Filme mostra suicidas saltando da Golden Gate

da BBC, em Londres

Estreou nesta sexta-feira, na Grã-Bretanha, o filme The Bridge, um documentário americano sobre os suicidas que escolhem a famosa ponte suspensa Golden Gate, em San Francisco, para se matar.

O diretor Eric Steel registrou os últimos passos de seis pessoas que se jogaram da ponte, conhecida nos Estados Unidos como a meca dos suicidas, e caíram de uma altura de quase 70 metros.

Em uma dessas cenas, em plena luz do dia, um homem de cabelo comprido, óculos escuros, vestido em uma jaqueta preta de couro, sobe na mureta de pouco mais de um metro de altura que separa os pedestres na passarela da queda.

Em seguida, de costas para a ilha de Alcatraz e a cidade de San Francisco, ele dá um passo atrás. Quatro segundos depois, o homem está morto nas águas da baía.

"Queria fazer um filme sobre o espírito humano em crise", afirmou Steel.

"O objetivo é começar um diálogo mais aberto sobre doenças mentais, e para isso, é preciso que as pessoas vejam cenas como essa."

Salva-vidas

Para isso, Steel passou praticamente o ano inteiro de 2004 filmando com uma equipe na Golden Gate. Ele filmou quase todos os mais de 20 suicídios registrados naquele ano, além de várias tentativas fracassadas.

No entanto, antes de começar qualquer filmagem, o ex-executivo da Disney criou uma série de regras seguidas à risca sempre que qualquer pessoa apresentava um comportamento suspeito.

"Toda vez que alguém punha um pé sobre a mureta, a primeira coisa que fazíamos era ligar para a patrulha da ponte", disse o diretor à BBC.

"Não poderíamos dormir tranqüilos se tivéssemos feito qualquer outra coisa."

De acordo com Steel, seis suicídios foram evitados graças à intervenção dele e da equipe que o acompanhava.

"Não quero apresentar justificativas, mas não sei de nenhum outro diretor que possa dizer que salvou nem mesmo uma única vida em um ano."

Em outras palavras, o americano faz questão de destacar que, antes de agir como cineasta, agiu como ser humano.

Entrevistas

A maior parte do filme, no entanto, consiste de entrevistas com amigos e parentes dos mortos tentando compreender a tragédia.

Há também uma entrevista com Kevin Hines, um dos poucos suicidas que sobreviveram à queda.

De acordo com o cineasta, todos os envolvidos autorizaram a participação no filme e se disseram "incrivelmente orgulhosos" de fazerem parte da fita.

No entanto, muitos acusam o diretor de sensacionalismo. Outros dizem que ele pode levar alguns espectadores a imitarem o que viram na tela.

Para Steel, entretanto, o filme pode ajudar a evitar novas mortes.

"A solução não é não mostrar o filme, mas sim exibi-lo, promover debate e tentar chegar a soluções locais e soluções mais amplas para um problema global."

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