Ivan Lessa: Que raios são esses?
da BBC, em Londres
No começo da semana, aqui mesmo, neste espaço que me cabe e onde mais ou menos caibo, eu andei falando (pelos cotovelos e em cláusulas subordinadas, como sempre) sobre eco-verduras e aquecimento global.
E de como, segundo os entendidos, que os há, e em número cada vez maior, o dióxido de carbono, vulgo CO2, é o culpado pelo derretimento das calotas polares, a extinção dos ursos e a proliferação de quiosques na praia de Ipanema, no Rio.
Achei tudo muito chato, mas me conformei, já que o pior da engrossada eu não vou pegar. Ser humano é aprender a aceitar nossa própria canalhice.
O que eu gostaria mesmo é que o mundo parasse ao menos por um minuto. Pelo pouco que aprendi no colégio, sei que a travada significaria Armagedão e não pausa para o massagista entrar em campo e fazer aquela massagem milagrosa na perna do craque machucado.
Seria interessante que, em certas coisas, a humanidade parasse um pouco para parar de discutir e ficar de acordo. Que Martin Scorsese merecia o Oscar, que a seleção brasileira de 1958 foi a melhor de todos os tempos, que ninguém chegou perto de Jack Costanzo em matéria de bongôs e que, enfim, o CO2 é o grande culpado pelo aquecimento global.
Doce ilusão, como deve ter se lamentado um chorinho no bandolim de Jacob.
O perigo dos jornais
Abro o jornal, um jornal decente, até o ponto de decência até onde pode ir um jornal, qualquer jornal, o Times, no caso, e lá dou com a notícia escandalosa: “Os raios cósmicos são os verdadeiros culpados pelo aquecimento do planeta e não o CO2”.
Tiveram o pudor de nos livrar do ponto de exclamação. A notícia de duas colunas, com ilustração explicativa, baseia-se em declaração de um climatologista dinamarquês, Henrik Svensmark.
Afirma ele, em declarações feitas ainda agorinha, que diversas experiências mostravam (na verdade, o Times foi prudente e preferiu o verbo “sugerir”) que a influência do homem sobre o aquecimento global é bem menor do que pensa e publica a maior parte da comunidade científica.
Henrik Svensmark culpa o impacto dos raios cósmicos por essa chatice toda que acaba em Oscar para Al Gore. Os raios cósmicos, segundo o editor ambientalista do Times, são a mesma coisa que radiação. Ou seja, partículas de energia, oriundas nas estrelas, que bombardeiam a Terra criando íons carregados de eletricidade que, na atmosfera, acabam agindo como uma espécie de ímã para os vapores de água e a subsequente formação de nuvens.
Quanta bobagem. Só rindo, digo eu.
Os verdadeiros raios cósmicos
Como espero ter deixado claro em passado recente, pertenço a um passado distante. E é por isso que eu Entubo incessantemente (EnTubar: neologismo cunhado e copiraitado por este colunista que vos ignora. Verbo que significa ficar horas procurando coisas importantes no site YouTube.).
Numa EnTubação recente, fiquei só catando filmes em série dos anos 40. Fui cutucar a memória só para ver se ela ainda, ao contrário de mim, respirava.
Lá estavam os “raios cósmicos”, às vezes, dependendo do seriado, também chamados de “raios da morte”. O Batman de 1940 e poucos enfrentou-os e saiu ileso. O Capitão Marvel, o maior e melhor super-herói de todos, tirou de letra. O Terror dos Espiões voltou o engenho diabólico contra os japoneses e ganhou a guerra.
Como espero ter deixado claro, além de provado (EnTube e confira, leitor), os filmes em série de quase 70 anos atrás provaram ser mais proféticos e autênticos do que cientistas dinamarqueses e cineastas americanos desencavando túmulos fajutérrimos.
E de como, segundo os entendidos, que os há, e em número cada vez maior, o dióxido de carbono, vulgo CO2, é o culpado pelo derretimento das calotas polares, a extinção dos ursos e a proliferação de quiosques na praia de Ipanema, no Rio.
Achei tudo muito chato, mas me conformei, já que o pior da engrossada eu não vou pegar. Ser humano é aprender a aceitar nossa própria canalhice.
O que eu gostaria mesmo é que o mundo parasse ao menos por um minuto. Pelo pouco que aprendi no colégio, sei que a travada significaria Armagedão e não pausa para o massagista entrar em campo e fazer aquela massagem milagrosa na perna do craque machucado.
Seria interessante que, em certas coisas, a humanidade parasse um pouco para parar de discutir e ficar de acordo. Que Martin Scorsese merecia o Oscar, que a seleção brasileira de 1958 foi a melhor de todos os tempos, que ninguém chegou perto de Jack Costanzo em matéria de bongôs e que, enfim, o CO2 é o grande culpado pelo aquecimento global.
Doce ilusão, como deve ter se lamentado um chorinho no bandolim de Jacob.
O perigo dos jornais
Abro o jornal, um jornal decente, até o ponto de decência até onde pode ir um jornal, qualquer jornal, o Times, no caso, e lá dou com a notícia escandalosa: “Os raios cósmicos são os verdadeiros culpados pelo aquecimento do planeta e não o CO2”.
Tiveram o pudor de nos livrar do ponto de exclamação. A notícia de duas colunas, com ilustração explicativa, baseia-se em declaração de um climatologista dinamarquês, Henrik Svensmark.
Afirma ele, em declarações feitas ainda agorinha, que diversas experiências mostravam (na verdade, o Times foi prudente e preferiu o verbo “sugerir”) que a influência do homem sobre o aquecimento global é bem menor do que pensa e publica a maior parte da comunidade científica.
Henrik Svensmark culpa o impacto dos raios cósmicos por essa chatice toda que acaba em Oscar para Al Gore. Os raios cósmicos, segundo o editor ambientalista do Times, são a mesma coisa que radiação. Ou seja, partículas de energia, oriundas nas estrelas, que bombardeiam a Terra criando íons carregados de eletricidade que, na atmosfera, acabam agindo como uma espécie de ímã para os vapores de água e a subsequente formação de nuvens.
Quanta bobagem. Só rindo, digo eu.
Os verdadeiros raios cósmicos
Como espero ter deixado claro em passado recente, pertenço a um passado distante. E é por isso que eu Entubo incessantemente (EnTubar: neologismo cunhado e copiraitado por este colunista que vos ignora. Verbo que significa ficar horas procurando coisas importantes no site YouTube.).
Numa EnTubação recente, fiquei só catando filmes em série dos anos 40. Fui cutucar a memória só para ver se ela ainda, ao contrário de mim, respirava.
Lá estavam os “raios cósmicos”, às vezes, dependendo do seriado, também chamados de “raios da morte”. O Batman de 1940 e poucos enfrentou-os e saiu ileso. O Capitão Marvel, o maior e melhor super-herói de todos, tirou de letra. O Terror dos Espiões voltou o engenho diabólico contra os japoneses e ganhou a guerra.
Como espero ter deixado claro, além de provado (EnTube e confira, leitor), os filmes em série de quase 70 anos atrás provaram ser mais proféticos e autênticos do que cientistas dinamarqueses e cineastas americanos desencavando túmulos fajutérrimos.