Le Figaro: Execução de Saddam foi "fracasso sórdido"
da BBC, em Londres
Dois dias depois da execução de Saddam Hussein, a imprensa internacional deu destaque ao vazamento das imagens de seu enforcamento, questionando o tratamento dado ao ex-presidente iraquiano em seus últimos momentos e os efeitos do evento no futuro do Iraque.
No editorial “O Iraque merecia coisa melhor”, o diário francês Le Figaro ataca a suposta contribuição que a execução de Saddam possa ter dado ao processo de reconstrução e estabilização do país.
“No sábado pela manhã, depois de um processo inacabado e de um enforcamento precoce, o Iraque se privou definitivamente de um exercício de memória nacional. Nunca, por exemplo, Saddam será condenado pelo mais chocante de seus atos, a morte de cinco mil curdos em 1988, na cidade de Halabja. Os curdos do Iraque, que tratam o episódio como genocídio, esperavam um processo e as desculpas de uma comunidade internacional estranhamente muda à época”, afirma o Figaro.
O diário francês também fala das irregularidades claras que o julgamento de Saddam apresentou, com advogados de defesa sendo mortos e juízes afastados por “parcialidade” em favor do acusado.
“A execução em si exibe a náusea do fracasso da reconstrução de um Estado iraquiano e seu naufrágio em meio a uma violência endêmica. Diante da forca, até o último momento, oficiais xiitas trocaram insultos com o condenado à morte, e slogans pró-xiitas ressoavam enquanto executores e guardas tinham licença para filmar o enforcamento com seus celulares. O fracasso sórdido já teve suas conseqüências. Ainda que no sábado tenha sido executado um dirigente sem escrúpulos, que governou por trinta anos, às vezes como tirano sanguinário, às vezes como mafioso e às vezes como predador regional, em seu últimos momentos, ele manteve a dignidade diante da dança desordenada de seus executores que usavam capuzes negros. Os iraquianos mereciam coisa melhor”.
Novo comando da ONU
A posse do novo secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), o sul-coreano Ban Ki-moon, foi o assunto escolhido pelo editorial do diário britânico The Independent na edição desta segunda-feira.
No texto “Dando uma voz global aos pobres e fracos”, o jornal discute a posse de Ban Ki-moon, o primeiro asiático em trinta anos a dirigir a entidade, afirmando que “não faltam desafios” para o novo secretário-geral e argumentando que ele precisa sacudir o estado de lassidão moral que envolve a organização.
“O primeiro desafio do sr. Ban é o de reformar a própria ONU. Seu antecessor fez progressos modestos no processo de desburocratização da organização. A Assembléia Geral rejeitou muitas das propostas feitas por Kofi Annan [secretário-geral que está deixando o cargo] e o novo secretário-geral enfrentará uma difícil batalha para levar a reforma adiante”.
O Independent também lembra que o novo dirigente tem desafios difíceis para enfrentar sob pontos de vista geopolíticos e humanos, passando por regiões distintas que vão do Sri Lanka a Darfur. “O Iraque está implodindo. Sanções foram impostas ao Irã. A Coréia do Norte fez um teste nuclear no ano passado. A ameaça de terrorismo cresceu. Os assassinos do mundo moderno ainda estão aí. A Aids continua a devastar o sul da África e é uma crescente ameaça na Ásia e Rússia. Grandes populações ainda vivem em uma pobreza letal”, afirma o texto.
Segundo o editorial, não se deve esperar muito de Ban Ki-moon e que avanços na ONU estão nas mãos dos países que detém poder de veto no Conselho de Segurança: Estados Unidos, China, França, Rússia e Grã-Bretanha e que o próprio Conselho tem de se modernizar para permitir evoluções na entidade, por reflete “a situação de 1945 e não de 2007”.
“Mesmo com tudo isso, a ONU permanece como maior esperança de governança global. Como disse o sr. Annan em seu discurso de despedida, a organização deve ser um fórum onde os pobres e fracos possam ter influência sobre as ações dos ricos e poderosos. Devemos julgar o sr. Ban pela sua capacidade de continuar o trabalho de seus antecessores em tornar este nobre ideal em realidade”, afirma.
Expansão da União Européia
A entrada de 2007 marcou a entrada dos dois mais novos membros da União Européia, a Romênia e a Bulgária, e de acordo com o diário britânico Daily Telegraph, ambos trazem um importante desafio para a organização: o combate à corrupção.
“Bulgária e Romênia precisam mostrar resultados imediatos em sua luta contra a corrupção no alto escalão ou então devem ser punidos nas semanas e meses que estão pela frente”, afirma o texto do Telegraph.
“Sofia e Bucareste entram na União Européia sob as condições mais rigorosas já impostas a novos membros e Bruxelas está exigindo progressos rápidos nas reformas”, diz o texto. A UE identificou a corrupção como “ponto crucial” para os dois governos em seus primeiros seis meses como membros da entidade.
