Conquistando o rio Amazonas a nado
da BBC, em Londres
"Meu objetivo é conquistar o impossível"
Martin Strel, um esloveno de 52 anos, tenta se tornar a primeira pessoa a nadar o rio Amazonas em toda sua extensão, cobrindo mais de 5.400 km.
Strel começou a travessia no dia 1º de fevereiro, em Atalaya, Peru, e espera completá-la em meados de abril, em Belém, no Pará.
Uma vez por semana, você poderá acompanhar aqui no site da BBC Brasil os detalhes da aventura do "homem peixe", contados pelo próprio Strel.
Na coluna da direita, envie perguntas e comentários sobre a façanha do nadador.
Cremes protetores e botos-rosa
Sexta-feira, 2 de março, Jutai, Brasil
Tenho dores e feridas abertas na parte de trás das minhas pernas.
Isso acontece comigo durante nadadas de muito longa distância que faço.
Acontece quando água barrenta e terra entram na minha roupa molhada e ficam lá por horas, se esfregando contra a minha pele.
Quando começou, usamos alguns cremes protetores. Também botei algumas ataduras nas minhas pernas. Deveria funcionar, mas é doloroso e leva dias para recuperar.
Mentalmente, estou muito bem.
Na quinta-feira, chegamos à marca de metade dos quilômetros, nós percorremos agora 2.654 quilômetros em 29 dias.
A segunda metade, que levará mais 41 dias, será muito mais difícil porque a parte inferior do Amazonas é mais devagar e o rio fica mais largo.
Haverá mais ondas e ventos, que dificultarão tudo.
Esperamos um progresso 20% mais lento do que na parte superior do rio.
Ainda estou nadando com botos-rosa, são criaturas maravilhosas. Vi milhares deles na parte superior do rio.
Quase toquei em um deles porque eles se aproximam bastante de mim quando estou nadando. Eles são amigáveis.
Ouvi falar que vão ficando cada vez maiores na medida em que nado mais para a parte inferior do Amazonas.
Obrigado a todos os leitores por suas perguntas e saudações. Eu espero que vocês todos sigam a nadada na próxima semana, porque vai ficar mais emocionante.
O homem da máscara de pano
Sexta-feira, 23 de fevereiro, Tabatinga, Brasil
Minha equipe me fez uma máscara bem útil. Ela fica na minha cara enquanto nado de costas. O sol tem sido terrivelmente forte nas últimas semanas. Estou esperando mais chuva.
Fomos obrigados a pensar em algo porque temos cremes para minha face, mas não do tipo certo.
Tentamos 15 tipos de cremes, mas nada fica no meu rosto. Eles saem em uma hora ou duas.
A máscara é feita de pano. Funciona bem. Ela fica um pouco pesada quando molhada e é um pouco difícil nadar com ela, portanto eu só uso ela por uma ou duas horas por dia, quando o sol está mais forte.
Tivemos uma reunião inesperada com a tribo Yagua no Peru. Chegamos na vila chamada Evas e encontramos o famoso pintor Francisco Gripa, que se mudou de Los Angeles para o Peru.
Ele me levou aos Yagua, que moram lá há centenas de anos.
Foi ótimo encontrá-los. Eles fizeram uma cerimônia curta para mim e rezaram por mim. Também botaram um creme vermelho no meu corpo e me disseram que ele ficaria no corpo até o fim da minha travessia, me trazendo sorte.
Minha preparação mental tem sido muito importante. Fico repetindo histórias na minha cabeça da minha família, aventuras anteriores, times e equipes com quem trabalhei.
Eu também faço um tipo de meditação no final do dia. Tento sentir meu corpo e meus músculos quando estou na minha cama. Aprendi isso com psicólogos. É como uma massagem mental, me ajuda a relaxar e a esquecer a dor.
Chegamos ontem em Tabatinga, na fronteira brasileira. Havia uma recepção lá para mim, com o prefeito e outras autoridades locais.
Semana passada fiz uma média de 85 quilômetros por dia. A corrente diminuiu porque o rio ficou mais largo. Há mais canais e ilhas. Eu espero fazer algo como 90 quilômetros hoje.
Conquistando o impossível
Sexta-feira, 16 de fevereiro, perto de Iquitos, no Peru
Muitas pessoas tem me perguntado por que estou fazendo isso.
Quero provar para mim mesmo que posso conseguir mais que os outros, conquistar o impossível. Quero fazer algo que ninguém jamais fez.
Claro, enquanto estou fazendo isso também quero promover uma mensagem ecológica.
O Amazonas tem sido muito legal comigo. A maior preocupação é o sol forte.
As temperaturas ficam constantemente entre 35º e 37º C.
Eu uso uma roupa que cobre quase todo meu corpo. Também preciso proteger minha cabeça, então uso diferentes tipos de chapéus, porque, senão, eu ficaria queimado em alguns dias e não poderia continuar.
Há outras preocupações também, no entanto. Um risco real são os peixes candiru.
Eles podem entrar no corpo pelo pênis e só podem ser retirados com cirurgia.
Não vou me preocupar muito com isso agora, no entanto.
Eu nado cerca de 90 quilômetros por dia, graças à corrente.
Estudei muito as condições do rio. Nessa época do ano, o rio é alto e isso me dá umas correntes de apoio que me empurram, para que eu possa me concentrar na natação. É assim que consigo nadar vários quilômetros por dia.
