Impotência de oposição e prestígio viabilizam 'socialismo' de Chávez
da BBC, em Londres
O presidente Hugo Chávez começou a dar forma ao seu projeto de transformar a Venezuela em uma "república socialista" anunciando planos de reformas constitucionais e legais, e poucos duvidam que ele encontrará resistência para levar a cabo suas promessas.
Em seus oito anos de governo, Chávez tem tido um prestígio, uma popularidade e um poder que têm permitido converter suas propostas em realidade. E por isso muitos já dão estes anúncios como fatos consumados.
A Assembléia Nacional é integrada em sua totalidade por partidários do presidente, depois da retirada da oposição dos comícios parlamentares de dezembro de 2005, portanto, isso garante que as leis criadas pelo executivo para construir a anunciada "república socialista" sejam aprovadas pelo poder legislativo.
Pode-se esperar pelo menos um referendo para dar maior legitimidade à reforma constitucional, e está previsto que a maioria do eleitorado deva apoiar a proposta presidencial.
E a oposição?
A oposição venezuelana tem pouco espaço para discutir as propostas vindas do governo.
Apesar de ter conseguido, nas recentes eleições presidenciais, 40% dos votos, a oposição não tem espaço político para exercer uma influência proporcional a seu peso na sociedade.
O cientista político Ricardo Sucre disse à BBC que a oposição pode fazer pouco pois "o governo não está disposto a negociar a natureza de seu projeto".
"O governo está disposto a negociar e dialogar sobre prazos, mas o projeto avança e parte das mudanças ministeriais apontam para isto", disse.
O presidente Chávez disse, pouco depois de conseguir sua reeleição em dezembro de 2006, que o projeto de construção do socialismo é inegociável.
"Acho que o governo sente que o mandato que recebeu em dezembro é um mandato para adiantar um projeto de natureza hegemônica e sente que tem toda a legitimidade para fazer isto", acrescentou.
Várias frentes
O que alguns se perguntam é se será possível construir este "socialismo venezuelano".
Sucre garantiu que, apesar de considerar o projeto de difícil viabilidade, podería ser mantida a ilusão de que este projeto está sendo construído.
"Há cerca de US$ 55 bilhões [R$ 118,3 bilhões] em reservas internacionais. Existe uma sociedade bastante dócil que pode transitar por este caminho acreditando que vai encontrar algum tipo de redenção", explicou.
Como falou em declarações a uma rádio local na manhã de terça-feira o analista Alberto Garrido - um dos maiores conhecedores do processo "chavista" - o país vai se converter em um "laboratório político".
Outra coisa que complica qualquer debate entre oposição e governo é que são muitas as frentes abertas por Chávez no seu anúncio de seus planos na segunda-feira: da reforma constitucional e as nacionalizações de serviços públicos, até a eliminação da autonomia do Banco Central da Venezuela, passando pelo enfrentamento com a Organização dos Estados Americanos (OEA).
O discurso presidencial mais uma vez dividiu a imprensa venezuelana.
Mas em um assunto muitos parecem estar de acordo: é uma questão de meses para que esta "república socialista" venezuelana se converta em uma realidade, como quer o presidente.
Em seus oito anos de governo, Chávez tem tido um prestígio, uma popularidade e um poder que têm permitido converter suas propostas em realidade. E por isso muitos já dão estes anúncios como fatos consumados.
A Assembléia Nacional é integrada em sua totalidade por partidários do presidente, depois da retirada da oposição dos comícios parlamentares de dezembro de 2005, portanto, isso garante que as leis criadas pelo executivo para construir a anunciada "república socialista" sejam aprovadas pelo poder legislativo.
Pode-se esperar pelo menos um referendo para dar maior legitimidade à reforma constitucional, e está previsto que a maioria do eleitorado deva apoiar a proposta presidencial.
E a oposição?
A oposição venezuelana tem pouco espaço para discutir as propostas vindas do governo.
Apesar de ter conseguido, nas recentes eleições presidenciais, 40% dos votos, a oposição não tem espaço político para exercer uma influência proporcional a seu peso na sociedade.
O cientista político Ricardo Sucre disse à BBC que a oposição pode fazer pouco pois "o governo não está disposto a negociar a natureza de seu projeto".
"O governo está disposto a negociar e dialogar sobre prazos, mas o projeto avança e parte das mudanças ministeriais apontam para isto", disse.
O presidente Chávez disse, pouco depois de conseguir sua reeleição em dezembro de 2006, que o projeto de construção do socialismo é inegociável.
"Acho que o governo sente que o mandato que recebeu em dezembro é um mandato para adiantar um projeto de natureza hegemônica e sente que tem toda a legitimidade para fazer isto", acrescentou.
Várias frentes
O que alguns se perguntam é se será possível construir este "socialismo venezuelano".
Sucre garantiu que, apesar de considerar o projeto de difícil viabilidade, podería ser mantida a ilusão de que este projeto está sendo construído.
"Há cerca de US$ 55 bilhões [R$ 118,3 bilhões] em reservas internacionais. Existe uma sociedade bastante dócil que pode transitar por este caminho acreditando que vai encontrar algum tipo de redenção", explicou.
Como falou em declarações a uma rádio local na manhã de terça-feira o analista Alberto Garrido - um dos maiores conhecedores do processo "chavista" - o país vai se converter em um "laboratório político".
Outra coisa que complica qualquer debate entre oposição e governo é que são muitas as frentes abertas por Chávez no seu anúncio de seus planos na segunda-feira: da reforma constitucional e as nacionalizações de serviços públicos, até a eliminação da autonomia do Banco Central da Venezuela, passando pelo enfrentamento com a Organização dos Estados Americanos (OEA).
O discurso presidencial mais uma vez dividiu a imprensa venezuelana.
Mas em um assunto muitos parecem estar de acordo: é uma questão de meses para que esta "república socialista" venezuelana se converta em uma realidade, como quer o presidente.