Evangélicos 'capitalistas' avançam no Brasil, diz 'The Guardian'

da BBC, em Londres

A recente prisão, nos Estados Unidos, do casal Estevam e Sonia Hernandes, líderes religiosos da Igreja Renascer, vem chamando a atenção para o “crescimento dos poderosos evangélicos movidos pelo espírito do capitalismo”, segundo reportagem publicada nesta sexta-feira pelo diário britânico The Guardian.

Segundo a reportagem, que ocupa uma página inteira do jornal, os Hernandes “são dois dos mais poderosos e polêmicos líderes religiosos no Brasil, onde as igrejas evangélicas crescem a cada dia”.

“Eles são também dois dos mais procurados evangélicos brasileiros e estão atualmente sob prisão domiciliar em Miami. Eles responderão na Justiça americana neste mês à acusação de tentar contrabandear US$ 56.467 em dinheiro pelo aeroporto de Miami”, relata o Guardian, acrescentando que no Brasil eles também são acusados de “lavagem de dinheiro e fraudes”.

O jornal comenta que “para muitos, o julgamento confirma suspeitas de longo tempo de que setores das berrantes igrejas evangélicas usam a religião como pretexto para fraude, lavagem de dinheiro e crime organizado”.

A reportagem relata o crescimento no número de fiéis das igrejas evangélicas, que já chega aos 26 milhões, e também o poder político da comunidade evangélica, com 61 dos 513 deputados federais e três senadores.

Segundo o jornal, “as receitas das igrejas explodiram, dando origem ao que os críticos chamam de ‘teologia do capitalismo’ e abrindo as portas para altos níveis de corrupção”.

A reportagem relata ainda que, desde sua prisão, em janeiro, o casal vem seguidamente negando as acusações e classificando o processo na Justiça americana como “obra do demônio”.

Epidemia de dengue

O diário espanhol El País, que destaca em sua edição desta sexta-feira os problemas enfrentados pelo Paraguai para controlar uma epidemia de dengue, observa em uma outra reportagem que o vizinho Brasil, onde a doença apareceu em 1982, nunca conseguiu controlá-la.

“Desde então, a doença se converteu em um mal endêmico, com focos periódicos de diferentes níveis de virulência”, afirma a reportagem, observando ainda que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse recentemente que o país “trava uma verdadeira guerra” contra o mosquito Aedes aegypti, que transmite o vírus da dengue.

O jornal observa que o estado do Mato Grosso, com mais de 27 mil casos desde janeiro, já declarou situação de emergência. “Em alguns dias, até 3 mil pacientes aguardam nas filas de atendimento dos postos de saúde”, diz a reportagem.

“Até as autoridades religiosas se envolveram no combate à dengue exortando os fiéis de suas igrejas a serem cuidadosos e não deixarem água estancada em suas casas e jardins”, afirma o jornal.

A reportagem observa ainda que “a boa notícia nesta ‘guerra’ é que cientistas de São Paulo anunciaram que trabalham em uma vacina contra a dengue que poderia estar pronta em cinco anos”.


Etanol alternativo


Reportagem do The Wall Street Journal relata uma iniciativa do Departamento de Energia dos Estados Unidos para buscar alternativas mais baratas para o etanol do que a produção a partir do milho, como é feito hoje no país.

Segundo o jornal, será feita uma competição entre seis empresas para ver “quem consegue produzir o combustível alternativo ao etanol de milho, em quantidades comerciais, a um custo de US$ 1 o galão”.

“As companhias que tiverem sucesso em produzir o etanol de baixo custo poderiam ter acesso privilegiado a um novo mercado de combustíveis que oferece uma alternativa doméstica à gasolina”, observa a reportagem.

Segundo o jornal, o Departamento de Energia dará até US$ 385 milhões para as companhias como ajuda para o desenvolvimento do novo combustível.

O novo etanol poderia ser fabricado a partir de materiais como lascas de madeira, cascas de laranja, talos de milho e lixo em geral, de acordo com a reportagem.

A produção de álcool combustível a partir do milho, como é feita atualmente nos Estados Unidos, é vista como mais cara e menos eficiente do que a produção a partir da cana-de-açúcar, como no Brasil.

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