços também estão abertos para o presidente (Álvaro) Uribe. Poderemos conversar quando ele desejar", disse.

'Integração'

Sentado ao seu lado na coletiva, o presidente venezuelano Hugo Chávez não fez comentários. Ao receber Correa no aeroporto na quinta-feira, o venezuelano garantiu que é solidário no que definiu como uma "luta por justiça".

O presidente eleito equatoriano encerrou sua visita de dois dias a Caracas na qual firmou uma declaração conjunta sobre cooperação energética e integração regional na qual os dois governos começarão a trabalhar quando Correa tomar posse em janeiro.

Na declaração se estabelece que a estatal Petróleos de Venezuela (PDVSA) coordenará com a Petroecuador o refinamento de petróleo cru equatoriano em instalações venezuelanas, na ordem de 100 mil barris, segundo disse o presidente Chávez.

"Vamos emprestar nossa capacidade instalada em nossas refinarias (...). Nós traremos o petróleo, refinaremos e eles vão levar o produto. (...) Nenhum centavo de ganância", disse Chávez ao comentar o acordo.

Segundo o venezuelano, o acordo com Correa é parte do esquema de "integração verdadeira, bolivariana".

Os dois líderes criticaram os sistemas de integração que existem na América Latina atualmente, dominados, segundo os presidentes, pela lógica "neobliberal" que, como eles afirmaram, "desintegra mais do que integra".

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