Garcia não vê mudança 'qualitativa' na Venezuela
da BBC, em Londres
O assessor de assuntos internacionais da Presidência, Marco Aurélio Garcia, disse nesta quarta-feira que não vê "uma situação qualitativamente nova" na Venezuela, que obrigue uma intervenção do governo brasileiro.
"Não acredito que esteja configurada uma situação qualitativamente nova. Vamos acompanhar mais de perto. À medida que a coisa se desenvolve, vamos acompanhando", afirmou Marco Aurélio à BBC Brasil, quando questionado sobre a possibilidade de o Brasil se envolver mais diretamente em uma situação que pode dificultar as relações entre Venezuela e Estados Unidos, com possível impacto nas relações com o Brasil.
O presidente Hugo Chávez, que tomou posse nesta quarta-feira para mais um mandato de seis anos, anunciou na segunda-feira que pretende nacionalizar a empresa de telecomunicações CANTV e empresas de energia.
No discurso de posse, ele anunciou medidas para centralizar o poder no governo federal e disse que vai aprofundar as reformas no país em direção ao socialismo.
Estados Unidos
As mudanças provocaram críticas do governo americano, o maior parceiro comercial da Venezuela tanto pela exportação de petróleo venezuelano aos Estados Unidos como pela importação de alimentos e produtos manufaturados americanos pela Venezuela.
Para Marco Aurélio Garcia, os dois países têm uma "dependência recíproca" e isso não deve mudar, mesmo com uma elevação no tom da retórica entre os dois países.
"O problema é saber se a Venezuela vai querer continuar vendendo petróleo para os Estados Unidos e se os Estados Unidos vão querer continuar comprando petróleo da Venezuela. É um problema estritamente bilateral", afirmou.
Garcia conta que se encontrou com o subsecretário de Estado americano para a América Latina, Thomas Shannon, na terça-feira, em Manágua, onde acompanhou a posse do presidente Daniel Ortega, e que Shannon "não pareceu minimamente preocupado" com a Venezuela.
O assessor da Presidência reconhece que não tocou no assunto. "Mas ele teria mencionado, se estivesse preocupado", afirma.
Marco Aurélio Garcia também confirmou que Shannon visitará o Brasil no início de fevereiro, quando os dois devem conversar mais detalhadamente sobre a Venezuela e outros países do continente.
Política interna
Para o governo brasileiro, as decisões do presidente Chávez são assunto de política interna do país. Marco Aurélio Garcia diz que o Brasil só teria uma interferência se fosse solicitado.
"O Brasil não é calmante. O Brasil ajuda quando é chamado para ajudar", afirmou. "Temos evidentemente opiniões sobre a situação sul-americana, latino-americana, americana e mundial e sempre que solicitados expressamos e fazemos aquilo que nos parece adequado."
"Mas não vejo porque, no momento atual, devêssemos ter uma iniciativa particular. A menos que a situação viesse a passar por uma evolução muito forte", disse.
No Itamaraty, os diplomatas que lidam diretamente com América do Sul acompanham "com cautela" o assunto, mas oficialmente o governo não vai se pronunciar.
O ministro das Relações Exteriores Celso Amorim está em férias nesta semana, e deve acompanhar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva na viagem ao Equador, na segunda-feira, para acompanhar a posse do presidente eleito Rafael Correa.
Assim como Amorim, vários diplomatas mais graduados também estão fora nesta semana.
O presidente Chávez também deve comparecer à cerimônia de posse de Correa.
"Não acredito que esteja configurada uma situação qualitativamente nova. Vamos acompanhar mais de perto. À medida que a coisa se desenvolve, vamos acompanhando", afirmou Marco Aurélio à BBC Brasil, quando questionado sobre a possibilidade de o Brasil se envolver mais diretamente em uma situação que pode dificultar as relações entre Venezuela e Estados Unidos, com possível impacto nas relações com o Brasil.
O presidente Hugo Chávez, que tomou posse nesta quarta-feira para mais um mandato de seis anos, anunciou na segunda-feira que pretende nacionalizar a empresa de telecomunicações CANTV e empresas de energia.
No discurso de posse, ele anunciou medidas para centralizar o poder no governo federal e disse que vai aprofundar as reformas no país em direção ao socialismo.
Estados Unidos
As mudanças provocaram críticas do governo americano, o maior parceiro comercial da Venezuela tanto pela exportação de petróleo venezuelano aos Estados Unidos como pela importação de alimentos e produtos manufaturados americanos pela Venezuela.
Para Marco Aurélio Garcia, os dois países têm uma "dependência recíproca" e isso não deve mudar, mesmo com uma elevação no tom da retórica entre os dois países.
"O problema é saber se a Venezuela vai querer continuar vendendo petróleo para os Estados Unidos e se os Estados Unidos vão querer continuar comprando petróleo da Venezuela. É um problema estritamente bilateral", afirmou.
Garcia conta que se encontrou com o subsecretário de Estado americano para a América Latina, Thomas Shannon, na terça-feira, em Manágua, onde acompanhou a posse do presidente Daniel Ortega, e que Shannon "não pareceu minimamente preocupado" com a Venezuela.
O assessor da Presidência reconhece que não tocou no assunto. "Mas ele teria mencionado, se estivesse preocupado", afirma.
Marco Aurélio Garcia também confirmou que Shannon visitará o Brasil no início de fevereiro, quando os dois devem conversar mais detalhadamente sobre a Venezuela e outros países do continente.
Política interna
Para o governo brasileiro, as decisões do presidente Chávez são assunto de política interna do país. Marco Aurélio Garcia diz que o Brasil só teria uma interferência se fosse solicitado.
"O Brasil não é calmante. O Brasil ajuda quando é chamado para ajudar", afirmou. "Temos evidentemente opiniões sobre a situação sul-americana, latino-americana, americana e mundial e sempre que solicitados expressamos e fazemos aquilo que nos parece adequado."
"Mas não vejo porque, no momento atual, devêssemos ter uma iniciativa particular. A menos que a situação viesse a passar por uma evolução muito forte", disse.
No Itamaraty, os diplomatas que lidam diretamente com América do Sul acompanham "com cautela" o assunto, mas oficialmente o governo não vai se pronunciar.
O ministro das Relações Exteriores Celso Amorim está em férias nesta semana, e deve acompanhar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva na viagem ao Equador, na segunda-feira, para acompanhar a posse do presidente eleito Rafael Correa.
Assim como Amorim, vários diplomatas mais graduados também estão fora nesta semana.
O presidente Chávez também deve comparecer à cerimônia de posse de Correa.