Confrontos na Bolívia deixam pelo menos um morto e 70 feridos

da BBC, em Londres

Pelo menos uma pessoa morreu e cerca de 70 ficaram feridas nesta quinta-feira durante confrontos entre seguidores do presidente boliviano Evo Morales e defensores do prefeito de Cochabamba, Manfred Reyes Villa.

À noite, os jornais El Deber e Jornadanet informavam em suas edições online que já eram dois mortos e que soldados do Exército ocupavam as ruas do centro de Cochabamba.

Reyes Villa defende a realização de novo plebiscito para definir se os eleitores querem ou não a autonomia do departamento (Estado).

Mas, como em julho já foi realizado referendo neste sentido, e seus moradores votaram pelo “não” à proposta de independência administrativa, econômica e política do governo central, seguidores do presidente Morales bloquearam os acessos a Cochabamba.

Manifestações

As manifestações começaram na última segunda-feira e, nesta quinta-feira, caminhões e automóveis formavam fila para tentar entrar no centro desta cidade, que tem a segunda maior população da Bolívia. As primeiras, segundo analistas bolivianos, são La Paz e El Alto.

Nesta quinta-feira, de acordo com as imagens da TV Notivisión, bolivianos de diferentes grupos agrediram-se com paus e pedras, sem que a polícia pudesse controlar os distúrbios.

Segundo a Agência Boliviana de Informação (ABI), integrantes da chamada “Juventude para a Democracia”, que apóia Reyes Villa, também usaram armas de fogo e bastões de beisebol.

Os mortos, segundo a ABI, são plantadores da folha de coca – chamados de “cocaleros” – e ex-companheiros de profissão do presidente Morales.

O presidente da Central Operária Departamental (COB), Víctor Mitma, que convocou o protesto contra o prefeito (equivalente a governador), o responsabilizou pelas mortes.

Na segunda-feira, quando as manifestações começaram, os opositores a Reyes Villa queimaram, parcialmente, o prédio da prefeitura de Cochabamba.

Constituinte

Em apoio a autonomia sugerida pelo prefeito, o Comitê Cívico Pró-Cochabamba realiza greve por tempo indeterminado.

Os comitês cívicos existem em pelo menos cinco dos nove departamentos (os mais ricos) do país. São formados por comerciantes, empresários e diferentes profissionais avessos ao governo Morales.

Mas, segundo as últimas pesquisas de opinião, os freqüentes protestos dos opositores do presidente não abalaram sua imagem popular, recuperada depois da aprovação da nacionalização dos hidrocarbonetos, no ano passado.

O conflito em Cochabamba ocorre pouco depois que o vice-presidente e presidente interino do país (Morales está na Nicaragua), Álvaro García Linera, anunciou que o governo aceitaria uma das exigências da oposição. A de se aprovar com dois terços os projetos da Assembléia Constituinte.

García Linera ressalvou que o quórum só será aceito para os debates realizados até o dia 2 de julho. Depois deste prazo, volta a valer, informou, a proposta de maioria simples sugerida pelo presidente Morales.

As palavras de García Linera geraram novas críticas dos prefeitos que são críticos e fazem oposição às medidas de Morales, numa queda de braço entre os departamentos mais ricos e os mais carentes que ainda não mostrou seu epilógo, como observou a cientista política boliviana Jimena Costa.

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