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Parentes brigam por custódia de crianças resgatadas na selva colombiana

Avô materno denuncia que pai maltratava a mãe das quatro crianças, resgatadas na selva colombiana após sobreviverem a queda de avião e a 40 dias perdidas. - Reprodução/TV Globo
Avô materno denuncia que pai maltratava a mãe das quatro crianças, resgatadas na selva colombiana após sobreviverem a queda de avião e a 40 dias perdidas. Imagem: Reprodução/TV Globo

13/06/2023 08h04

Parentes das quatro crianças que sobreviveram a uma queda de avião e a 40 dias perdidas na selva colombiana iniciaram uma batalha pela custódia delas logo após o resgate, ocorrido na sexta-feira passada (09/06).

Os quatro irmãos resgatados — as meninas Lesly (13 anos), Soleiny (9 anos) e Cristin (1) e o garoto Tien Noriel (5), da etnia indígena uitoto — continuam recebendo tratamento no hospital militar de Bogotá e estão se recuperando bem, anunciaram autoridades colombianas nesta terça-feira.

A diretora-adjunta do Instituto Colombiano de Proteção à Família (ICBF), Adriana Velasquez, relatou que as crianças gostam de conversar e estão bem-dispostas. Elas também fizeram desenhos e coloriram.

As crianças deverão permanecer ainda vários dias no hospital, e nesse meio tempo o ICBF está falando com familiares para determinar quem ficará com a guarda delas após a morte da mãe, Magdalena Mucutuy, no acidente aéreo ocorrido em 1º de maio e no qual morreram também um líder indígena e o piloto do avião.

A aeronave, um Cessna 206, desapareceu dos radares em 1º de maio, nas imediações de San José del Guaviare, no sul da Colômbia, para onde se dirigia.

Denúncias contra o pai

A presidente do ICBF, Astrid Cáceres, declarou à emissora de rádio Blu que um profissional do instituto está encarregado de cuidar das crianças enquanto se decide a custódia delas.

"Vamos conversar, investigar, aprender um pouco mais sobre a situação", declarou Cáceres, que não descarta que a mãe e as crianças tenham sido vítimas de violência doméstica.

No domingo, o avô materno das crianças, Narciso Mucutuy, acusou o pai das crianças, Manuel Ranoque, de bater na mãe delas, Magdalena Mucutuy.

Ranoque reconheceu que havia problemas em casa, mas considerou que se trata de um assunto privado. "Verbalmente às vezes sim. Fisicamente muito pouco, porque tínhamos mais brigas de palavras."

Ranoque afirmou que não lhe está sendo permitido ver as duas crianças mais velhas, das quais não é o pai biológico, no hospital. Cáceres disse que se trata de uma decisão administrativa no âmbito do processo de restituição de direitos das crianças.

Detalhes

As quatro crianças permaneceram por quatro dias perto do avião acidentado, esperando por ajuda, e só depois decidiram sair caminhando para ver se conseguiam deixar a selva, relatou o avô Narciso, segundo declarações divulgadas pelo Ministério da Defesa da Colômbia. Narciso disse que isso lhe foi contado por Lesly, a mais velha das crianças.

Já o pai afirmou que a filha mais velha lhe contou que a mãe permaneceu viva por quatro dias após a queda do avião e que, antes de morrer, teria dito às crianças para partirem em busca de ajuda.

A televisão colombiana difundiu no domingo passado imagens do momento em que as quatro crianças indígenas se depararam com os socorristas, também indígenas.

As imagens, captadas por um telefone celular, mostram as quatro crianças visivelmente desnutridas, nos braços dos homens indígenas.

Um dos indígenas, Nicolas Ordoñez Gomes, contou em estúdio que a primeira coisa que uma das crianças lhe disse foi que tinha fome. Uma outra, depois de receber um pouco de comida, disse que a mãe tinha morrido e pediu pão com linguiça.