No debate iraquiano, republicanos de Bush manobram democratas
da BBC, em Londres
Os americanos esperavam um Congresso resoluto depois das eleições de novembro que deram a vitória aos democratas em grande parte em repúdio à política iraquiana do governo Bush.
Mas os americanos esperavam demais e nem uma resolução não mandatória contra o envio de mais tropas ao Iraque foi aprovada. A resolução sequer foi debatida esta semana no Senado.
O primeiro grande duelo entre o Congresso democrata e a Casa Branca republicana emperrou. Pelo menos a curto prazo, a estratégia política do governo Bush em Washington se revela mais eficiente do que a estratégia militar em Bagdá.
Graças a manobras regimentais, típicas do Senado que tem um processo deliberativo mais lento do que a Câmara, a minoria republicana bloqueou o debate. Mas a maioria democrata foi conivente, temerosa da votação de uma resolução alternativa declarando que o Congresso não deve cortar fundos para as tropas americanas no Iraque.
Ofensiva democrata
Aqui ficou visível a estratégia política da Casa Branca para o Iraque. Existe uma rebelião bipartidária contra a decisão de mandar mais 21 mil soldados ao Iraque, mas muitos congressistas republicanos não estão inclinados a se insurgir agressivamente contra o governo e querem refrear a ofensiva democrata.
Mas o desencanto com a Casa Branca é inexorável e a prioridade do governo é menos para conseguir apoio à política oficial e mais para encurralar os democratas na delicada questão de cortar fundos para as tropas. Nem o Congresso nem a opinião pública ainda se dispõem a adotar tal passo.
A palavra de ordem da Casa Branca deixou de ser "apoio ao presidente" e passou a ser "apoio às tropas". Ser contra soa antipatriótico. Tanto o presidente como seu vice, Dick Cheney, querem atrair os democratas para a armadilha.
A estratégia tem suas ironias. Bush e Cheney são adeptos implacáveis de uma presidência imperial, avessos ao envolvimento do Congresso na condução da guerra e em questões de segurança nacional. O presidente é o comandante-em-chefe e poucos foram tão ciosos como Bush de sua autoridade.
Isca
Mas em uma entrevista na semana passada ao "Wall Street Journal", Bush jogou a isca e se curvou à autoridade do Congresso para cortar fundos militares, como aliás aconteceu nos estágios finais da guerra do Vietnã.
Alguns políticos democratas mordem a isca com gosto. O senador Russ Feingold argumenta que seu partido não pode ser tão tímido e tem a obrigação de lançar um ataque frontal contra a guerra de Bush no Iraque. Outros políticos, pré-candidatos presidenciais, como o ex-senador John Edwards, também assumem uma postura mais agressiva, querendo capitalizar o sentimento nacional contra a guerra.
Já a favorita do momento na multidão de pré-candidatos democratas, a senadora Hillary Clinton, prefere calibrar sua postura, argumentando que a prioridade é forjar um amplo movimento bipartidário contra a escalada de Bush no Iraque.
Mas o Senado se mostra incapaz de forjar este bipartidarismo. Com isto, os democratas na Câmara agora acenam com a possibilidade de aprovar já na próxima semana uma resolução contrária à escalada de tropas no Iraque, que em um regime parlamentarista seria o equivalente a um voto de não-confiança no primeiro-ministro. Esta postura na Câmara alteraria o foco do debate.
Manobras
A liderança democrata no Congresso decidira que as primeiras iniciativas sobre a guerra seriam no Senado e não na Câmara, mas existe este senso de urgência, pois Iraque é a questão que mais aflige o país. Há também uma necessidade política para os democratas manterem a pressão e tentarem isolar a Casa Branca.
O regimento da Câmara impede tantas manobras da minoria como no Senado e a maioria democrata é mais ampla. Assim é quase certa a aprovação de uma resolução não mandatória contra o envio destas tropas ao Iraque, embora o peso da medida no Senado seria maior.
E a presidente da Câmara, Nancy Pelosi, disse que tal resolução seria apenas a primeira ação legislativa para pressionar o governar a começar a retirar as tropas do Iraque. Mas as batalhas contra Bush podem ser penosas. Mesmo acuado em Washington e Bagdá, o presidente já mostrou que gosta de brigar. Ele faz o que pode para manobrar os adversários e a realidade.