Esperamos chegar em Tabatinga, na fronteira brasileira, na próxima semana.
Martin Strel, um esloveno de 52 anos, tenta se tornar a primeira pessoa a nadar o rio Amazonas em toda sua extensão, cobrindo mais de 5.400 km.
Strel começou a travessia no dia 1º de fevereiro, em Atalaya, Peru, e espera completá-la em meados de abril, em Belém, no Pará.
Uma vez por semana, você poderá acompanhar aqui no site da BBC Brasil os detalhes da aventura do "homem peixe", contados pelo próprio Strel.
Na coluna da direita, envie perguntas e comentários sobre a façanha do nadador.
Cremes protetores e botos-rosa
Sexta-feira, 2 de março, Jutai, Brasil
Tenho dores e feridas abertas na parte de trás das minhas pernas.
Isso acontece comigo durante nadadas de muito longa distância que faço.
Acontece quando água barrenta e terra entram na minha roupa molhada e ficam lá por horas, se esfregando contra a minha pele.
Quando começou, usamos alguns cremes protetores. Também botei algumas ataduras nas minhas pernas. Deveria funcionar, mas é doloroso e leva dias para recuperar.
Mentalmente, estou muito bem.
Na quinta-feira, chegamos à marca de metade dos quilômetros, nós percorremos agora 2.654 quilômetros em 29 dias.
A segunda metade, que levará mais 41 dias, será muito mais difícil porque a parte inferior do Amazonas é mais devagar e o rio fica mais largo.
Haverá mais ondas e ventos, que dificultarão tudo.
Esperamos um progresso 20% mais lento do que na parte superior do rio.
Ainda estou nadando com botos-rosa, são criaturas maravilhosas. Vi milhares deles na parte superior do rio.
Quase toquei em um deles porque eles se aproximam bastante de mim quando estou nadando. Eles são amigáveis.
Ouvi falar que vão ficando cada vez maiores na medida em que nado mais para a parte inferior do Amazonas.
Obrigado a todos os leitores por suas perguntas e saudações. Eu espero que vocês todos sigam a nadada na próxima semana, porque vai ficar mais emocionante.
O homem da máscara de pano
Sexta-feira, 23 de fevereiro, Tabatinga, Brasil
Minha equipe me fez uma máscara bem útil. Ela fica na minha cara enquanto nado de costas. O sol tem sido terrivelmente forte nas últimas semanas. Estou esperando mais chuva.
Fomos obrigados a pensar em algo porque temos cremes para minha face, mas não do tipo certo.
Tentamos 15 tipos de cremes, mas nada fica no meu rosto. Eles saem em uma hora ou duas.
A máscara é feita de pano. Funciona bem. Ela fica um pouco pesada quando molhada e é um pouco difícil nadar com ela, portanto eu só uso ela por uma ou duas horas por dia, quando o sol está mais forte.
Tivemos uma reunião inesperada com a tribo Yagua no Peru. Chegamos na vila chamada Evas e encontramos o famoso pintor Francisco Gripa, que se mudou de Los Angeles para o Peru.
Ele me levou aos Yagua, que moram lá há centenas de anos.
Foi ótimo encontrá-los. Eles fizeram uma cerimônia curta para mim e rezaram por mim. Também botaram um creme vermelho no meu corpo e me disseram que ele ficaria no corpo até o fim da minha travessia, me trazendo sorte.
Minha preparação mental tem sido muito importante. Fico repetindo histórias na minha cabeça da minha família, aventuras anteriores, times e equipes com quem trabalhei.
Eu também faço um tipo de meditação no final do dia. Tento sentir meu corpo e meus músculos quando estou na minha cama. Aprendi isso com psicólogos. É como uma massagem mental, me ajuda a relaxar e a esquecer a dor.
Chegamos ontem em Tabatinga, na fronteira brasileira. Havia uma recepção lá para mim, com o prefeito e outras autoridades locais.
Semana passada fiz uma média de 85 quilômetros por dia. A corrente diminuiu porque o rio ficou mais largo. Há mais canais e ilhas. Eu espero fazer algo como 90 quilômetros hoje.
Conquistando o impossível
Sexta-feira, 16 de fevereiro, perto de Iquitos, no Peru
Muitas pessoas tem me perguntado por que estou fazendo isso.
Quero provar para mim mesmo que posso conseguir mais que os outros, conquistar o impossível. Quero fazer algo que ninguém jamais fez.
Claro, enquanto estou fazendo isso também quero promover uma mensagem ecológica.
O Amazonas tem sido muito legal comigo. A maior preocupação é o sol forte.
As temperaturas ficam constantemente entre 35º e 37º C.
Eu uso uma roupa que cobre quase todo meu corpo. Também preciso proteger minha cabeça, então uso diferentes tipos de chapéus, porque, senão, eu ficaria queimado em alguns dias e não poderia continuar.
Há outras preocupações também, no entanto. Um risco real são os peixes candiru.
Eles podem entrar no corpo pelo pênis e só podem ser retirados com cirurgia.
Não vou me preocupar muito com isso agora, no entanto.
Eu nado cerca de 90 quilômetros por dia, graças à corrente.
Estudei muito as condições do rio. Nessa época do ano, o rio é alto e isso me dá umas correntes de apoio que me empurram, para que eu possa me concentrar na natação. É assim que consigo nadar vários quilômetros por dia.
Esperamos chegar em Tabatinga, na fronteira brasileira, na próxima semana.