Foliões belgas distribuem laranjas em tradição secular

da BBC, em Londres

A cidade de Binche, a 55 quilômetros ao sul de Bruxelas, encerrou nesta terça-feira o carnaval mais tradicional da Bélgica com o desfile dos chamados Gilles de Mardi Gras, reconhecido pela Unesco como Patrimônio Oral e Imaterial da Humanidade.

Seguindo um costume mantido desde o século 16, os gilles - cerca de mil foliões, divididos em dez “sociedades” - fecham a cada ano os três dias de festas do Carnaval belga distribuindo ao público laranjas de gomos vermelhos típicas da região.

Nessa cidade rural de 10 mil habitantes, a origem da tradição dos gilles até hoje não está clara.



A lenda mais popular diz que a festa é uma recriação folclórica das celebrações realizadas desde 1549 pela rainha Maria da Hungria em homenagem a seu irmão, nas quais desfiles militares se misturavam com grandes banquetes e fogos de artifício.

Tradição rural

Apesar de ter passado por muitas modificações, a festa ainda representa a essência rural de Binche.

Os gilles percorrem as principais ruas da cidade agitando maços de palha, ritmados pelo som de um único tambor, das sinetas que levam penduradas na cintura e das batidas de seus tamancos de madeira nos paralelepípedos do chão do centro histórico.

Segundo a lenda popular, a roupa dos primeiros gilles teria sido inspirada nas descrições que eram feitas naquela época sobre as vestimentas dos incas americanos.

O traje consiste basicamente em um conjunto de blusa e calça feitas em fibra de juta, bordadas com símbolos da monarquia, religiosidade e história belgas.

A fantasia é completada por uma máscara de cera durante os desfiles matutinos e por um chapéu coberto com penas de avestruz de um metro e meio nos desfiles da tarde.

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