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Trump anuncia política para favorecer entrada de imigrantes com qualificação

26.abr.2019 - Presidente Donald Trump fala com repórteres na Casa Branca - Mandel Ngan/AFP
26.abr.2019 - Presidente Donald Trump fala com repórteres na Casa Branca Imagem: Mandel Ngan/AFP

17/05/2019 08h51

presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou ontem uma nova política de imigração baseada no mérito e que visa aumentar a proporção de migração qualificada para os Estados Unidos.

Mas os planos de dar tratamento preferencial a trabalhadores altamente qualificados devem colocar o governo de Trump novamente em rota de colisão com o Congresso.

Num discurso na Casa Branca, o presidente americano afirmou que as leis atuais "discriminam os gênios" e "discriminam o brilhantismo" porque a maioria dos imigrantes ilegais são pessoas pouco qualificadas.

"Nosso plano inclui uma modernização do nosso processo de imigração legal, que é totalmente disfuncional", disse Trump.

O presidente americano disse ainda que seu governo pretende aumentar a segurança na fronteira e reduzir os pedidos de requerentes de refúgio. Segundo Trump, a reforma tornaria o sistema de imigração do EUA "invejável" em todo o mundo.

"Nossa proposta se baseia na rica história de imigração da nossa nação, enquanto fortalecemos os laços de cidadania que nos unem como uma família nacional", disse o presidente.

De acordo com o plano, o número de green cards dados a imigrantes permaneceria o mesmo, cerca de 1 milhão por ano, mas eles seriam dados muito mais para estudantes excepcionais, profissionais e pessoas com alto grau vocacional. Fatores como idade, habilidade no idioma inglês e ofertas de emprego também seriam considerados.

Em contrapartida, muito menos green cards seriam distribuídos a pessoas com parentes residentes nos EUA, e a proporção dada à imigração altamente qualificada passaria de 12% para 57%.

O plano de Trump, que foi criticado por democratas e grupos de defesa da imigração, visa unir os republicanos - alguns deles querem aumentar a imigração, enquanto outros querem restringi-la - antes das eleições presidenciais e legislativas de novembro de 2020.

O líder da minoria no Senado, o democrata Chuck Schumer, criticou a Casa Branca por não ter consultado legisladores democratas e afirmou que isso mostra que a proposta não é séria.

A presidente da Câmara dos Representantes, a democrata Nancy Pelosi, criticou as propostas de Trump. "Eles estão dizendo que a família não é um mérito? Eles estão dizendo que a maioria das pessoas que vieram para os Estados Unidos na história do nosso país não tem mérito porque não tinham um diploma?"

"Certamente queremos atrair o melhor para o nosso país", disse Pelosi. Mas, segundo ela, "mérito" é uma palavra "condescendente" que significa "mérito aos olhos de Donald Trump."

O plano de Trump também não aborda o que deve ser feito com os milhões de imigrantes que já vivem no país ilegalmente, incluindo centenas de milhares dos chamados "dreamers" trazidos aos EUA quando crianças - uma prioridade para os democratas. Estes jovens estão atualmente protegidos da deportação pela política Ação Diferida para os Chegados na Infância (Daca, na sigla em inglês), que Trump tentou encerrar.

"Um plano que força as famílias a se separarem, limita o acesso a refúgio e outras formas de ajuda humanitária, e não contempla um caminho para a cidadania para os beneficiários da Daca e outros membros da comunidade indocumentados é claramente uma encenação política com a intenção de posar em vez de resolver o problema", disse Lisa Koop, diretora de serviços jurídicos da organização Centro Nacional de Justiça para Imigrantes.

O projeto de uma nova política de imigração foi desenvolvido pelo genro e conselheiro de Trump, Jared Kushner, e por Stephen Miller, um conselheiro conhecido por seu posicionamento linha-dura em questões sobre imigração.