PAC ameaça deixar economia do Brasil para trás, diz Financial Times
da BBC, em Londres
O Plano de Aceleração do Crescimento (PAC), lançado no mês passado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, não toca nos principais pontos que emperram a expansão da economia brasileira e ameaça deixar o país para trás em relação às demais nações emergentes, afirma reportagem publicada nesta quinta-feira pelo diário britânico Financial Times.
O jornal observa que o principal ponto do PAC é a aposta nos investimentos públicos como propulsor do crescimento, mas argumenta que “a escassez de capital para investimento não é a única barreira ao crescimento do Brasil”.
“Muitos economistas apontam as leis trabalhistas restritivas que levaram cerca de 60% da força de trabalho para o setor informal, cortando receitas do governo no processo. No setor público, escalas de pagamento inflexíveis baseadas em idade negam aos chefes o tipo de incentivos por desempenho que poderia, por exemplo, ajudar a melhorar a educação pública. Outros obstáculos incluem um sistema tributário confuso e um judiciário problemático”, afirma.
Para a reportagem, “a impressão de que o governo quer gastar para conseguir crescimento é reforçada pela relutância do PAC em atender a questões fundamentais como pensões e reforma trabalhista”.
O jornal conclui dizendo que os analistas não temem uma possível mudança de rumo de Lula rumo ao populismo, mas que, “ao não conseguir agarrar a oportunidade oferecida pelas condições globais benignas para reformar o Estado, ele condene o país a muito mais anos de mediocridade”.
Entrevista de Amorim
Em outro texto que completa a página, o Financial Times traz uma entrevista com o chanceler Celso Amorim, na qual ele defende a política brasileira de manter relações cordiais com seus vizinhos mais radicais, como Venezuela e Bolívia.
“Ao invés de criticar abertamente, Amorim afirma que o Brasil pode ser mais efetivo com uma persuasão serena atrás dos bastidores”, diz o texto. “Esta é uma posição que ele disse ter trazido frutos na Bolívia, onde Evo Morales teria recuado de uma versão mais radical da nacionalização do gás.”
O ministro argumenta na entrevista que o interesse maior do Brasil é pela integração regional. “Amorim diz que seus críticos não entendem o caráter em transformação do Mercosul e subestimam a necessidade de uma integração mais ampla em um mundo onde recursos e infra-estrutura física têm uma crescente importância”, diz a reportagem.
Segundo o jornal, a política externa brasileira é “guiada pela sensação de que a liderança internacional dos Estados Unidos, incontestável quando o Mercosul foi formado, em 1991, está sendo desafiada pela emergência de blocos como a União Européia e pela China”.
“Para enfrentar estes verdadeiros gigantes, a integração sul-americana é muito importante para o Brasil”, argumenta Amorim na entrevista.
Ameaça à Amazônia
A demanda por soja para a fabricação de biodiesel ameaça acelerar o desmatamento da Amazônia brasileira, segundo afirma reportagem publicada nesta quinta-feira pelo diário espanhol El País.
A reportagem afirma que dois programas do governo incentivam a expansão da produção de soja: “o programa de produção de biodiesel, considerado pioneiro, e o novo programa de aceleração do crescimento, dirigido à ampliação da infra-estrutura e que supõe a ampliação de portos e rodovias para facilitar o transporte da soja”.
O jornal reproduz declarações de um ambientalista brasileiro de que o cultivo da soja “está invadindo não somente o cerrado, como já está começando a comer parte da Amazônia, com o agravante de que o monocultivo da soja não só destrói a selva, mas também acaba expulsando comunidades inteiras de agricultores familiares, acrescentando a miséria às populações dessas áreas”.
A reportagem afirma ainda que “o cultivo da soja pode provocar a contaminação dos rios e do solo por agrotóxicos e fertilizantes e reduz a biodiversidade animal e vegetal”.
Para o jornal, “o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva está entre a cruz e a espada, pois a produção e exportação de soja supõe uma das principais entradas de divisas, enquanto, por outro lado, o Ministério do Meio Ambiente, dirigido pela ministra Marina Silva, já teve vários desencontros com algumas medidas do governo”.
