Timor-Leste vai às urnas para escolher presidente


Sydney (Austrália), 17 mar (EFE).- O Timor-Leste foi neste sábado às urnas para escolher o presidente do país, nação que ainda convive com os rescaldos da rivalidade política que há seis anos levou à região a beira de uma guerra civil.

Embora 12 candidatos participem da corrida eleitoral, somente José Ramos Horta, que tenta a reeleição por mais cinco anos, e seus principais rivais políticos, o ex-chefe das Forças Armadas José Maria Vasconcelos, conhecido como "Taur Matan Ruak", e o político de esquerda Francisco Guterres "Lu Olo", têm possibilidades de vencer o pleito.

Há dúvida, no entanto, se algum candidato conseguirá os mais de 50% dos votos necessários para evitar o segundo turno, por isso que os dois mais votados deverão se enfrentar novamente no pleito previsto para acontecer entre abril e maio.

Até agora não foram registrados incidentes significativos. Dentre a população de 1,1 milhão, metade é de eleitores. Ao todo, 2 mil observadores locais e 170 internacionais estão no país.

A rede de TV "SBS" mostrou imagens de timorenses usando guarda-chuvas nas filas dos centros eleitorais, mesmo recurso que tiveram de recorrer Ramos Horta e o primeiro-ministro, Xanana Gusmão, quem recentemente anunciou apoio à candidatura de Vasconcelos.

"O sábado eleitoral está indo muito bem", somente ocorreram "alguns incidentes" de danos materiais em menos de dez dos 630 colégios por causa da forte chuva e do atraso na abertura dos locais de votação, disse à Agência Efe o chefe de apoio técnico eleitoral da ONU no Timor-Leste, Andrés Castillo.

Timor-Leste completará em 20 de maio sua 1ª década como nação soberana, conquista alcançada após quase um quarto de século de ocupação indonésia e da grave crise que atravessou em 2006, com uma onda de violência que causou 36 mortes.

Castillo garantiu que "a campanha aberta e inédita de debate público de todos os candidatos" demonstra que pouco a pouco o Timor-Leste alcança "uma maturidade política", a que espera perdure.

As eleições foram consideradas pela organização de análise política International Crisis Group cruciais para a estabilidade do Timor-Leste, porque no fim de 2012, a ONU vai retirar a missão internacional que presta apoio ao Governo.

Conforme esta organização, a situação no Timor-Leste obteve avanços consideráveis, embora ainda exista a rivalidade política e "até o ódio" entre as diferentes facções.

Em contrapartida, aumentou o desemprego entre os jovens, principalmente em Dili, a capital, e continua a violência de bandos juvenis.

Em declarações à TV australiana "SBS", Ramos Horta revelou que o Timor-Leste passou do "caos" em 2006 a um país estável e em paz atualmente.

Os três principais candidatos são bem conhecidos do eleitorado porque, a partir do exílio e da selva, lutaram contra a ocupação indonésia do Timor-Leste após a retirada de Portugal, em 1975.

Guterres comentou ao mesmo canal que tem a "convicção" de que "não haverá segundo turno", ele acredita em sua vitória neste sábado.

Portugal colonizou a ilha do Timor no século 16 e controlou a parte oriental até sua retirada em 1975, momento no qual a Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin) proclamou de forma unilateral a independência, em 28 de novembro desse mesmo ano.

Nove dias depois, entretanto, a Indonésia, com Suharto na Presidência, invadiu o território e o manteve sob seus domínios até 1999, quando foi realizado um referendo organizado pelas Nações Unidas vencido pelos independentistas.

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