Análise: Maliki pode cumprir seu papel na guerra?
da BBC, em Londres
A estratégia do presidente americano, George W. Bush, para o Iraque depende de gente sobre as quais ele tem pouco ou nenhum controle – entre elas, o primeiro-ministro iraquiano, Nouri Maliki.
Pode um primeiro-ministro fraco, que diz detestar seu trabalho, desempenhar o papel que lhe cabe na guerra?
Os americanos podem persuadir e seduzir, mas precisam manter a ficção de que o Iraque tem um governo soberano, ao invés de um que obedece às ordens de Washington.
Ao sustentar esta ficção necessária, o governo americano afirma que é o governo em Bagdá, e não a Casa Branca, que quer 20 mil soldados adicionais dos Estados Unidos no Iraque.
Relutância
Os sinais, ao contrário, são de que os líderes iraquianos aceitaram um plano que nunca quiseram de verdade.
Em novembro, quando os presidentes Maliki e Bush se encontraram na Jordânia, os iraquianos afirmavam ter um novo plano de segurança para Bagdá, e diziam não precisar de mais tropas americanas na capital.
Agora, pelo menos no discurso, eles vêm a público defender a nova estratégia. Funcionará?
Como sempre, o sucesso dependerá mais das decisões políticas que militares. E é aqui que entra o presidente Maliki.
Tentar pacificar as regiões mais violentas de Bagdá é uma tentativa de ganhar tempo para o seu governo se transformar no que diz ser: de reconciliação e unidade nacional.
Isto significa arregimentar a minoria de árabes sunitas, muitos dos quais não se sentem representados pela liderança, que acusam de abrigar esquadrões da morte xiitas.
Os passos que os americanos exigem de Maliki não são novos, mas certamente vitais para o sucesso ao menos parcial da nova estratégia.
Washington quer que o primeiro-ministro combata com igual firmeza grupos militantes xiitas e sunitas; reincorpore ex-membros do Ba'ath, o partido de Saddam Hussein, ao governo; encontre uma fórmula para distribuir os dividendos do petróleo para todas as regiões; anistie certas categorias de insurgentes sunitas; e inclua na Constituição questões relevantes para os sunitas.
A diferença, desta vez, é que haverá metas e, segundo o presidente Bush, Nouri Maliki deverá cumpri-las.
Lealdade
O primeiro-ministro iraquiano tem dito as coisas certas, mas muitos observadores duvidam de sua capacidade de conter a tendência ao sectarismo.
As forças de segurança iraquiana são, em demasiada freqüência, mais leais às milícias sectárias que ao governo.
Políticos iraquianos tendem a defender os interesses de suas comunidades antes do bem comum.
Politicamente, Nouri Maliki é tão dependente do clérigo radical xiita Moqtada Sadr que isto poderia, no fim das contas, incapacitá-lo a combater o Exército Mehdi, a poderosa milícia comandada por Sadr.
Os americanos cometeram erros no Iraque. Até o presidente Bush reconheceu isto tardiamente.
Mas o novo líder iraquiano também o fez.
Acreditar que eles reinventarão a si mesmos e desempenharão seu papel na nova estratégia de Bush requer nova carga de boa vontade.
Pode um primeiro-ministro fraco, que diz detestar seu trabalho, desempenhar o papel que lhe cabe na guerra?
Os americanos podem persuadir e seduzir, mas precisam manter a ficção de que o Iraque tem um governo soberano, ao invés de um que obedece às ordens de Washington.
Ao sustentar esta ficção necessária, o governo americano afirma que é o governo em Bagdá, e não a Casa Branca, que quer 20 mil soldados adicionais dos Estados Unidos no Iraque.
Relutância
Os sinais, ao contrário, são de que os líderes iraquianos aceitaram um plano que nunca quiseram de verdade.
Em novembro, quando os presidentes Maliki e Bush se encontraram na Jordânia, os iraquianos afirmavam ter um novo plano de segurança para Bagdá, e diziam não precisar de mais tropas americanas na capital.
Agora, pelo menos no discurso, eles vêm a público defender a nova estratégia. Funcionará?
Como sempre, o sucesso dependerá mais das decisões políticas que militares. E é aqui que entra o presidente Maliki.
Tentar pacificar as regiões mais violentas de Bagdá é uma tentativa de ganhar tempo para o seu governo se transformar no que diz ser: de reconciliação e unidade nacional.
Isto significa arregimentar a minoria de árabes sunitas, muitos dos quais não se sentem representados pela liderança, que acusam de abrigar esquadrões da morte xiitas.
Os passos que os americanos exigem de Maliki não são novos, mas certamente vitais para o sucesso ao menos parcial da nova estratégia.
Washington quer que o primeiro-ministro combata com igual firmeza grupos militantes xiitas e sunitas; reincorpore ex-membros do Ba'ath, o partido de Saddam Hussein, ao governo; encontre uma fórmula para distribuir os dividendos do petróleo para todas as regiões; anistie certas categorias de insurgentes sunitas; e inclua na Constituição questões relevantes para os sunitas.
A diferença, desta vez, é que haverá metas e, segundo o presidente Bush, Nouri Maliki deverá cumpri-las.
Lealdade
O primeiro-ministro iraquiano tem dito as coisas certas, mas muitos observadores duvidam de sua capacidade de conter a tendência ao sectarismo.
As forças de segurança iraquiana são, em demasiada freqüência, mais leais às milícias sectárias que ao governo.
Políticos iraquianos tendem a defender os interesses de suas comunidades antes do bem comum.
Politicamente, Nouri Maliki é tão dependente do clérigo radical xiita Moqtada Sadr que isto poderia, no fim das contas, incapacitá-lo a combater o Exército Mehdi, a poderosa milícia comandada por Sadr.
Os americanos cometeram erros no Iraque. Até o presidente Bush reconheceu isto tardiamente.
Mas o novo líder iraquiano também o fez.
Acreditar que eles reinventarão a si mesmos e desempenharão seu papel na nova estratégia de Bush requer nova carga de boa vontade.