Brasil 'não deve ter medo dos EUA', diz ex-embaixador
da BBC, em Londres
O ex-embaixador brasileiro em Washington, Roberto Abdenur, disse nesta terça-feira no Senado que o Brasil “não deveria ter medo dos Estados Unidos” e que o governo deveria se esforçar mais para promover o comércio entre os dois países, abrindo mais espaço para empresas brasileiras no mercado americano.
“Não devemos ter medo dos Estados Unidos”, afirmou, referindo-se à falta de disposição, na avaliação dele, do governo brasileiro em priorizar o mercado americano.
“Há uma demasiada ênfase na relação sul-sul em detrimento da promoção comercial nos Estados Unidos”, afirmou Abdenur, que foi embaixador na capital americana entre 2005 até janeiro deste ano, quando foi chamado de volta ao Brasil e pediu aposentadoria do Itamaraty, depois de 44 anos na carreira diplomática.
“Infelizmente o Itamaraty deixou de assignar recursos suficientes para a promoção das nossas exportações para os Estados Unidos”, afirmou.
Abdenur disse que dos oito consulados brasileiros nos Estados Unidos, só quatro têm setores de promoção comercial, a maioria com recursos limitados.
Por isso, ele diz que o Brasil está estagnado há dez anos com 1,4% das importações americanas, deixando de aproveitar oportunidades de crescimento no país.
“É hora de aproveitar que os Estados Unidos estão envolvidos na guerra no Iraque para atacar (no sentido comercial) o mercado americano”, disse ele.
Críticas
Abdenur foi convocado para depor na Comissão de Relações Exteriores do Senado sobre a entrevista que deu há três semanas à revista Veja, na qual diz que existe um “substrato ideológico vagamente antiamericanista na política externa brasileira” e que diplomatas são promovidos em função da afinidade ideológica e não da competência.
O Itamaraty rebateu as críticas e as atribui a uma disputa política entre Abdenur e outros diplomatas.
O secretário-geral do Itamaraty, Samuel Pinheiro Guimarães, disse em entrevista à Folha de S. Paulo esta semana que a política brasileira é “pragmática” e que a participação do país nas importações americanas aumentou de 1,18% para 1,4% entre 1999 e 2006, enquanto a de vários outros países diminuiu, perdendo espaço para os chineses.
O embaixador também criticou a postura brasileira em relação à Alca, que nunca saiu do papel por divergências principalmente entre Brasil e Estados Unidos. Segundo ele, o assunto não foi tratado com pragmatismo, mas de maneira ideológica.
“Teria sido possível negociar uma Alca desejável, sem nenhum dano para o Mercosul e com ganho significativo para o Brasil em termos de acesso ao mercado americano”, disse Abadenur. Agora, ele acha que está tarde para retomar as negociações, mas não descarta que elas possam ser reiniciadas no futuro.
Abdenur diz que o Brasil precisa deixar de sempre pensar na política externa pelo ponto de vista do que é favorável ou contrário aos Estados Unidos.
“O Brasil deve seguir com naturalidade seu próprio caminho sem dar a impressão de que precisa se balizar ou se contrapor a Washington”, afirmou.
“Não é necessário que o Brasil abra mão de seus interesses para intensificar sua relação com os Estados Unidos. Não deveríamos nos inibir de usar a palavra parceria.”
“Não devemos ter medo dos Estados Unidos”, afirmou, referindo-se à falta de disposição, na avaliação dele, do governo brasileiro em priorizar o mercado americano.
“Há uma demasiada ênfase na relação sul-sul em detrimento da promoção comercial nos Estados Unidos”, afirmou Abdenur, que foi embaixador na capital americana entre 2005 até janeiro deste ano, quando foi chamado de volta ao Brasil e pediu aposentadoria do Itamaraty, depois de 44 anos na carreira diplomática.
“Infelizmente o Itamaraty deixou de assignar recursos suficientes para a promoção das nossas exportações para os Estados Unidos”, afirmou.
Abdenur disse que dos oito consulados brasileiros nos Estados Unidos, só quatro têm setores de promoção comercial, a maioria com recursos limitados.
Por isso, ele diz que o Brasil está estagnado há dez anos com 1,4% das importações americanas, deixando de aproveitar oportunidades de crescimento no país.
“É hora de aproveitar que os Estados Unidos estão envolvidos na guerra no Iraque para atacar (no sentido comercial) o mercado americano”, disse ele.
Críticas
Abdenur foi convocado para depor na Comissão de Relações Exteriores do Senado sobre a entrevista que deu há três semanas à revista Veja, na qual diz que existe um “substrato ideológico vagamente antiamericanista na política externa brasileira” e que diplomatas são promovidos em função da afinidade ideológica e não da competência.
O Itamaraty rebateu as críticas e as atribui a uma disputa política entre Abdenur e outros diplomatas.
O secretário-geral do Itamaraty, Samuel Pinheiro Guimarães, disse em entrevista à Folha de S. Paulo esta semana que a política brasileira é “pragmática” e que a participação do país nas importações americanas aumentou de 1,18% para 1,4% entre 1999 e 2006, enquanto a de vários outros países diminuiu, perdendo espaço para os chineses.
O embaixador também criticou a postura brasileira em relação à Alca, que nunca saiu do papel por divergências principalmente entre Brasil e Estados Unidos. Segundo ele, o assunto não foi tratado com pragmatismo, mas de maneira ideológica.
“Teria sido possível negociar uma Alca desejável, sem nenhum dano para o Mercosul e com ganho significativo para o Brasil em termos de acesso ao mercado americano”, disse Abadenur. Agora, ele acha que está tarde para retomar as negociações, mas não descarta que elas possam ser reiniciadas no futuro.
Abdenur diz que o Brasil precisa deixar de sempre pensar na política externa pelo ponto de vista do que é favorável ou contrário aos Estados Unidos.
“O Brasil deve seguir com naturalidade seu próprio caminho sem dar a impressão de que precisa se balizar ou se contrapor a Washington”, afirmou.
“Não é necessário que o Brasil abra mão de seus interesses para intensificar sua relação com os Estados Unidos. Não deveríamos nos inibir de usar a palavra parceria.”