Chávez pressiona por "socialismo do século 21", diz FT

da BBC, em Londres

O diário econômico britânico Financial Times traz em matéria de capa nesta terça-feira um artigo de capa em que aborda a decisão do presidente venezuelano, Hugo Chávez, de iniciar o processo de nacionalização das empresas de telecomunicação e energia.

“Uma frase curta tem sido entoada como um mantra pelos 12 ministros indicados ontem por Hugo Chávez para o seu novo gabinete: socialismo do século 21”, afirma o texto do FT.

O artigo fala de como o regime de Chávez tem sido marcado por uma rigidez ideológica e como essa deve continuar sendo a marca de seu terceiro mandato e do futuro da “revolução bolivariana”.

“Ele não perdeu tempo. Na noite passada ele anunciou que a principal companhia de telecomunicações, a Compañia Anônima Nacional Teléfonos de Venezuela (CANTV), que tem a americana Verizon e a espanhola Telefônica como acionistas, serão nacionalizadas. O sr. Chávez também adicionou que a empresa de energia de Caracas também pode ser nacionalizada”, afirma o jornal, classificando a política do líder venezuelano como “muito mais radical” do que o ministro da Economia do país, Rodrigo Cabezas, tinha dado a entender dias atrás.

Segundo analistas, diz o Financial Times, as medidas de Chávez apontam para um acúmulo de poder cada vez maior nas mãos do “ex-oficial do Exército”. “Chávez, que disse no passado ‘Eu sou o Estado’, se prepara para fundir todos os partidos de sua caótica coalizão de apoio em uma única sigla, o Partido Socialista Venezuelano. Ele já sugeriu fazer uma mudança constitucional que lhe permita ser reeleito indefinidamente”.

O jornal também chama a atenção para a declaração de Chávez sobre sua intenção de não renovar a licença da emissora de rádio e TV mais popular do país, a RCTV, freqüentemente crítica ao seu governo, o que gerou uma censura por parte do secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), Jose Miguel Insulza. “Ontem, o sr. Chávez respondeu ao sr. Insulza sugerindo que ele deveria renunciar e, usando termos menos diplomáticos, o classificou como ‘um idiota”, conclui o FT.

Rússia

No editorial “A extorsão russa continua”, o jornal americano The Washington Post não economiza críticas à decisão russa de fechar um oleoduto usado para levar petróleo para a Europa por causa de uma disputa comercial com Belarus.

A disputa entre Rússia e Belarus começou depois que o governo russo se recusou a pagar um imposto pelo transporte do petróleo pelo país vizinho, levando os bielo-russos a entrar com uma ação legal. A Rússia afirma que a cobrança do imposto por Belarus é ilegal.

“A insistência da Rússia em pressionar Belarus levou ao fechamento de um oleoduto que transporta petróleo para países europeus. Esse é mais um lembrete agressivo de como o Kremlin não hesita em usar a energia como instrumento para ameaçar as democracias ocidentais assim como os seus vizinhos”, afirma o Post.

O jornal argumenta que outros vizinhos da Rússia combatem o “imperialismo energético russo”, como Azerbaijão e Geórgia, que têm a perspectiva de se livrarem da dependência de Moscou.

“Os governos ocidentais assistem as táticas linha-dura de Putin com preocupação, mas não têm uma política para lidar com a ameaça russa. Nem mesmo os membros da União Européia concordam sobre qual é a melhor forma de tratar com a Rússia sobre o assunto – se oferecendo capital e contratos de longo prazo para investir em projetos de óleo e gás ou pressionando para Putin assinar um acordo que impeça suas práticas monopolistas. O ataque a Belarus parece afastar do Ocidente a opção pacífica”, conclui o Washington Post.

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