Investidores temem 'efeito Bolívia' no Equador
da BBC, em Londres
Investidores estrangeiros temem que o novo presidente do Equador, Rafael Correa, que toma posse nesta segunda-feira, anuncie medidas que mudem a ordem econômica do país, como a nacionalização de empresas ou mesmo uma moratória de pelo menos parte da dívida pública.
"O medo do mercado é que o Equador se transforme em uma Bolívia", diz o economista Ricardo Amorim, diretor de pesquisas e estratégia para a América Latina do banco de investimentos West LB, em Nova York.
A comparação com a Bolívia - em vez da Venezuela, que nesta semana dominou as notícias com as declarações de que pretende estatizar o setor de energia e telecomunicações - é porque os analistas avaliam que o presidente boliviano, Evo Morales, tomou de fato medidas que afetaram o capital estrangeiro no país.
Já o venezuelano Hugo Chávez mantém um discurso político duro contra o presidente americano, George W. Bush, mas continua tendo o país como seu maior parceiro comercial.
"O estilo Chávez é de retórica forte, não necessariamente o impacto das medidas é tão grande do ponto de visto econômico-financeiro", diz Amorim.
Emergentes
A posse de Correa e seu discurso de posse serão o principal destaque dos mercados emergentes na semana que vem, na opinião do economista do West LB.
O risco maior de calote, na avaliação de Amorim, está nos papéis que somam US$ 1,2 bilhão e são fruto de um programa de socorro aos bancos que foi criticado por Correa.
Já a dívida com o Fundo Monetário Internacional (FMI), o novo governo informou que vai não apenas honrar, mas pagar antecipadamente os US$ 33 milhões que deve.
O índice JP Morgan, o chamado risco-país, que mede o temor de um calote na dívida externa, mostra que a desconfiança no Equador é bem maior do que em relação à Venezuela. Enquanto o risco-país do Brasil é de 196 pontos e o da Venezuela de 213, o do Equador estava nesta sexta-feira em 852 pontos.
O aumento do preço do petróleo, responsável por 29% da receita do governo equatoriano, ajudou nos bons indicadores econômicos exibidos pelo país atualmente.
Desde 1998, o preço do petróleo equatoriano subiu 378%. O produto representa 63% das exportações e 13% do PIB do país.
No ano passado, o Equador recebeu 2,7 bilhões de investimento estrangeiro. A economia cresceu 4,5%, depois de uma expansão de 4,7% no ano anterior. Para este ano, a projeção é de um crescimento de 4,1%.
O desemprego de 8,8% também é decrescente e bem menor do que os 15% de 1999, ano em que o país decretou moratória da dívida.
Petrobras
Apesar da importância do petróleo para a economia do país, o Equador exporta basicamente petróleo bruto e importa os derivados.
Correa esteve no Brasil no início de dezembro, logo depois de eleito, pedindo investimento da Petrobras na construção de uma refinaria no país.
O fato de o Equador ter dinheiro para pagar suas dívidas é que provoca uma tensão maior entre os investidores, na opinião do economista Rafael de la Funte, responsável pela América do banco BNP-Paribas, em Nova York.
"O país pode pagar, e se não fizer isso será por um motivo ideológico", afirma. "É uma situação de maior confronto do que quando o país não tem recursos."
O economista Fernando Losada, do ABN-Amro, também em Nova York, avalia que a situação deve ficar clara somente em duas ou três semanas, quando vencer o prazo dado pelo futuro ministro da Fazenda, Ricardo Patiño, para se posicionar sobre a dívida.
Losada afirma que a queda dos preços do petróleo nos últimos dias aumenta o incentivo para que o governo pense em fazer mudanças na estrutura da dívida.
Mas Losada concorda que o governo está em condições de pagar e não precisa usar esse artifício, que afastaria futuros investimentos no país.
"O medo do mercado é que o Equador se transforme em uma Bolívia", diz o economista Ricardo Amorim, diretor de pesquisas e estratégia para a América Latina do banco de investimentos West LB, em Nova York.
A comparação com a Bolívia - em vez da Venezuela, que nesta semana dominou as notícias com as declarações de que pretende estatizar o setor de energia e telecomunicações - é porque os analistas avaliam que o presidente boliviano, Evo Morales, tomou de fato medidas que afetaram o capital estrangeiro no país.
Já o venezuelano Hugo Chávez mantém um discurso político duro contra o presidente americano, George W. Bush, mas continua tendo o país como seu maior parceiro comercial.
"O estilo Chávez é de retórica forte, não necessariamente o impacto das medidas é tão grande do ponto de visto econômico-financeiro", diz Amorim.
Emergentes
A posse de Correa e seu discurso de posse serão o principal destaque dos mercados emergentes na semana que vem, na opinião do economista do West LB.
O risco maior de calote, na avaliação de Amorim, está nos papéis que somam US$ 1,2 bilhão e são fruto de um programa de socorro aos bancos que foi criticado por Correa.
Já a dívida com o Fundo Monetário Internacional (FMI), o novo governo informou que vai não apenas honrar, mas pagar antecipadamente os US$ 33 milhões que deve.
O índice JP Morgan, o chamado risco-país, que mede o temor de um calote na dívida externa, mostra que a desconfiança no Equador é bem maior do que em relação à Venezuela. Enquanto o risco-país do Brasil é de 196 pontos e o da Venezuela de 213, o do Equador estava nesta sexta-feira em 852 pontos.
O aumento do preço do petróleo, responsável por 29% da receita do governo equatoriano, ajudou nos bons indicadores econômicos exibidos pelo país atualmente.
Desde 1998, o preço do petróleo equatoriano subiu 378%. O produto representa 63% das exportações e 13% do PIB do país.
No ano passado, o Equador recebeu 2,7 bilhões de investimento estrangeiro. A economia cresceu 4,5%, depois de uma expansão de 4,7% no ano anterior. Para este ano, a projeção é de um crescimento de 4,1%.
O desemprego de 8,8% também é decrescente e bem menor do que os 15% de 1999, ano em que o país decretou moratória da dívida.
Petrobras
Apesar da importância do petróleo para a economia do país, o Equador exporta basicamente petróleo bruto e importa os derivados.
Correa esteve no Brasil no início de dezembro, logo depois de eleito, pedindo investimento da Petrobras na construção de uma refinaria no país.
O fato de o Equador ter dinheiro para pagar suas dívidas é que provoca uma tensão maior entre os investidores, na opinião do economista Rafael de la Funte, responsável pela América do banco BNP-Paribas, em Nova York.
"O país pode pagar, e se não fizer isso será por um motivo ideológico", afirma. "É uma situação de maior confronto do que quando o país não tem recursos."
O economista Fernando Losada, do ABN-Amro, também em Nova York, avalia que a situação deve ficar clara somente em duas ou três semanas, quando vencer o prazo dado pelo futuro ministro da Fazenda, Ricardo Patiño, para se posicionar sobre a dívida.
Losada afirma que a queda dos preços do petróleo nos últimos dias aumenta o incentivo para que o governo pense em fazer mudanças na estrutura da dívida.
Mas Losada concorda que o governo está em condições de pagar e não precisa usar esse artifício, que afastaria futuros investimentos no país.