Brasil pode estar seguindo tendência estatizante de Chávez, diz 'FT'
da BBC, em Londres
Reportagem publicada nesta segunda-feira pelo jornal econômico Financial Times especula se o Brasil caminha, junto com outros países da América Latina, rumo a um maior controle do Estado na economia.
O jornal criticou a decisão brasileira de suspender novas concessões rodoviárias à iniciativa privada, vendo nesta manobra tendências semelhantes às defendidas pelo presidente venezuelano, Hugo Chávez, e outros líderes de esquerda na América Latina.
"Muito já foi dito sobre uma mudança para a esquerda na América Latina, com muitos exageros. A repentina guinada para um socialismo dominado pelo Estado, anunciado pelo presidente Chávez, e sua aparente influência sobre líderes recém-eleitos, como Evo Morales na Bolívia e Daniel Ortega na Nicarágua, deram às notícias mais substância", analisa o Financial Times.
Mas, segundo o jornal "os eventos no Brasil parecem refletir uma falta de direção mais que uma mudança consciente para a esquerda".
Para o FT, a manobra fortaleceu setores do governo que defendem maior intervencionismo oficial na economia.
Este é um fato preocupante para os investidores, diz o jornal, na medida em que os liberais perderam espaço no governo após queda do ex-ministro da Fazenda, Antônio Palocci, em março do ano passado.
O jornal lembra que Lula foi reeleito prometendo um pacote de medidas para reanimar a economia. Entre este objetivo e o dilema de cumprir as metas fiscais, não está a clara a direção pela qual o presidente Lula vai optar, sustenta a matéria.
Portas fechadas
O americano International Herald Tribune leva a discussão adiante, em matéria que aponta tendências contrárias à liberalização econômica também na Rússia.
O artigo, intitulado "Chávez e Putin fecham a porta para os mercados", afirma que os líderes venezuelano e russo estão torcendo o nariz para o capital externo, apesar de terem se beneficiado dele em 2002, quando a forte procura por petróleo elevou o preço da principal commodity produzida por esses países.
Um analista ouvido pela reportagem notou: "É o capitalismo global que está financiando a mudança socialista na Venezuela".
A Tailândia, governada por uma junta militar que promoveu um recente golpe de Estado, também estabeleceu restrições ao capital externo, diz o International Herald Tribune.
"Políticos nacionalistas e economias ricas em recursos naturais parecem estar aproveitando o atual momento, mas morder a mão que lhes alimenta vai levar a menos investimento estrangeiro e crescimento mais lento (no futuro)", alerta o texto.
Narcotráfico
Já o argentino Clarín destaca o envio, para o Rio de Janeiro, de 500 homens de uma Força Nacional especialmente treinada que vai combater o tráfico de drogas durante a reunião do Mercosul, que se realiza na cidade no final desta semana.
Uma comentarista do jornal diz que "a Força Especial talvez possa apaziguar a chama que hoje incendeia o Rio de Janeiro, mas a desarticulação das gangues que amedrontam os cariocas há décadas não será um ato de magia nem de força".
Para ela, "a exclusão, o esquecimento e a desesperança são o germe da violência e do negócio da droga do qual vive boa parte dos habitantes da favela".
"Em locais onde o futuro equivale a zero, onde as alianças com a polícia corrupta são a lei e onde os meninos matam e morrem quase como destino, é difícil que o envio de tropas superespecializadas elimine o crime."
O jornal criticou a decisão brasileira de suspender novas concessões rodoviárias à iniciativa privada, vendo nesta manobra tendências semelhantes às defendidas pelo presidente venezuelano, Hugo Chávez, e outros líderes de esquerda na América Latina.
"Muito já foi dito sobre uma mudança para a esquerda na América Latina, com muitos exageros. A repentina guinada para um socialismo dominado pelo Estado, anunciado pelo presidente Chávez, e sua aparente influência sobre líderes recém-eleitos, como Evo Morales na Bolívia e Daniel Ortega na Nicarágua, deram às notícias mais substância", analisa o Financial Times.
Mas, segundo o jornal "os eventos no Brasil parecem refletir uma falta de direção mais que uma mudança consciente para a esquerda".
Para o FT, a manobra fortaleceu setores do governo que defendem maior intervencionismo oficial na economia.
Este é um fato preocupante para os investidores, diz o jornal, na medida em que os liberais perderam espaço no governo após queda do ex-ministro da Fazenda, Antônio Palocci, em março do ano passado.
O jornal lembra que Lula foi reeleito prometendo um pacote de medidas para reanimar a economia. Entre este objetivo e o dilema de cumprir as metas fiscais, não está a clara a direção pela qual o presidente Lula vai optar, sustenta a matéria.
Portas fechadas
O americano International Herald Tribune leva a discussão adiante, em matéria que aponta tendências contrárias à liberalização econômica também na Rússia.
O artigo, intitulado "Chávez e Putin fecham a porta para os mercados", afirma que os líderes venezuelano e russo estão torcendo o nariz para o capital externo, apesar de terem se beneficiado dele em 2002, quando a forte procura por petróleo elevou o preço da principal commodity produzida por esses países.
Um analista ouvido pela reportagem notou: "É o capitalismo global que está financiando a mudança socialista na Venezuela".
A Tailândia, governada por uma junta militar que promoveu um recente golpe de Estado, também estabeleceu restrições ao capital externo, diz o International Herald Tribune.
"Políticos nacionalistas e economias ricas em recursos naturais parecem estar aproveitando o atual momento, mas morder a mão que lhes alimenta vai levar a menos investimento estrangeiro e crescimento mais lento (no futuro)", alerta o texto.
Narcotráfico
Já o argentino Clarín destaca o envio, para o Rio de Janeiro, de 500 homens de uma Força Nacional especialmente treinada que vai combater o tráfico de drogas durante a reunião do Mercosul, que se realiza na cidade no final desta semana.
Uma comentarista do jornal diz que "a Força Especial talvez possa apaziguar a chama que hoje incendeia o Rio de Janeiro, mas a desarticulação das gangues que amedrontam os cariocas há décadas não será um ato de magia nem de força".
Para ela, "a exclusão, o esquecimento e a desesperança são o germe da violência e do negócio da droga do qual vive boa parte dos habitantes da favela".
"Em locais onde o futuro equivale a zero, onde as alianças com a polícia corrupta são a lei e onde os meninos matam e morrem quase como destino, é difícil que o envio de tropas superespecializadas elimine o crime."