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Testes em massa em Wuhan podem ter erradicado coronavírus na região

Criança é submetida a teste de coronavírus em Wuhan, na China - Aly Song/Reuters
Criança é submetida a teste de coronavírus em Wuhan, na China Imagem: Aly Song/Reuters

Bloomberg News

01/06/2020 10h40

Autoridades de Wuhan disseram que não identificaram novos casos de "transmissores silenciosos" pela primeira vez em quase dois meses, depois do amplo esforço da cidade para testar toda a população.

Das 60 mil pessoas testadas no domingo, não foram encontrados casos de infecções assintomáticas, disse a comissão municipal de saúde de Wuhan na segunda-feira. Em ambicioso plano para evitar uma segunda onda de casos, Wuhan tem testado toda a população de 11 milhões e registrou cerca de 200 casos assintomáticos nas últimas duas semanas.

A presença de indivíduos com o vírus que não mostram sintomas, mas que podem infectar outras pessoas, tem sido um obstáculo nos esforços mundiais para conter a pandemia e uma das principais razões pelas quais o covid-19 se espalhou de maneira tão ampla e rápida. Nos países onde o número de testes ainda é insuficiente, não há como detectar esses transmissores e isolá-los antes que infectem outras pessoas.

Ao identificar portadores assintomáticos, a blitz de testes de Wuhan poderia permitir que a cidade, onde o vírus surgiu, erradique o patógeno entre a população. Mas o método pode estar fora do alcance para outros países e cidades chinesas ainda maiores, pois requer grande mobilização de recursos e cooperação total dos cidadãos.

Habitantes de Wuhan poderiam estar mais dispostos a se apresentar para os testes dadas as cicatrizes que a epidemia deixou na cidade, que foi isolada por quase três meses para conter a propagação do vírus. O sistema médico local quase entrou em colapso sob a pressão do surto. Das mais de 4,6 mil mortes relatadas na China por Covid-19, cerca de 80% delas ocorreram em Wuhan.

Durante o processo de testes em massa, Wuhan encontrou várias dezenas de casos assintomáticos diariamente. O número diminuiu para um dígito no período final de testes, de acordo com dados diários divulgados pela comissão local de saúde.

Apesar de ter controlado a epidemia, a China permanece em alerta máximo para infecções esporádicas que correm o risco de causar surtos secundários. Uma cidade na província de Heilongjiang, no nordeste do país, suspendeu a maioria dos serviços de trem na semana passada após o registro de cinco casos assintomáticos em um único dia.

Nas províncias vizinhas Jilin e Liaoning, um foco com mais de 40 casos levou autoridades a adotar medidas de isolamento em uma região de 100 milhões de pessoas. Como esse foco começou ainda é um mistério.