Mas os americanos esperavam demais e nem uma resolução não mandatória contra o envio de mais tropas ao Iraque foi aprovada. A resolução sequer foi debatida esta semana no Senado.
O primeiro grande duelo entre o Congresso democrata e a Casa Branca republicana emperrou. Pelo menos a curto prazo, a estratégia política do governo Bush em Washington se revela mais eficiente do que a estratégia militar em Bagdá.
Graças a manobras regimentais, típicas do Senado que tem um processo deliberativo mais lento do que a Câmara, a minoria republicana bloqueou o debate. Mas a maioria democrata foi conivente, temerosa da votação de uma resolução alternativa declarando que o Congresso não deve cortar fundos para as tropas americanas no Iraque.
Ofensiva democrata
Aqui ficou visível a estratégia política da Casa Branca para o Iraque. Existe uma rebelião bipartidária contra a decisão de mandar mais 21 mil soldados ao Iraque, mas muitos congressistas republicanos não estão inclinados a se insurgir agressivamente contra o governo e querem refrear a ofensiva democrata.
Mas o desencanto com a Casa Branca é inexorável e a prioridade do governo é menos para conseguir apoio à política oficial e mais para encurralar os democratas na delicada questão de cortar fundos para as tropas. Nem o Congresso nem a opinião pública ainda se dispõem a adotar tal passo.
A palavra de ordem da Casa Branca deixou de ser "apoio ao presidente" e passou a ser "apoio às tropas". Ser contra soa antipatriótico. Tanto o presidente como seu vice, Dick Cheney, querem atrair os democratas para a armadilha.
A estratégia tem suas ironias. Bush e Cheney são adeptos implacáveis de uma presidência imperial, avessos ao envolvimento do Congresso na condução da guerra e em questões de segurança nacional. O presidente é o comandante-em-chefe e poucos foram tão ciosos como Bush de sua autoridade.
Isca
Mas em uma entrevista na semana passada ao "Wall Street Journal", Bush jogou a isca e se curvou à autoridade do Congresso para cortar fundos militares, como aliás aconteceu nos estágios finais da guerra do Vietnã.
Alguns políticos democratas mordem a isca com gosto. O senador Russ Feingold argumenta que seu partido não pode ser tão tímido e tem a obrigação de lançar um ataque frontal contra a guerra de Bush no Iraque. Outros políticos, pré-candidatos presidenciais, como o ex-senador John Edwards, também assumem uma postura mais agressiva, querendo capitalizar o sentimento nacional contra a guerra.
Já a favorita do momento na multidão de pré-candidatos democratas, a senadora Hillary Clinton, prefere calibrar sua postura, argumentando que a prioridade é forjar um amplo movimento bipartidário contra a escalada de Bush no Iraque.
Mas o Senado se mostra incapaz de forjar este bipartidarismo. Com isto, os democratas na Câmara agora acenam com a possibilidade de aprovar já na próxima semana uma resolução contrária à escalada de tropas no Iraque, que em um regime parlamentarista seria o equivalente a um voto de não-confiança no primeiro-ministro. Esta postura na Câmara alteraria o foco do debate.
Manobras
A liderança democrata no Congresso decidira que as primeiras iniciativas sobre a guerra seriam no Senado e não na Câmara, mas existe este senso de urgência, pois Iraque é a questão que mais aflige o país. Há também uma necessidade política para os democratas manterem a pressão e tentarem isolar a Casa Branca.
O regimento da Câmara impede tantas manobras da minoria como no Senado e a maioria democrata é mais ampla. Assim é quase certa a aprovação de uma resolução não mandatória contra o envio destas tropas ao Iraque, embora o peso da medida no Senado seria maior.
E a presidente da Câmara, Nancy Pelosi, disse que tal resolução seria apenas a primeira ação legislativa para pressionar o governar a começar a retirar as tropas do Iraque. Mas as batalhas contra Bush podem ser penosas. Mesmo acuado em Washington e Bagdá, o presidente já mostrou que gosta de brigar. Ele faz o que pode para manobrar os adversários e a realidade.