Amorim viaja aos EUA para discutir retomada de Doha

da BBC, em Londres

O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, se encontra nesta quarta-feira em Nova York com a secretária americana de Comércio Exterior, Susan Schwab, para discutir a retomada das negociações da Rodada Doha de liberalização de comércio da Organização Mundial do Comércio (OMC).

De acordo com o Itamaraty, a agenda do encontro “é flexível e ampla, de forma a permitir discussões construtivas sobre os principais pilares das negociações e os entraves nele constatados”. Segundo o USTR, órgão do governo americano que cuida do comércio exterior, os dois também devem tratar de assuntos bilaterais.

No último encontro de Schwab e Amorim, na reunião do G 20 no Rio de Janeiro, em setembro, ficou acordado que o esforço para destravar a Rodada Doha seria retomado depois das eleições legislativas nos Estados Unidos, no início de novembro.

A reunião de setembro terminou sem avanços mas com um consenso entre os participantes – que além dos membros do G 20 teve a presença do diretor-geral da OMC, Pascal Lamy, do comissário europeu de Comércio, Peter Mandelson, e do ministro da Agricultura do Japão, Shoichi Nakagawa – de que havia uma “janela de oportunidade” para retomar as negociações nos primeiros meses deste ano, entre as eleições americanas e a expiração da autorização do Congresso para que o Executivo negocie acordos comerciais, em julho.

Desde então, o ministro Celso Amorim tem mantido contatos telefônicos com vários ministros envolvidos nas negociações e se encontrou no Uruguai, no fim de novembro, com Pascal Lamy.

Na época os dois fizeram declarações favoráveis à retomada das negociações, alertando, num comunicado conjunto, que “um fracasso das negociações levaria a uma gradual deterioração do sistema multilateral de comércio”.

De acordo com o USTR, a secretária americana também tem mantido contato com vários ministros negociadores.

Suspensão

As negociações da Rodada Doha foram suspensas em julho do ano passado, quando americanos, europeus e países em desenvolvimentos não conseguiram superar as diferenças e fechar um acordo. Os três lados consideram as ofertas feitas pelos outros insuficientes.

Os países em desenvolvimento, entre eles o Brasil, querem maior acesso ao mercado agrícola dos países desenvolvidos (Estados Unidos, Europa e Japão). Estados Unidos e Europa querem mais abertura para exportar seus produtos industrializados e serviços e também defendem a redução dos subsdídios.

Os Estados Unidos fizeram uma oferta de corte de subsídios aos produtores agrícolas que consideram “ousada”, condicionada a que outros países também reduzam seus subsídios.

Mas houve um impasse em relação à oferta da União Européia. Na reunião do Rio de Janeiro, Mandelson fez duras críticas à oferta americana, que segundo ele, não traz uma redução suficiente nos subsídios que distorcem o comércio internacional.

O Brasil defende que a negociação do setor agrícola, considerada a mais complexa por causa dos subsídios, seja feita antes das demais, mas outros países querem discutir todos as áreas ao mesmo tempo.

A Rodada Doha, chamada de Rodada de Desenvolvimento, foi lançada em 2001, no Catar, com o objetivo de promover uma abertura geral no comércio internacional e promover o desenvolvimento especialmente dos países mais pobres através do aumento do comércio.


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