O Telegraph também destaca que o combate à criminalidade e a melhoria dos sistemas judiciais dos dois países também fazem parte da lista de pontos que merecerão maior atenção da organização.
No editorial “O Iraque merecia coisa melhor”, o diário francês Le Figaro ataca a suposta contribuição que a execução de Saddam possa ter dado ao processo de reconstrução e estabilização do país.
“No sábado pela manhã, depois de um processo inacabado e de um enforcamento precoce, o Iraque se privou definitivamente de um exercício de memória nacional. Nunca, por exemplo, Saddam será condenado pelo mais chocante de seus atos, a morte de cinco mil curdos em 1988, na cidade de Halabja. Os curdos do Iraque, que tratam o episódio como genocídio, esperavam um processo e as desculpas de uma comunidade internacional estranhamente muda à época”, afirma o Figaro.
O diário francês também fala das irregularidades claras que o julgamento de Saddam apresentou, com advogados de defesa sendo mortos e juízes afastados por “parcialidade” em favor do acusado.
“A execução em si exibe a náusea do fracasso da reconstrução de um Estado iraquiano e seu naufrágio em meio a uma violência endêmica. Diante da forca, até o último momento, oficiais xiitas trocaram insultos com o condenado à morte, e slogans pró-xiitas ressoavam enquanto executores e guardas tinham licença para filmar o enforcamento com seus celulares. O fracasso sórdido já teve suas conseqüências. Ainda que no sábado tenha sido executado um dirigente sem escrúpulos, que governou por trinta anos, às vezes como tirano sanguinário, às vezes como mafioso e às vezes como predador regional, em seu últimos momentos, ele manteve a dignidade diante da dança desordenada de seus executores que usavam capuzes negros. Os iraquianos mereciam coisa melhor”.
Novo comando da ONU
A posse do novo secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), o sul-coreano Ban Ki-moon, foi o assunto escolhido pelo editorial do diário britânico The Independent na edição desta segunda-feira.
No texto “Dando uma voz global aos pobres e fracos”, o jornal discute a posse de Ban Ki-moon, o primeiro asiático em trinta anos a dirigir a entidade, afirmando que “não faltam desafios” para o novo secretário-geral e argumentando que ele precisa sacudir o estado de lassidão moral que envolve a organização.
“O primeiro desafio do sr. Ban é o de reformar a própria ONU. Seu antecessor fez progressos modestos no processo de desburocratização da organização. A Assembléia Geral rejeitou muitas das propostas feitas por Kofi Annan [secretário-geral que está deixando o cargo] e o novo secretário-geral enfrentará uma difícil batalha para levar a reforma adiante”.
O Independent também lembra que o novo dirigente tem desafios difíceis para enfrentar sob pontos de vista geopolíticos e humanos, passando por regiões distintas que vão do Sri Lanka a Darfur. “O Iraque está implodindo. Sanções foram impostas ao Irã. A Coréia do Norte fez um teste nuclear no ano passado. A ameaça de terrorismo cresceu. Os assassinos do mundo moderno ainda estão aí. A Aids continua a devastar o sul da África e é uma crescente ameaça na Ásia e Rússia. Grandes populações ainda vivem em uma pobreza letal”, afirma o texto.
Segundo o editorial, não se deve esperar muito de Ban Ki-moon e que avanços na ONU estão nas mãos dos países que detém poder de veto no Conselho de Segurança: Estados Unidos, China, França, Rússia e Grã-Bretanha e que o próprio Conselho tem de se modernizar para permitir evoluções na entidade, por reflete “a situação de 1945 e não de 2007”.
“Mesmo com tudo isso, a ONU permanece como maior esperança de governança global. Como disse o sr. Annan em seu discurso de despedida, a organização deve ser um fórum onde os pobres e fracos possam ter influência sobre as ações dos ricos e poderosos. Devemos julgar o sr. Ban pela sua capacidade de continuar o trabalho de seus antecessores em tornar este nobre ideal em realidade”, afirma.
Expansão da União Européia
A entrada de 2007 marcou a entrada dos dois mais novos membros da União Européia, a Romênia e a Bulgária, e de acordo com o diário britânico Daily Telegraph, ambos trazem um importante desafio para a organização: o combate à corrupção.
“Bulgária e Romênia precisam mostrar resultados imediatos em sua luta contra a corrupção no alto escalão ou então devem ser punidos nas semanas e meses que estão pela frente”, afirma o texto do Telegraph.
“Sofia e Bucareste entram na União Européia sob as condições mais rigorosas já impostas a novos membros e Bruxelas está exigindo progressos rápidos nas reformas”, diz o texto. A UE identificou a corrupção como “ponto crucial” para os dois governos em seus primeiros seis meses como membros da entidade.
O Telegraph também destaca que o combate à criminalidade e a melhoria dos sistemas judiciais dos dois países também fazem parte da lista de pontos que merecerão maior atenção da organização.