O presidente do Afeganistão, Hamid Karzai, pediu calma à população e reivindicou o fim da onda de distúrbios que deixaram nesta semana 29 mortos no país por causa da queima de exemplares do Alcorão por parte de soldados americanos em uma base militar da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).

Em entrevista coletiva realizada no palácio presidencial de Cabul, Hamid Karzai declarou que, "embora a emoção e os sentimentos (dos manifestantes) sejam muito legítimos", todos devem "manter a calma".

"Não deixem que os inimigos da paz, da estabilidade, do desenvolvimento e do povo do Afeganistão se aproveitem desta situação", enfatizou o presidente afegão.

Desde terça-feira passada, segundo ele, os distúrbios deixaram pelo menos 29 mortos e 200 feridos em todo o país, devido à queima de exemplares do Alcorão no interior da maior base que as tropas dos Estados Unidos têm no Afeganistão, Bagram.

Karzai revelou neste domingo (26) que seus representantes na comissão de investigação aberta pela missão da Otan e pelo governo afegão pediram uma punição aos responsáveis da profanação.

O discurso de Karzai ocorre um dia após um suposto oficial afegão matar dois militares americanos dentro do prédio do Ministério do Interior do Afeganistão, ataque cuja autoria foi assumida pelo movimento rebelde talibã como "vingança" pela queima do Alcorão.

"Não está claro ainda quem era (o agressor), de onde era, se tinha nacionalidade afegã ou estrangeira. Não podemos dizer nada por enquanto, mas lamentamos muito e enviamos nossas mais sinceras condolências a suas famílias", explicou Karzai.

A missão da Otan, que já tinha perdido outros dois soldados nesta crise, ordenou após o ataque do sábado a retirada de seu pessoal presente nos ministérios de Cabul, e o presidente afegão afirmou considerou neste domingo essa medida como "legítima".