Governistas fazem duros ataques à oposição no Líbano
da BBC, em Londres
Políticos aliados do governo libanês mantiveram o discurso duro contra a oposição – que é liderada pelo grupo Hezbollah, considerado pró-Síria – no evento em memória do ex-primeiro-ministro Rafic Hariri realizado no centro de Beirute.
Analistas dizem que os discursos desta quarta-feira – um dia tenso, mas sem episódios de violência – mostram que não há disposição para um acordo que encerre o impasse.
“Esta é a hora da verdade e estamos nas últimas etapas para a formação do tribunal internacional (para investigar a morte de Rafic Hariri, há dois anos). Estamos prontos para tomar decisões corajosas, mas qualquer solução tem que passar pela instituição do tribunal”, disse o filho do ex-premiê e herdeiro político, o deputado governista Saad Hariri.
Saad Hariri fez seu discurso em praça pública separado das dezenas de milhares de manifestantes por um vidro a prova de balas.
Um inquérito da ONU já apontou o governo sírio como responsável pela morte de Rafic Hariri, mas o governo de Damasco e seus aliados no Líbano se opõem com veemência à instalação de um tribunal internacional.
A oposição libanesa – liderada pelo Hezbollah – realizou grandes manifestações em Beirute em dezembro e desde então mantém uma vigília constante no centro da capital pedindo a renúncia do gabinete do primeiro-ministro libanês Fouad Siniora, acusado por eles de estar a serviço de interesses ocidentais.
‘Violência oral’
“Acho que nas próximas semanas vamos ver uma retórica agressiva e muita violência oral dos dois lados, e possivelmente episódios de violência nas ruas também, mas esporádicos”, avalia o cientista político e especialista em movimentos islâmicos da Universidade Americana de Beirute, Ahmad Moussali.
“Não me parece que nenhum dos dois lados tenha agora a menor disposição para chegar a um acordo, mas tampouco acho que haja disposição para violência aberta, para qualquer coisa próxima de uma guerra civil”, diz.
Moussali acredita que o Líbano vai continuar a conviver com esta instabilidade por mais algum tempo porque seria impossível resolver a crise no país em meio à atual situação no Oriente Médio.
“A Síria está sob pressão do Ocidente e por sua vez pressiona o Líbano, o Irã joga com influencia que tem sobre o Hezbollah e a guerra no Iraque cria uma clima geral de instabilidade. É impossível conseguir um acordo aqui dentro com todos estes interesses externos envolvidos”, diz o cientista político.
Síria
A Síria foi alvo de muitos ataques nos discursos feitos na demonstração de hoje.
As palavras mais duras vieram do líder druso Walid Jumblat, que chamou o presidente sírio Bashar al-Assad de “macaco, cobra e açougueiro”.
“Não vamos nos render ao terrorismo, aos explosivos, partidos totalitários, sejam eles da Síria ou de qualquer outro lugar”, disse Jumblat para a multidão de dezenas de milhares de pessoas.
A analista política libanesa Rula Talj diz que Jumblat tem que jogar duro porque está isolado e sabe que não haveria espaço para ele se a oposição e a situação conseguirem se entender.
“A demonstração de hoje era uma homenagem a Rafic Hariri, mas num momento tenso como este muitos políticos tomaram a atitude imprudente de transformá-la numa manifestação de apoio ao governo”, disse.
Analistas dizem que os discursos desta quarta-feira – um dia tenso, mas sem episódios de violência – mostram que não há disposição para um acordo que encerre o impasse.
“Esta é a hora da verdade e estamos nas últimas etapas para a formação do tribunal internacional (para investigar a morte de Rafic Hariri, há dois anos). Estamos prontos para tomar decisões corajosas, mas qualquer solução tem que passar pela instituição do tribunal”, disse o filho do ex-premiê e herdeiro político, o deputado governista Saad Hariri.
Saad Hariri fez seu discurso em praça pública separado das dezenas de milhares de manifestantes por um vidro a prova de balas.
Um inquérito da ONU já apontou o governo sírio como responsável pela morte de Rafic Hariri, mas o governo de Damasco e seus aliados no Líbano se opõem com veemência à instalação de um tribunal internacional.
A oposição libanesa – liderada pelo Hezbollah – realizou grandes manifestações em Beirute em dezembro e desde então mantém uma vigília constante no centro da capital pedindo a renúncia do gabinete do primeiro-ministro libanês Fouad Siniora, acusado por eles de estar a serviço de interesses ocidentais.
‘Violência oral’
“Acho que nas próximas semanas vamos ver uma retórica agressiva e muita violência oral dos dois lados, e possivelmente episódios de violência nas ruas também, mas esporádicos”, avalia o cientista político e especialista em movimentos islâmicos da Universidade Americana de Beirute, Ahmad Moussali.
“Não me parece que nenhum dos dois lados tenha agora a menor disposição para chegar a um acordo, mas tampouco acho que haja disposição para violência aberta, para qualquer coisa próxima de uma guerra civil”, diz.
Moussali acredita que o Líbano vai continuar a conviver com esta instabilidade por mais algum tempo porque seria impossível resolver a crise no país em meio à atual situação no Oriente Médio.
“A Síria está sob pressão do Ocidente e por sua vez pressiona o Líbano, o Irã joga com influencia que tem sobre o Hezbollah e a guerra no Iraque cria uma clima geral de instabilidade. É impossível conseguir um acordo aqui dentro com todos estes interesses externos envolvidos”, diz o cientista político.
Síria
A Síria foi alvo de muitos ataques nos discursos feitos na demonstração de hoje.
As palavras mais duras vieram do líder druso Walid Jumblat, que chamou o presidente sírio Bashar al-Assad de “macaco, cobra e açougueiro”.
“Não vamos nos render ao terrorismo, aos explosivos, partidos totalitários, sejam eles da Síria ou de qualquer outro lugar”, disse Jumblat para a multidão de dezenas de milhares de pessoas.
A analista política libanesa Rula Talj diz que Jumblat tem que jogar duro porque está isolado e sabe que não haveria espaço para ele se a oposição e a situação conseguirem se entender.
“A demonstração de hoje era uma homenagem a Rafic Hariri, mas num momento tenso como este muitos políticos tomaram a atitude imprudente de transformá-la numa manifestação de apoio ao governo”, disse.