“Uma das provas da vontade do governo de Lula em seu segundo mandato vai ser a permanência ou não no Executivo da ministra Silva, conhecida por sua intransigência em matérias ambientais”, conclui o jornal espanhol.
O jornal observa que o principal ponto do PAC é a aposta nos investimentos públicos como propulsor do crescimento, mas argumenta que “a escassez de capital para investimento não é a única barreira ao crescimento do Brasil”.
“Muitos economistas apontam as leis trabalhistas restritivas que levaram cerca de 60% da força de trabalho para o setor informal, cortando receitas do governo no processo. No setor público, escalas de pagamento inflexíveis baseadas em idade negam aos chefes o tipo de incentivos por desempenho que poderia, por exemplo, ajudar a melhorar a educação pública. Outros obstáculos incluem um sistema tributário confuso e um judiciário problemático”, afirma.
Para a reportagem, “a impressão de que o governo quer gastar para conseguir crescimento é reforçada pela relutância do PAC em atender a questões fundamentais como pensões e reforma trabalhista”.
O jornal conclui dizendo que os analistas não temem uma possível mudança de rumo de Lula rumo ao populismo, mas que, “ao não conseguir agarrar a oportunidade oferecida pelas condições globais benignas para reformar o Estado, ele condene o país a muito mais anos de mediocridade”.
Entrevista de Amorim
Em outro texto que completa a página, o Financial Times traz uma entrevista com o chanceler Celso Amorim, na qual ele defende a política brasileira de manter relações cordiais com seus vizinhos mais radicais, como Venezuela e Bolívia.
“Ao invés de criticar abertamente, Amorim afirma que o Brasil pode ser mais efetivo com uma persuasão serena atrás dos bastidores”, diz o texto. “Esta é uma posição que ele disse ter trazido frutos na Bolívia, onde Evo Morales teria recuado de uma versão mais radical da nacionalização do gás.”
O ministro argumenta na entrevista que o interesse maior do Brasil é pela integração regional. “Amorim diz que seus críticos não entendem o caráter em transformação do Mercosul e subestimam a necessidade de uma integração mais ampla em um mundo onde recursos e infra-estrutura física têm uma crescente importância”, diz a reportagem.
Segundo o jornal, a política externa brasileira é “guiada pela sensação de que a liderança internacional dos Estados Unidos, incontestável quando o Mercosul foi formado, em 1991, está sendo desafiada pela emergência de blocos como a União Européia e pela China”.
“Para enfrentar estes verdadeiros gigantes, a integração sul-americana é muito importante para o Brasil”, argumenta Amorim na entrevista.
Ameaça à Amazônia
A demanda por soja para a fabricação de biodiesel ameaça acelerar o desmatamento da Amazônia brasileira, segundo afirma reportagem publicada nesta quinta-feira pelo diário espanhol El País.
A reportagem afirma que dois programas do governo incentivam a expansão da produção de soja: “o programa de produção de biodiesel, considerado pioneiro, e o novo programa de aceleração do crescimento, dirigido à ampliação da infra-estrutura e que supõe a ampliação de portos e rodovias para facilitar o transporte da soja”.
O jornal reproduz declarações de um ambientalista brasileiro de que o cultivo da soja “está invadindo não somente o cerrado, como já está começando a comer parte da Amazônia, com o agravante de que o monocultivo da soja não só destrói a selva, mas também acaba expulsando comunidades inteiras de agricultores familiares, acrescentando a miséria às populações dessas áreas”.
A reportagem afirma ainda que “o cultivo da soja pode provocar a contaminação dos rios e do solo por agrotóxicos e fertilizantes e reduz a biodiversidade animal e vegetal”.
Para o jornal, “o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva está entre a cruz e a espada, pois a produção e exportação de soja supõe uma das principais entradas de divisas, enquanto, por outro lado, o Ministério do Meio Ambiente, dirigido pela ministra Marina Silva, já teve vários desencontros com algumas medidas do governo”.
“Uma das provas da vontade do governo de Lula em seu segundo mandato vai ser a permanência ou não no Executivo da ministra Silva, conhecida por sua intransigência em matérias ambientais”, conclui o jornal espanhol.